Pronunciamento

Kennedy Nunes - 040ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 12/05/2010
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, srs. deputados, público que nos acompanha pela TVAL e pela Rádio Alesc Digital, venho, nessa manhã, falar de algo que me tem chamado a atenção: as drogas.
Amanhã, às 11h, terei uma audiência com o governador Leonel Pavan, ocasião em que levarei uma moção, aprovada nesta Casa, de minha autoria, e também todo um processo de uma pesquisa que realizamos. Vamos apresentar ao governador Leonel Pavan a ideia de serem construídas em Santa Catarina clínicas públicas de reabilitação para viciados.
Nós não podemos somente tratar da prevenção, como faz o Proerd - e realiza um trabalho fantástico -; também não podemos somente fazer a apreensão, e as Polícias Federal e Civil fazem, deputado Ronaldo Benedet, com muita sabedoria, essa questão da apreensão e do combate ao tráfico de drogas.
É muito mais barato, deputado Ronaldo Benedet, para o governo um leito numa clínica de reabilitação do que uma vaga na cadeia. É muito mais barato para o governo um leito numa clínica de reabilitação e recuperação do que uma vaga no hospital, porque o crack está destruindo a sociedade. Eu, sinceramente, não sei aonde vamos parar. A cada dia ouvimos depoimentos que nos deixam espantados! São mães novas que estão largando os filhos por conta das drogas.
Eu assisti a uma série de reportagens, feitas pela RIC Record com relação a essa questão do crack. E o que mais me deixou, deputado Ozair Polaco, apavorado foi ver crianças recém-nascidas tendo ataques de choro por abstinência do crack. Aonde vamos chegar, deputado Ronaldo Benedet? Uma criança recém-nascida ainda na maternidade com crise de abstinência do crack porque a mãe, durante a gravidez, usou o crack. E agora a criança recém-nascida está extremamente dependente da droga! Aonde vamos chegar com isso?!
Eu faço uma análise dessa minha luta por dois caminhos. E por isso eu fiz em Criciúma, lá na terra do deputado Ronaldo Benedet, uma sessão especial para comemorar os 25 anos do centro Desafio Jovem, de Criciúma, comandado pelo ex-deputado e hoje nosso amigo Vânio de Oliveira, porque com essa sessão especial eu queria chamar a atenção do governo para duas coisas. Primeiro, para que esta Casa pudesse dar a honraria que merece essa gente, esses casais... Lá foram o Elizeu e a esposa, o Custódio, que é o meu chefe-de-gabinete, e a esposa, e o Vânio de Oliveira e a esposa Zulma. Estes três casais começaram a construir o centro há 25 anos, e hoje há mais de 1.500 jovens já restabelecidos na sociedade.
Mas eu não quis, com essa sessão, fazer com que eles pudessem ser homenageados pelas bodas de prata, e sim chamar a atenção da sociedade e do governo para duas coisas. Primeiro, que é preciso que o governo invista dinheiro nesses centros de recuperação. Nós temos, em Santa Catarina, em média, três mil leitos em centros de recuperação. E o governo faz o quê? Quase nada, para não dizer nada! São pouquíssimos os recursos que são destinados para esse tipo de entidade que trabalha na recuperação de jovens, homens e mulheres viciados em droga. Não há no estado uma política pública de atendimento, de combate e de recuperação! Porque política pública é isto: trabalha-se na prevenção, na recuperação e no combate. E na recuperação nós temos ainda que, enquanto o cidadão estiver recuperando-se e desintoxicando-se, criar oportunidades para que ele, ao sair do centro de recuperação, consiga uma oportunidade de emprego para não voltar novamente para esse caminho, ou descaminho, das drogas.
Hoje, o viciado em crack está, deputado Antônio Ceron, sendo comparado a um suíno. Então, pega-se o porquinho, que é tão bonitinho quando pequenino, dá-se um banho e coloca-se um lacinho. Mas basta deixarmos ele solto, que ele não ficará em um lugar limpo. Ele vai para o chiqueiro, para a lama novamente. Já ouviram esta expressão: um porquinho limpinho, perfumado, com lacinho, se soltar volta para o chiqueiro, para a lama! E assim é, hoje, o viciado em crack.
Se alguém, depois de pegá-lo e limpá-lo, deixá-lo novamente solto nas ruas, ele vai voltar novamente para a lama do crack, da droga.
Por isso tem que haver o caminho da desintoxação e o governo precisa criar mecanismos e até incentivos fiscais para empresas colocarem a trabalhar essas vítimas do mundo das drogas.
Então, a audiência será amanhã pela manhã. Já tive uma conversa com o governador sobre isso, e ele se interessou, inclusive, em fazer duas clínicas pilotos: uma na região do vale do Itajaí e outra na região extremo oeste, que lá também a questão da droga está sendo muito complicada.
Eu entendo que é a oportunidade de o governador Leonel Pavan deixar uma marca registrada em Santa Catarina, criando políticas públicas de atendimento aos jovens que são, hoje, dependentes, químicos.
Construa essas clínicas públicas, passe para as entidades tocarem, mas também pegue dinheiro, governador, e repasse para esses centros de recuperação que vivem com o pires na mão pedindo um quilo de alimento para dar a esses jovens que estão lá recuperando-se.
Portanto, esse é um assunto que vou trazer aqui sempre que puder para que nós possamos discutir. Inclusive, estou pensando até em criar uma frente de combate e também de tratamento do crack, porque Santa Catarina está ficando cada vez pior. E isso não é um problema só de Santa Catarina, mas também de todo o Brasil.
Muito obrigado, sr. presidente, pela oportunidade!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)