Pronunciamento

Kennedy Nunes - 001ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 07/02/2008
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sra. presidente e srs. deputados, público que nos acompanha pela TVAL e também colegas de imprensa, nós, do Partido Progressista, estamos começando mais um ano legislativo nesta Casa, como todas as outras bancadas e os outros deputados. E vamos continuar a nossa postura de sentinela. Os seis deputados do PP, os deputados Joares Ponticelli, Silvio Dreveck, Reno Caramori, Jandir Bellini, Valmir Comin, que faz parte da Mesa Diretora, e este deputado continuarão a ser sentinelas do povo catarinense, continuarão alertas dentro deste Parlamento, para que a vontade popular seja respeitada. E para aquilo que entendemos que não é o correto, que não é bom para o povo catarinense, entraremos, sim, se for necessário, como já fizemos em tantas outras vezes, na Justiça para buscar os direitos dos catarinenses. Essa vai ser a postura do nosso partido, como foi em 2006, em 2007, em 2005, em 2004 e em 2003. Vamos continuar sentinelas.
Quero, neste momento, trazer uma preocupação da nossa região, deputado Nilson Gonçalves. Segundo a capa do jornal A Notícia de hoje em Joinville, ocorreram três assaltos e uma morte. Dias atrás um empresário de Joinville, quando foi ao banco pegar dinheiro para pagar as pessoas, foi abordado por dois motoqueiros que o assaltaram no centro da cidade, num semáforo, deputado Joares Ponticelli. Pegaram o dinheiro dele e atiraram nele. Como o motorista do carro que foi assaltado tinha porte de arma, fazia tiro ao alvo, acabou atirando e matando o assaltante que estava ainda em cima da moto, sendo que o outro que foi baleado morreu mais na frente. Os dois assaltantes mortos eram de São Paulo.
Ontem, no bairro Fátima, zona sul da cidade, um motoqueiro estacionou a sua moto na frente de uma casa lotérica, e o caroneiro entrou e anunciou o assalto. Quando estava sendo repassado o dinheiro, o dono da lotérica, percebendo o movimento, desceu do carro - mas como tinha película no vidro o assaltante não percebeu que o dono estava vindo - e atirou no peito do assaltante, que caiu ali mesmo, sendo levado depois para o hospital, morrendo uma hora depois. Quem era esse assaltante, deputado Sargento Amauri Soares? Um garoto de 16 anos.
Vou contar também outro episódio que ocorreu em uma das padarias mais tradicionais de Joinville, que o deputado Nilson Gonçalves conhece, a Empadaria Jerke, que fica na rua João Colin, em frente à radio onde s.exa. trabalha. Ontem, o funcionário dessa padaria, no trajeto até o banco para fazer um depósito, encostou-se num camarada de jaqueta, mais ou menos na frente do Shopping Cidade das Flores, o qual colocou a mão nele e disse que era um assalto. Ele pensou que era uma brincadeira, olhou para ver se era verdade, e o cara mostrou uma pistola, colocando-a novamente dentro da jaqueta e ordenando que ele entrasse num gol bola, quatro portas, com película, onde já havia alguém no banco traseiro esperando. Ao entrar no carro, eles mandaram-no botar a cabeça entre as pernas e rodaram com ele pela cidade inteira, deixando-o lá no Cubatão. E quando lá chegaram mandaram-no ajoelhar e rezar, porque tinha chegado a sua hora. Imaginem a tortura emocional de um cidadão como esse. Mas depois eles disseram: "Olha, nós vamos te dar uma chance de vida. Vai correndo e não olha para trás".
Eu estou contando isso porque é uma área que o deputado Nilson Gonçalves conhece, pois trabalha numa área policial de rádio.
Nós estamos contabilizando, deputado Jean Kuhlmann, só neste ano, com a morte desse assaltante, 15 assassinatos em Joinville. Contabilizamos a 15ª vítima de assassinato de Joinville no dia 6 de fevereiro de 2008.
Aonde vamos parar? Você pode perguntar o que vamos fazer. Eu penso que parte desses assaltos, dessas mortes, dessas ações, está relacionada com o uso e o tráfico de drogas. O mal desta sociedade é este: a droga. E quero saber - eu vou tratar este assunto novamente nesta Casa de discussões - qual é o papel da Polícia Federal em relação a isso. A Polícia Federal quer combater os grandes traficantes e deixar para a Polícia Militar, que deveria fazer o policiamento ostensivo, a segurança, fazer a apreensão de bocas pequenas? Usar o P2, usar o serviço de inteligência? Não!
Entendo que o problema das drogas deve ser tratado através de uma ação conjunta de todas as forças policiais deste país: Polícia Federal, Polícia Militar, Polícia Civil, escolas, Consegs. Todos devem vestir essa camisa contra as drogas. Porque estamos vivendo um momento de apreensão. Quando paramos de carro em um semáforo - pelo menos é esse o sentimento que tenho em Joinville - e pára um motoqueiro ao nosso lado, não sabemos se ele vai ou não sacar uma arma para nos assaltar. Este é o momento que estamos vivendo, a sensação é essa, ou seja, que a qualquer momento, ao parar uma moto ao nosso lado, podemos ser assaltados.
E agora, o que está acontecendo lá em Joinville? Com a ausência do governo com relação à questão da segurança, os empresários estão-se armando, diga-se de passagem, legalmente, para tratar essa questão, porque, por terem porte de arma, atiraram e mataram os assaltantes em Joinville. Eles vão responder ao processo em liberdade, mas arrumaram uma incomodação para o resto da vida.
Entendo que é preciso fazer políticas para a juventude neste estado, pois não temos política para jovens. Foi criada há um ano uma secretaria, uma assessoria especial para políticas de jovens, que até hoje não mostrou para que veio. Não se faz nada em relação aos jovens. O estado de Santa Catarina não está preocupado com a reabilitação dos jovens.
Deputado Edson Piriquito, entrevistando um conselheiro tutelar de Joinville, ao falar sobre esse caso de drogas, eu me assustei, tive dificuldades até para dormir aquela noite, porque me foi dito, deputado Kennedy Nunes, que em Joinville não existe um nem dez nem 100, mas mais de uma centena de casos, deputado Marcos Vieira, de crianças entre sete e dez anos usuárias de crack.
Tenho um filho que se chama Rhuan Kennedy, de sete anos, e uma filha que se chama Figian Kelly, de dez anos. E por isso fiquei apavorado em saber que crianças como os meus filhos estão hoje dependentes do crack. Aonde vamos parar? E onde está a ação, a política de governo para alcançar esse tipo de problema que estamos enfrentando? Inclusive, trarei esse assunto muitas outras vezes, porque precisamos discutir isso seriamente neste Parlamento.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)