Pronunciamento

Kennedy Nunes - 058ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 29/06/2011
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, srs. deputados, público que nos acompanha pela TVAL e pela Rádio Alesc Digital, catarinenses que nos acompanham neste plenário, hoje a minha esposa pediu dinheiro para fazer compras no mercado e eu lhe disse para falar com o BNDES.
É lógico que estou fazendo um plágio de uma frase que foi "twitada" por Marcelo Tas. Digo isso porque dois grandes grupos de supermercados, o Pão de Açúcar e o Carrefour, vão-se juntar e formar um apenas. O BNDES, que é um banco público, em vez de fomentar o negócio, quer entrar como sócio. O BNDES que ser sócio de um supermercado com a desculpa de que vai ficar mais fácil introduzir os produtos brasileiros no mercado internacional.
Mas que barbaridade! Se o mercadinho de bairro, que já tem que competir com os grupos, for ao BNDES, vão dar-lhe uma lista de documentos e apresentar dificuldades tamanhas que não vai conseguir nada. Quer dizer, criam dificuldade para o processo não dar certo. E agora vejo o BNDES, banco público, querendo entrar com mais de 30% na compra de ações de um supermercado para se tornar sócio.
É obvio que o que vou falar tem um pouco de exagero mental, mas quando ouvi que um banco público, do governo federal, quer entrar como sócio de supermercado, logo me lembrei de Hugo Chavez, que quer instalar mercados na Venezuela, para que seus coligados e companheiros de partido tenham comida garantida. Lembrei-me disso, mas é uma bobeira querer estabelecer alguma relação com Hugo Chavez, que dá comida em troca de filiação partidária. Imaginem o BNDES querer participar de supermercado, sendo ligado ao partido do Bolsa Família! Não tem nada a ver, acabamos imaginando coisas.
Mas quero mostrar a minha indignação e da maioria dos brasileiros com relação a esse absurdo. O BNDES não é para isso, não é para ser sócio do maior grupo supermercadista do país que vai mandar no mercado, que vai estabelecer um monopólio.
Tomara que os órgãos de defesa, que analisam os procedimentos desses conglomerados comerciais, manifestem-se a tempo de o BNDES não fazer isso com dinheiro público. O cidadão brasileiro não merece isso, ou seja, um banco público ser sócio de um grupo supermercadista.
Srs. deputados, falo coisas aqui que, queiram ou não, acabam repercutindo, mas é que às vezes estão entaladas na garganta e se eu não falar, posso acabar enfartando. Há horas que não dá para aguentar.
Estou observando muito de fora, deputado Volnei Morastoni, o movimento de greve dos professores do estado. Já disse desta tribuna, e volto a dizer, que sou favorável ao piso, sou favorável ao não achatamento da tabela e à regência de classe. E o governador Raimundo Colombo também é favorável a essas questões.
Eu não sei se enterraram uma cabeça de burro em algum lugar, mas parece que quando se vai desenvolver uma coisa, tudo acaba trancando depois. Se não é de um lado, é de outro. Quantas noites, deputado Narciso Parisotto, já dormi dizendo: amanhã vai dar tudo certo. Mas, quando vemos, tudo voltou tudo à estaca zero.
Então, peço tanto para o Executivo quanto para o Sinte que deixem as vaidades de lado, deixem de medir forças. Não estamos querendo medir forças com ninguém. A Assembleia Legislativa - todos os deputados, todas as bancadas - está disposta a intermediar essa negociação. Não existe ninguém aqui dentro, deputado Volnei Morastoni, que esteja contra isso! Mas parece que quando a coisa desenvolve, desenterram uma cabeça de burro e volta tudo à estaca zero.
Acho que o nosso líder de governo, deputado Elizeu Mattos, concorda com o que estou falando. Há momentos que parece que está tudo bem. Esses dias cheguei ao gabinete do deputado Elizeu Mattos e ele estava feliz da vida dizendo que estava tudo show de bola. Logo depois, a sua felicidade acabou.
Entendo que é preciso ter muita sensibilidade neste momento, até porque parece que viramos marisco entre a onda e a rocha. Sinceramente, deputados, o que estou vendo aqui é muita vaidade, não de nenhum dos integrantes desta Casa, seja da Oposição ou da Situação. Estou falando de uma forma muito sincera e muito serena, deputado Moacir Sopelsa. É preciso que as vaidades sejam colocadas de lado, que a responsabilidade aflore e não permita que esta Casa fique de marisco entre o mar e a rocha.
O Sr. Deputado Volnei Morastoni - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Pois não!
O Sr. Deputado Volnei Morastoni - Deputado, com relação aos professores, ao movimento que avança há dois meses praticamente, quero dizer que concordo com v.exa. no sentido de caminhar para um entendimento mais rápido. É importante que o governo continue com as negociações, apresentando uma proposta concreta.
Mas há duas questões básicas: as duas medidas provisórias não resolvem o assunto. Então, que venha um projeto de lei complementar em que sejam consignados os avanços máximos, as conquistas sejam preservadas, porque elas foram conseguidas ao longo dos anos, e que a incorporação do piso salarial tenha a repercussão devida na carreira e que isso se coloque na linha do tempo. Há propostas que poderão ser incorporadas em curto prazo, outras em médio prazo e outras em um tempo maior. É isso!
Acho que esta Casa vai servir para fazer a amálgama final através de um projeto que possa receber emendas. E que os deputados, então, num consenso da opinião pública catarinense, que também avaliza as reivindicações, encontrem a solução final.
Muito obrigado!
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Com certeza, sr. deputado, e já coloco aqui que votarei contra qualquer medida provisória relativa a isso, somente votarei quando vier um projeto de lei complementar para esta Casa.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)