Pronunciamento

Kennedy Nunes - 028ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 14/04/2010
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, deputados aqui presentes, senhoras e senhores que nos dão a honra de acompanhar os nossos trabalhos, aqueles que nos acompanham pela TVAL e pela Rádio Alesc Digital, sou deputado de primeiro mandato, mas aprendi uma coisa muito especial com a minha mãe, que é observar as coisas. Às vezes fico sentadinho, quieto, e algumas pessoas passam por mim e perguntam o que tenho. É que às vezes precisamos ficar quieto para observar certas coisas.
Nas duas últimas semanas, nas quais temos debatido a questão das medidas provisórias, algumas frases, algumas falas estão no meu caderninho. Às vezes estou ali e chego a twittar alguma coisa, fazendo uma leitura diferente. Na verdade, o que eu estou vendo aqui é o samba... (Retirado da ata a pedido do autor.)
Eu disse na semana passada, quando estávamos aqui no dia da vigília, lembram? Todo mundo disse que era o prazo fatal e dissemos que deveríamos ficar de vigília. O deputado Décio Góes estava na tribuna falando que ficaria esperando até meia-noite, e eu li os lábios de um deputado da base do governo dizendo assim: "Vamos empurrar em banho-maria". Eu twittei, e alguém que estava acompanhando a sessão disse: "Deputado, eu acho que o senhor está errado. Eu acho que não vai haver empurra, empurra, não vai haver banho-maria". Mas foi o que aconteceu!
Eu não entendo muito o que está acontecendo. Eu vejo, com o maior respeito, deputados que estão comigo nesta Casa dizerem que são culpados. Já vi gente vir à tribuna e dizer: "Não fui somente eu, há mais gente comigo", ao referir-se à autoria. Já vi gente dizer que o governo está errado, já vi gente dizer que vai resolver, mas não vi absolutamente ninguém falar neste plenário algo que talvez seja o grande cerne da questão: quanto vai custar isso no ano que vem? Quanto? Eu já ouvi dizer que representará um gasto de R$ 40 milhões a R$ 380 milhões! Eu já ouvi. De R$ 40 milhões a R$ 380 milhões! Mas quanto vai custar, realmente, sr. presidente?
Eu não sei, vamos imaginar que vai custar R$ 350 milhões no ano que vem. Eu não entendo a incompetência de um governo que onera a folha em R$ 350 milhões em um ano e não deixa ninguém contente. Ou melhor, deixa apenas 5% contentes.
(Manifestações das galerias)
Eu não entendo. Eu não entendo como é que um governo faz uma medida provisória favorecendo somente uma parte do corpo funcional. Isso parece antibiótico. O antibiótico funciona assim, você toma e ele age somente naquela infecção. Uma das coisas que eu não consegui entender foi um deputado que disse que há categorias que não têm padrinho forte. Como não tem padrinho forte? O que é que esta Casa está fazendo? Esta Casa está valorizando o apadrinhamento quando se trata do funcionário público que atende lá na ponta? No caso da Saúde, quando o paciente chega para ser atendido por acaso perguntam-lhe qual é o seu padrinho?
Tenho as minhas convicções e às vezes fico calado porque é melhor calar para ver o que vai acontecer. Mas tenho a convicção de que em todo esse processo o Parlamento também entra num jogo, o jogo politiqueiro, o jogo do faz de conta, o jogo do banho-maria, o jogo do vamos fazer a emenda e que se lasque, se o governo vetar o problema é dele, se o governo entrar com uma adin o problema é dele.
Sabe o que estou achando dessa situação, sr. presidente? Está parecida com Adão e Eva no paraíso. Por quê? Vou explicar. Deus, quando colocou Adão e Eva no paraíso, disse: "Podem comer de tudo, menos do fruto proibido". A serpente "chavecou" Eva, que comeu o fruto proibido e deu para Adão, que comeu também. Diz a Bíblia que eles descobriram, então, sua nudez, esconderam-se e quando o Mestre veio, ao final do dia, não achou Adão e Eva. Então, Ele disse: "Onde estás, Adão?" Ele respondeu: "Estou escondido, Senhor". "Mas por que, Adão?" "Vergonha, mas foi a Eva". E o Senhor perguntou para Eva: "Quem foi?" E ela: "Foi a serpente". A serpente não falou e paga o pato até hoje.
Sabem o que é que eu estou vendo aqui? Eu estou vendo que o Executivo é o Adão, o Parlamento parece que está sendo a Eva e a serpente é que vai pagar o pato, que são os funcionários.
(Palmas das galerias)
E por quê? Até hoje a serpente não caminha em pé porque não pôde falar. O funcionário vai-se rastejar novamente. Mas vai chegar a hora de vocês falarem. Dia 3 de outubro será a hora de dar o troco nisso daí. E vão parar de brincar com a vida do funcionário, vão parar de brincar com a vida de pessoas, que isso aqui é vida de família e ninguém está aqui para empurrar em banho Maria.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)