Pronunciamento

Maurício Eskudlark - 047ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 18/06/2013
O SR. DEPUTADO MAURÍCIO ESKUDLARK - Sr. presidente, srs. deputados, todos que nos acompanham pela TVAL; quero também saudar os bombeiros voluntários já citados pelo deputado Ismael dos Santos e parabenizá-los pelo brilhante trabalho que fazem no estado de Santa Catarina.
Preparei para hoje vários assuntos que gostaria de abordar, mas não podemos silenciar ante essa mobilização que está ocorrendo em nível nacional. Não é uma mobilização ao acaso, é a manifestação do sentimento da população brasileira em razão de vários fatos, desde a impunidade à corrupção, a falta de sintonia entre os poderes Executivos e, principalmente, o valor que o Brasil gastará com a Copa do Mundo. A previsão é chegar acima dos R$ 30 bilhões.
Deputado Antônio Aguiar, v.exa. conhece a situação da saúde em nível nacional, o que o SUS paga aos hospitais e médicos e aí presenciamos essa revolta. Um amigo me dizia que a filha dele queria ir à manifestação. Ele indagou o porquê e ela respondeu que está tudo errado.
Então, o sentimento que vemos nos jovens, na classe média, em todas as pessoas, é que está tudo errado.
Queremos saúde, queremos infraestrutura, queremos segurança. E quando vemos investimentos em obras que não condizem com aquilo que a população está esperando, realmente há um desconforto. A população viu o caso do Mensalão. Todos foram condenados. Quem é que está na cadeia, quem é que está pagando, quem é que está respondendo por alguma coisa? Os condenados no Mensalão vão ainda ocupar postos na comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal e no Congresso. Então, isso é uma afronta ao cidadão.
Aí aparece o presidente do Supremo Tribunal Federal falando algumas verdades. Já tínhamos pesquisas que ele era forte candidato, deputado Ismael dos Santos, à Presidência da República. Por quê? Porque a população está querendo se agarrar em alguém que realmente sinta o que estão pensando, os anseios que esta população tem, e o que a população quer.
Felizmente, em Santa Catarina estamos vendo a responsabilidade do governador Raimundo Colombo. A busca de recursos, os investimentos na segurança, os investimentos dando condições aos municípios de executarem obras, porque as obras estão perto dos cidadãos. O município é onde a pessoa reside, onde a pessoa mora, onde a pessoa tem as suas dificuldades. Então, o governador está agindo correto.
Mas de repente vemos esses altos gastos. E essa Copa do Mundo não é coisa só da Dilma Rousseff, ela já pegou pronto, porque o Lula é quem queria a Copa do Mundo. Até causa-me estranheza alguém tão afinado com as classes sociais mais desfavorecidas querer mostrar para o mundo que o Brasil é capaz de fazer uma Copa do Mundo, uma Olímpiada. Claro que é capaz. Mas será que não é capaz de fazer hospitais, não é capaz de reformar e dar escolas com dignidade a todos os brasileiros, de levar água onde precisa, de levar infraestrutura a todos os brasileiros?
Nós temos que provar para o vizinho que estamos bem. Na verdade, dentro de casa a situação é ruim. Até assisti uma manifestação do Luiz Carlos Prates falando sobre isso. Falando de a pessoa deixar os filhos passando necessidades para comprar um vestido novo para ir a uma festa, para os outros ficarem pensando que ela está bem, que está feliz.
Então, o Brasil não precisa mostrar para o mundo que tem condições de fazer uma Copa, ele tem que mostrar aos seus cidadãos, e nós sabemos que tem condições de fazer. Eu estava vendo os gastos de 2008, ano seguinte ao anúncio de que o Brasil sediaria a Copa de 2014. O então ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, declarou que não seria gasto nenhum centavo de dinheiro público com estádios no mundial. Reconstruíram o estádio Mané Garrincha, em Brasília, com capacidade para 70 mil pessoas, que vai custar R$ 1,5 bilhão e que não tem nenhum time na primeira divisão e na segunda divisão do Campeonato Brasileiro, e a média de público no Campeonato de Brasília é de três a quatro mil torcedores. Tem cabimento alguém em sã consciência fazer isso, gastar isso para sediar, talvez, três jogos da Copa do Mundo?
Então, é um absurdo, é uma falta de sintonia! Será que não poderíamos nos orgulhar de construir um, dois ou três hospitais de R$ 500 milhões? Mas estamos mostrando ao mundo que construímos um estádio de R$ 1,5 bilhão, que não vai ser utilizado. E o ministro do Esporte da época dizia que não seria gasto um centavo do dinheiro público.
O levantamento dos custos previstos para todos os estádios já ultrapassou 50%. Onde menos se gastou foi nos estádios particulares, feitos com a participação dos clubes. Não sei por que parece que onde a iniciativa privada gerencia fica mais barato e onde é dinheiro público não tem patrão, e os valores só sobem!
Então, não podemos silenciar diante do que a população está dizendo! Não é contra esse ou aquele, é um descontentamento generalizado pela impunidade, pela corrupção. É, por exemplo, um pai que teve seu filho assaltado, assassinado, morto por um menor que não cumpre pena. Ele também está revoltado e foi lá ontem participar da passeata! Então, o descontentamento é geral.
Todos esses valores que estamos vendo na planilha eram de fevereiro de 2013, e podemos ver como os custos aumentaram. Onde estamos vendo 33 ou 66% a mais, no relatório que pegamos hoje os valores já são diferentes, está tudo mais caro! Por exemplo, cito o estádio da Fonte Nova, na Bahia, em Salvador, que de R$ 591 milhões já está em R$ 1,485 bilhão.
O Brasil está cometendo um crime contra a sua população, não ouvindo seu clamor e fazendo obras que na verdade o povo não quer. O povo quer respeito, dignidade, justiça, saúde, educação, segurança e não um estádio de R$ 1,5 bilhão, em Brasília, que não vai ter utilidade para nenhum cidadão, para quem está com seu filho na porta de um hospital esperando, às vezes, um ano para fazer uma cirurgia.
Então, sr. presidente, estamos na contramão da história! Ou os políticos ouvem o que o cidadão está querendo, pensando ou o cidadão tem que mudar a política! Houve alguns excessos durante as manifestações, e sempre surge algum problema no meio de quem está se manifestando, mas, na verdade, essas manifestações representam o sentimento do povo brasileiro.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)