Pronunciamento

Kennedy Nunes - 005ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 15/02/2011
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, deputado Nilson Gonçalves, que está presidindo a mesa e que é de Joinville, cumprimento os deputados, as deputadas, os catarinenses que nos acompanham pela TVAL e pela Rádio Alesc Digital e o público que está aqui presente.
Deixem-me fazer um registro especial: hoje, pude rever o jornalista Xixo Murara, que é de Araranguá e foi repórter da RBS quando também estive lá trabalhando. Eu e o Xixo fizemos algumas matérias boas lá em Joinville. Ele é natural de Guaramirim e está no sul do estado trabalhando ainda com televisão e rádio.
Seja bem-vindo a Casa! Foi um prazer revê-lo, Xixo.
Eu tenho dois registros a fazer, sr. presidente, no dia de hoje. O primeiro deles é que Joinville, no sábado e no domingo, e principalmente no sábado, deputado Nilson Gonçalves, perdeu o trabalho de uma dessas figuras que o simples ato de uma hora de trabalho dela equivalia ao de muitas pessoas que passaram a vida toda trabalhando e não conseguiram fazer o que essa pessoa fazia. Eu falo da bombeira voluntária Cida, que atuava na Corporação do Corpo de Bombeiros há 12 anos. A socorrista Maria Aparecida Machado, de 53 anos, deputado Maurício Eskudlark, acabou enfartando em pleno trabalho. Ela sofreu um enfarte fulminante.
Era uma pessoa doada a salvar vidas, deputado Volnei Morastoni. Trabalhava no hospital e, quando saia de lá, ia para o Corpo de Bombeiros. E quando saia de lá ainda ia trabalhar como socorrista na empresa que presta serviços na BR-101. E ela era uma dessas pessoas que decidiram não ter filhos e trabalhar para salvar vidas. Era casada e morreu com 53 anos, mas sem filhos, porque dedicou a sua vida, deputado José Nei Ascari, para salvar vidas. Mas acabou sofrendo um enfarte fulminante quando estava em pleno exercício de seu trabalho.
Por isso, sr. presidente, peço à Mesa Diretora que seja encaminhado um requerimento à família enlutada de Maria Aparecida, essa bombeira voluntária fantástica.
E esse assunto veio-nos à tona porque a nossa bancada tem a questão dos bombeiros voluntários como uma questão extremamente primordial para Santa Catarina. Há os bombeiros militares, os bombeiros civis e os bombeiros voluntários, e Joinville, deputado Darci de Matos, é a Capital do Bombeiro Voluntário no Brasil. Lá existe a corporação centenária que mostra que é importante esse tipo de trabalho.
Então, eu queria fazer este registro, com muito pesar no coração, do falecimento da Cida. Eu a conhecia há muito tempo e, na verdade, ela merece aqui o nosso respeito e a valorização do trabalho dos bombeiros voluntários em Santa Catarina.
Eu ainda creio, deputado Padre Pedro Baldissera, que aqui em Santa Catarina haverá um percentual fixo para um fundo específico para atender os bombeiros voluntários. Não é possível eles ficarem todos os anos com o pires na mão, dependendo da boa vontade dos governos para fazer os seus convênios, e assim as comunidades serem atendidas. Nós precisamos fazer algo diferente e entendemos que essa é a nossa hora de fazermos aqui.
O segundo registro que eu faço, sr. presidente, é também de Joinville, deputada Luciane Carminatti. Nós estamos com uma história em Joinville há muito tempo. Ela começou em 2007, quando a General Motors, a GM do Brasil, anunciou a instalação de uma fábrica em Joinville, em 2007. Passaram os anos de 2008, 2009, 2010 e em 2011 o assunto voltou à tona. É sempre assim: a empresa anuncia e os governos municipal e estadual fazem de tudo para ter uma empresa dessas. E quem é que não a quer ter? E apesar de que não vai fabricar carros, mas, sim, cabeçotes de motores. Fabricará em torno de 200 mil cabeçotes por mês e empregará 500 mil pessoas diretas, com um investimento de mais de US$ 350 milhões. E quem não quer um investimento desses? Inclusive, entra nesse momento a guerra fiscal, e a Bahia e o Rio de Janeiro entram na parada. Já perdemos, há tempo, em Joinville. Santa Catarina perdeu para o Rio Grande do Sul a fábrica de automóveis da General Motors, que foi para aquele estado por um problema de guerra fiscal.
E essas empresas visam o lucro! Assim como o governo deve visar o atendimento à comunidade, as empresas visam o lucro, deputada! Então, elas colocam um balcão de negócios de leilão. Quem dá mais? "Quanto de impostos eu vou ter para pagar"? "O que você vai fazer? Você vai fazer terraplenagem? Você vai fazer estação de tratamento de água e esgoto"?
Assim, nesse leilão os estados e municípios brigam entre si. E por quê? Qual é o estado que não vai querer uma fábrica da General Motors que vai gerar 500 empregos diretos, com US$ 350 milhões de investimento?! Qualquer um quer!
Mas essa história vem cada vez com um novo capítulo. É pior do que as novelas mexicanas. A última novela a que assistimos foi a do Ronaldinho Gaúcho. Hoje é isso, amanhã será aquilo, e assim está a novela da General Motors, em Joinville. Mas agora veio um novo capítulo prometendo para o segundo semestre do ano que vem o início do funcionamento da General Motors.
Eu espero, sinceramente, que ela comece a funcionar, e sei que esse é o desejo de todos os catarinenses. Eu e os deputados Silvio Dreveck, Nilson Gonçalves e Darci de Matos, que somos da região norte, esperamos ávidos por isso! Quem não quer a mão-de-obra qualificada?! E com certeza Joinville não foi escolhida porque é a maior cidade do estado, mas, sim, porque o local na BR-101 onde a fábrica vai ficar é próximo do Porto de São Francisco do Sul, do Porto de Itajaí e do Porto de Itapoá, inaugurado há poucos dias. Ou seja, no local há uma logística muita importante de todos os modais de transporte.
Mas o motivo que me fez vir aqui foi para dizer que nós estamos esperando, e não é de agora. E tendemos a torcer que vai dar certo e que no fim do ano que vem a General Motors esteja aqui, mas que as desculpas não sejam as mesmas!
Eu já ouvi da General Motors que o problema é a crise mundial; eu já ouvi da General Motors que falta licenciamento - e a Fatma já deu. Agora a última desculpa para o atraso é que choveu muito. "Ah, mas chove muito em Joinville". Agora é que eles descobriram que em Joinville chove muito?!
Então, que pelo menos façam alguma coisa! Eu, que sou de Joinville, torço para que isso aconteça e que não fiquem nesse jogo. Parece-me, a grosso modo, que está sendo feita uma pressãozinha da empresa para ver se o governo abre um pouquinho mais a perna. "Não, porque daí não dá". Aí o governo dirá: "Então, eu aumento mais um ano a isenção de impostos. Eu faço lá a estação de esgoto e tratamento". Para quê? Porque esse é o mundo deles, deputado Nilson Gonçalves! Esse é o mundo de negócios! Eles estão no balcão para negociar.
Mas eu quero fazer um pedido especial ao governo: não só apóie as grandes empresas, pois há também os micros e pequenos empresários do estado que produzem muito mais do que 500 empregos! E eles também precisam ser apadrinhados e presenteados com tantos benefícios como essas grandes montadoras, no jogo de interesse, fazem.
Que seja bem-vinda a nossa GM! Mas, por favor, não digam que choveu muito, porque dizer isso em Joinville pode parecer piada.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)