Pronunciamento

Marcos Vieira - 060ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 17/07/2008
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sra. presidente, deputada Ana Paula Lima, ao iniciar a minha fala desta tribuna, quero cumprimentar v.exa. pela ascensão ao cargo de presidente desta Casa, por um período de dez dias. V.Exa. tem cumprido com todas as obrigações inerentes ao parlamentar, mas, sobretudo, quando do exercício da Presidência desta Casa. Os meus cumprimentos.
Srs. deputados, ouvintes da Rádio Alesc Digital e telespectadores da TVAL, o assunto que me traz à tribuna não poderia ser outro a não ser aquele, deputado José Natal, que venho ao longo dos últimos meses trazendo ao conhecimento da população catarinense que é, infelizmente, o aumento do custo de vida, a volta da inflação, menos dinheiro no bolso do trabalhador e menos alimento no carrinho do supermercado. Todos nós estamos sentindo isso, pois quando vamos ao supermercado, a cada dia que passa, saímos com o carrinho mais vazio. E não há quem não tenha visto que voltou aquela velha máquina de remarcar preços, que tanto causou pavor no povo brasileiro, isso há mais ou menos 15 anos.
Ontem deputado José Natal, eu assisti uma reportagem em uma das redes de televisão nacional, deputado Ismael dos santos, que mostrou funcionários de supermercados limpando, tirando o pó das maquininhas de remarcar os preços nas prateleiras. Elas estavam guardadas, e até pensei que tinham jogado fora! E essa rede de televisão entrevistou um repositor de prateleiras e ele disse que no supermercado, pelo menos três vezes por semana os preços já estão sendo remarcados. E também mostrou o funcionário remarcando preços.
Isso é impressionante! E ninguém está fazendo nada para conter a inflação. Mas aos poucos, depois de um longo tempo de sono, o monstro da inflação dá sinais de que não está morto.
(Passa a ler.)
"É uma das reclamações mais comuns por parte dos consumidores brasileiros: a inflação, medida por diferentes índices raramente coincide com o aumento dos seus gastos. A disparada no preço da cesta básica ameaça principalmente as camadas da população de renda mais baixa, incluídas nos últimos anos no mercado de consumo - isso quando a inflação estava controlada e a máquina de reajustar preços aposentada."
O jornal O Estado de S.Paulo, diz o seguinte:
"Baixa renda já encolhe gastos
Pesquisa diz que 880 mil lares reduziram compras
Carne Bovina, óleos vegetais, feijão e leite, entre outros produtos básicos estão fora da lista de compras dos brasileiros de menor poder aquisitivo. Com o aumento médio de 9% nos preços dos itens básicos no primeiro quadrimestre deste ano em relação a igual período no ano passado, 880 mil lares deixaram de levar para casa produtos que compõem as cestas básicas de alimentação, higiene e limpeza entre janeiro e abril, revela estudo da LatinPanel.'"
É impressionante a quantidade de lares que já compram menos.
(Continua lendo.)
"A classe média brasileira está perdendo poder de compra, o que, aliás, também não é novidade porque não chegou a experimentar, nos últimos anos, alguma recuperação de seus salários ou rendas.
Enquanto o mundo todo está em alerta, aqui no Brasil, os ministros, aqueles que obrigatoriamente têm cuidado da inflação dizem que está tudo sob controle. Estão mentindo. Não é o que todos vemos quando vamos ao supermercado. Sabemos que a inflação, o aumento dos custos dos alimentos que nos atinge é uma crise sem precedentes, pois está vindo devagar e é de caráter estrutural, resultado de muitas mudanças que vieram para ficar, dentre as quais a globalização."
Sra. presidente e srs. deputados, também no jornal O Estado de S.Paulo, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, faz o seguinte alerta: "Brasil não está imune ao choque da inflação". O governo tem que ficar em alerta, pois quem está dizendo isso é uma das maiores autoridades no assunto do mundo inteiro.
(Continua lendo.)
"O que precisamos é que alguém do governo federal, de posição firme e coerente tome decisões fortes e verdadeiras, que possam conter esse monstro que está de volta e ataca o bolso dos mais pobres. Há seis meses o ministro Mantega dizia: 'Não se preocupem, está tudo sob controle, não está acontecendo nada'".
Há pouco mais de 20, 30 dias, o mesmo ministro Mantega foi para as estações de televisão, em reportagem veiculada nos principais jornais do país e disse: "Não precisam fazer estoque, não está aumentando nada".
E agora nós vemos a maquininha, a maquininha!
(Continua lendo.)
"A escalada de alta dos preços dos alimentos e do petróleo faz o mundo ficar em alerta com relação à inflação. Nessas situações e tempos de incerteza, algumas pessoas podem viver níveis incômodos de ansiedade. No Brasil, a inflação em alta fez a remarcação de preços se tornar uma rotina para os comerciantes e ressuscitou até um equipamento que já foi um pesadelo para os consumidores".
É aquele a que me referi no início do meu discurso: a velha maquininha, que está remarcando os preços nas prateleiras. A velha maquininha! A velha maquininha!
Deputado Professor Grando, é impressionante, pois mais da metade das reportagens dos noticiários das rádios e da televisão, dizem respeito ao aumento do custo de vida, da inflação, que a carne, o arroz e o leite estão mais caros; que há menos dinheiro no bolso do trabalhador, menos compras nos carrinhos e que os supermercados estão remarcando preços. Está virando uma rotina neste país!
Temos que tomar uma providência, deputado José Natal, porque o brasileiro daqui a pouco vai começar a fazer greve por melhores salários e os sindicatos se mobilizando, ou seja, a inflação corrói a barriga do trabalhador que passa a comer menos e corrói o bolso porque temos menos salários.
O trabalhador que no passado podia comprar o leite de pacotinho, de caixinha, o Longa Vida, hoje já está comprando o leite de saquinho plástico.
(Continua lendo.)
"Substituição na prateleira. Sai o preço antigo e entra o reajuste. A turma do cartaz acompanha o ritmo da mudança. A inflação também tirou das gavetas um flagelo do consumidor. Quem conviveu com a hiperinflação sente arrepios só de ouvir o barulho pelos corredores. A trilha sonora da carestia traumatizou toda uma geração".
Presidente Lula, ministro Mantega, força, trabalhem, façam alguma coisa para conter a inflação. Não deixem a maquininha voltar...
(Discurso interrompido por término do horário regimental.)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)