Pronunciamento

Maurício Eskudlark - 061ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 01/08/2013
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Sr. presidente, primeiramente, quero renovar as boas-vindas a todos os srs. deputados neste novo semestre de trabalho da Assembleia Legislativa.
Temos um novo colega na Casa. É uma satisfação recebê-lo. V.Exa. sabe da admiração que temos pelo seu trabalho e pela sua luta.
Mas queremos registrar vários assuntos nesta Casa, sr. presidente: amanhã, haverá uma reunião nesta capital com todos os prefeitos do estado de Santa Catarina, juntamente com o governador Raimundo Colombo e representantes do governo federal, para tratar de ações a serem implementadas.
Assistindo, pela manhã, aos jornais, pude ver a preocupação do governador Raimundo Colombo com a burocracia que emperra o estado com um todo, principalmente da necessidade urgente de obras. E hoje os noticiários mostraram a preocupação com a questão da saúde em vários estados. Em Natal, foi decretado estado de calamidade pública na saúde, para que possam realizar algumas obras, algumas contratações para a solução desses problemas.
Todos aqui hoje já se manifestaram sobre a questão dos médicos. Então, em nome do nosso partido, o PSC, queremos nos solidarizar com os médicos pelo trabalho que fazem em prol da saúde deste país. Acompanhei o comentário do jornalista Moacir Pereira e quero falar dos atropelos que o governo federal tem feito tentando encontrar uma solução.
Sabemos que o objetivo é encontrar uma solução, mas não pode ser de forma atropelada, trocando ideias rapidamente, colocando em cinco minutos na mídia, editando portarias, resoluções e depois tendo que voltar atrás.
Todos nós queremos que os municípios tenham uma saúde que atenda o cidadão. Mas não adianta querer forçar jovens médicos, cheios de vontade, de motivação, que concluíram o curso de medicina, que querem fazer especialização para ser um profissional qualificado, a ir para um município pequeno, no interior. Isso pode fazer com que eles fiquem desestimulados no primeiro ano, porque irão para um município onde não existe aparelho de raios X, tomógrafo, onde tenham que atender as pessoas e depois encaminharem para outro centro médico. Quer dizer, o governo quer condenar aquele jovem, que é um grande potencial, o médico recém-formado, que quer fazer uma especialização, um curso e buscar melhor qualificação possível, a ser um mero examinador de pacientes que os encaminha para outros centros médicos. Não é assim que iremos resolver o problema da saúde. Iremos resolver com ações práticas.
Temos bons médicos, as nossas universidades têm formado grandes profissionais e não há reclamações a respeito. Existem erros, bem como nas outras profissões, mas há qualificação por parte dos médicos. Temos exemplos como Balneário Camboriú, que é referência médica no tratamento de olhos, do coração, bem como Joinville, Florianópolis. Enfim, existem tantas referências boas da medicina no país, a exemplo do nosso estado, e isso pode desestimular os nossos profissionais da medicina.
O Sr. Deputado Jean Kuhlmann - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARH - Pois não!
O Sr. Deputado Jean Kuhlmann - Deputado, quero parabenizá-lo por suas colocações, porque parece que o governo federal quer tratar o povo como cobaia ao dizer que quer mandar os médicos para o interior para suprir a falta de médicos, porque tem que ter gente sentada naquela cadeira atendendo o povo. Não é dessa forma que o povo quer ser atendido. O povo quer ser atendido com dignidade, com respeito, com seriedade.
Eu acredito e acho importante, sim, que aquela pessoa que concluiu o seu curso trabalhe dois anos no SUS, entenda o sistema, trabalhe para poder melhorá-lo, porque durante a carreira terá que ajudar a defender o Sistema Único de Saúde e atender o povo. Mas ele tem que ir para um local estruturado, adequado, um local que realmente dê condição a ele de gostar da sua profissão, como v.exa. disse, do seu trabalho, animar-se com sua profissão e, ao mesmo tempo, atender o povo mais humilde, que mais precisa desse atendimento. Mas o que mais me espanta é a forma como o governo federal está querendo fazer isso. Em primeiro lugar, ele coloca a ideia de se fazer um plebiscito. Se colar, colou. Se não colar, não colou. Depois, coloca outra ideia.
Parece que o governo federal quer colocar as ideias e depois discutir os assuntos. O grande erro desse processo é que existem lados positivos e lados negativos. Mas acredito que o grande erro está na falta de diálogo por parte do governo federal. Ele tinha que ter construído antes com a sociedade, com a classe médica uma solução para os problemas, em alguns momentos problemas estruturantes, de qualificação profissional; mas mais do que isso, deputado, ele teria que criar vergonha na cara e colocar mais dinheiro na saúde e menos dinheiro em mordomias.
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Obrigado, deputado!
Nós temos exemplos. Como v.exa. disse, não adianta querer distrair a atenção da população. O ex-presidente Lula era mais astuto, vamos dizer assim, porque quando era cobrada alguma questão da saúde ou da economia ele ia para a imprensa e chamava a atenção para outros temas como o do Ronaldinho está gordo. O que tinha a ver o Ronaldinho com a questão da saúde, ou seja, com os problemas do país? Mas o Brasil inteiro começava a discutir se o Ronaldinho estava gordo ou não. Desta forma, tirava o foco daquele assunto que a sociedade queria discutir. E agora o que tem ocorrido, infelizmente, são esses atropelos.
No momento se parou um pouco de falar sobre a rodovia. Por quê? Porque se falará sobre essa questão quando o projeto estiver em andamento, quando estiver pronto, quando estiver licitado, quando a população começar a cobrar que a 470 não é duplicada, que ainda não se conseguiu concluir totalmente a BR-101. Aí vão dizer que serão feitas ferrovias. Isso é quase como que tirar a atenção da população. Ela não é tão experiente como o Lula, que inventava alguma coisa como o Corinthians ser campeão, o Ronaldinho está gordo, etc., e a atenção da população passava para outro assunto.
Srs. deputados, estive visitando há poucos dias o Hospital Celso Ramos e por isso posso dizer que é uma referência o que o governo do estado está fazendo. Nós tínhamos uma média de 70, 80 pessoas por dia pelos corredores esperando o atendimento de emergência, mas não recebiam esse atendimento imediato porque faltava sala de cirurgia.
Diante desse quadro, o governo do estado mandou acompanhar a situação para saber por que isso estava acontecendo. Chegaram ao cúmulo do absurdo de encaminhar as pessoas para as suas residências somente com o primeiro atendimento, para depois aguardarem para serem chamadas para fazer a cirurgia. Foram construídas mais seis salas de cirurgias. Hoje, a média de espera, que era de 80 pessoas, já baixou para menos de 20. Ninguém mais é encaminhado para a sua residência para esperar o chamamento para fazer a cirurgia.
Assim sendo, temos que focar e ver o motivo pelo qual a saúde não é tão eficiente e o governo investir naquela área.
Ontem, conversando com o secretário da Fazenda, Antônio Marcos Gavazzoni, ele me falou sobre o projeto de recontratar, como na Polícia Militar, na Polícia Civil, no Sisp, os enfermeiros que já estão aposentados para fazer o atendimento de recepção e de acompanhamento do paciente, para que tenham conhecimento do que está sendo feito, quando vai ser sua cirurgia, a fim de que o hospital possa dar um melhor atendimento.
Nós também sabemos que quando algum paciente ou um doente em estado grave vai ao hospital ele está fragilizado e é necessário aquele primeiro atendimento, aquela primeira atenção que muitas vezes funciona mais do que o remédio, do que o tratamento que venha a ser dado. Então, os hospitais precisam dar um atendimento digno a essas pessoas. Sabemos do esforço dos médicos, dos enfermeiros, dos profissionais da saúde, mas é preciso apenas que haja condições mínimas necessárias para esse atendimento.
Então, a questão da saúde é muito mais do que ações atropeladas, impensadas e que depois acabam não ocorrendo.
Fala-se em fazer um plebiscito para ver o que a população quer. Vamos resolver esse problema trazendo médicos estrangeiros para o Brasil ou vamos resolver dando efetivas condições para os nossos médicos, para o sistema de saúde, para os nossos profissionais?
O problema não é apenas a falta de médicos, é dar condições efetivas para que a classe médica possa exercer sua função. Se no interior do estado houver um hospital com todos os equipamentos, com toda a tecnologia, profissionais qualificados irão para aquele município. Agora, se um médico tiver que ir à marra para o interior do estado para trabalhar em uma mesa com uma cadeira sem nenhum equipamento para trabalhar, sem Raios X, sem tomografia, sem um exame mais qualificado, ele não irá conseguir permanecer naquele município ou naquele local. Médico motivado, recém-formado, querendo se especializar e ir para o interior para olhar as pessoas, identificar mais ou menos o problema e depois encaminhar para outros centros não resolve o problema. Resolve, sim, dando condições de trabalho aos nossos profissionais da saúde.
Parabéns pela vitória da classe médica com relação às mudanças que o governo fez voltando atrás no seu primeiro posicionamento.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)