Pronunciamento

Kennedy Nunes - 099ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 31/10/2011
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Muito obrigado, sr. presidente, eu gostaria somente de esclarecer algumas coisas.
Deputado Elizeu Mattos, qual juízo pode-se formar quando vemos que a pessoa que está falando não tem conhecimento de causa? Fica meio complicado rebater, deputado Jean Kuhlmann, quando percebemos que algumas pessoas falam quando não têm conhecimento de causa, quando não sabem do que estão falando.
Falo isso em relação à manifestação da deputada Ana Paula Lima, no plenário, sobre a visão que ela está tendo da missão que foi à Coreia e ao Japão nessa última semana.
O que dizer, deputado Jean Kuhlmann, quando uma pessoa que não foi àquele país, não conhece a cultura, não sabe dos procedimentos, vem aqui e faz uma análise de forma simplesmente rasa, sem nenhuma profundidade? Parece-me aquele negócio: ouvi dizer, fuxico, mexerico. Lá, em Joinville, chama-se isso de mexerico, ou seja, aquela pessoa que nada tem para fazer pega um assunto e começa a fuxicar. E há aquela prerrogativa de que uma mentira falada várias vezes pode virar verdade.
Eu não posso fazer qualquer outro juízo ao ouvir a deputada Ana Paula Lima, neste plenário, falar de algo dessa forma. Então, deixa-me repor algumas verdades, pelo menos se trata de alguém que conhece um pouquinho da cultura asiática, dos procedimentos oficiais e que, por determinação desta Casa, por algumas vezes, já acompanhou os procedimentos.
Vale lembrar e esclarecer aos catarinenses - a deputada Ana Paula está atendendo às crianças, mas depois a sua assessoria lhe passará ou ela assistirá à reprise, - que a ida dos catarinenses à Coreia tinha algumas vertentes, entre elas a questão de atrair empresas, o que foi feito. E ontem eu e o deputado Jean Kuhlmann já falamos sobre isso. Atraímos o grupo Yudo, uma empresa que vai investir R$ 100 milhões e gerar 250 empregos em Joinville.
Atraímos a LS Tractors, que vai implantar uma fábrica de tratores em Araquari, com 25 milhões de investimentos, e mais 150 empregos serão gerados rapidamente. E fizemos contato com outras empresas que estão para decidir entre Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo para fazer os seus investimentos, porque o Brasil passa a ser o grande centro de distribuição da América Latina.
A segunda vertente da visita à Coreia foi a abertura do mercado da carne suína, por uma questão do ministério da Agricultura do Brasil e de uma permissão que houve. Os coreanos ficaram assustados, porque Santa Catarina é o único estado livre da febre aftosa. O nosso rebanho é livre da febre aftosa sem vacinação. Eles queriam saber mais sobre a postura e vieram aqui.
Então, a instituição, uma pessoa do governo indo até lá é para os coreanos, os chineses, os japoneses, muito importante. A palavra empenhada e a presença física do governador, de representantes do Poder Legislativo, é muito importante! E eles ficaram de nos dar uma resposta até o dia 10 de novembro sobre a questão da abertura do mercado coreano.
Fomos ao Japão de novo para mostrar... E o governador não foi lá buscar financiamento, ele encontrou com o diretor do banco Jica, que é um banco de desenvolvimento do governo japonês para dizer: "O projeto que vocês fizeram...". Deputada Ana Paula Lima, fique tranquila.
A Sra. Deputada Ana Paula Lima (Intervindo) - Estou muita tranquila!
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Tranquila! V.Exa. não merece nenhuma preocupação. V.Exa. estava muito preocupada com o negócio do projeto. Deputada, o projeto levou três meses para ser feito e determinou algumas coisas. Foi patrocinado a custo zero pelo banco Jica, zero! E o governador foi até lá dizer: "Nós aprovamos o seu projeto. Falamos com a presidente Dilma Rousseff, que vai dar R$ 28 milhões. E o governo do estado vai colocar R$ 30 milhões, que seria a contrapartida."
O governador foi lá para dizer que aprova o projeto e para pedir uma coisa: "Esse dinheiro que nós vamos investir, esses R$ 30 milhões, pode ser contrapartida para o empréstimo que vocês vão fazer de US$ 100 milhões? Pode valer como contrapartida?" Porque se não valesse, o governador iria fazer de outra forma. E responderam: "Pode valer, sim, de contrapartida".
Então, temos os R$ 28 milhões que a presidente Dilma Rousseff, o governo federal, irá dar - até acho que é pouco, por ser governo federal poderia dar um pouquinho mais. Mas os R$ 30 milhões que o governo estadual vai colocar nisso já estão valendo como contrapartida do empréstimo.
Eu penso que v.exa. não está sabendo como é que funciona essa questão da presença do governo, como isso é importante para o japonês. Eu fui em 2007 com o governador Luiz Henrique da Silveira. O governador, à época, Luiz Henrique da Silveira, foi fazer o contato para aquele financiamento da Casan, para o saneamento básico nas cidades litorâneas, em 2007. Em dezembro de 2009, o governador Leonel Pavan foi lá assinar o contrato. Lembro-me que ficamos mais tempo voando do que lá. Mas o governo japonês não aceita outra assinatura senão a do governador.
A Sra. Deputada Ana Paula Lima (Intervindo) - Assinou alguma coisa?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Assinou, deputada! Ah, é verdade, v.exa. votou aqui contra o financiamento da Casan. V.Exa. não votou a favor do saneamento básico nas cidades litorâneas. Mas votamos a favor aqui da assinatura que foi feita lá. Mas estou falando de 2007, quando foi feita a primeira visita.
Em 2009, foi feita a assinatura do contrato, e até agora não saiu! E sabe por que não saiu ainda o dinheiro? Porque todo esse processo é muito burocrático. Não é demora do estado, é demora do processo. Inclusive, esse financiamento também teve que ter o aval do governo federal, à época o presidente Lula.
E agora o que ouvimos do banco Jica foi o seguinte: "Nós não podemos dar isso como fundo perdido, porque vocês já fazem parte do G20".
A Sra. Deputada Ana Paula Lima (Intervindo) - Está aí a resposta!
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Mas quem é que falou de governo e de fundo perdido, deputada? V.Exa. está totalmente fora de como saber. Nós fomos lá pedir um financiamento a juros subsidiados. Se você não sabe o que é fundo perdido, eu respondo: é quando colocam dinheiro e não pegam de volta. O financiamento é dar emprestado e ninguém nunca falou em fundo perdido, até porque esse financiamento do saneamento das cidades litorâneas não foi a fundo perdido, é um empréstimo do governo do Japão para a Casan, e que v.exa. votou contra.
A Sra. Deputada Ana Paula Lima (Intervindo) - Estamos falando do Jica, não é?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Não! Eu estou falando de todo um contexto. É o Jica! O Jica emprestou para nós o dinheiro do saneamento das cidades litorâneas. V.Exa. votou contra também o dinheiro do Jica! É o mesmo banco, é a fonte, governo japonês. E lá foi dito o seguinte: "Nós podemos emprestar, mas a decisão não é nossa, do Jica, é do governo federal". E o embaixador do Brasil no Japão, Marcos Galvão, que estava lá, disse o seguinte: "O governo federal tem, sim, a importância que tem para o caso das enchentes na região do vale do Itajaí, e estamos penhorando a nossa palavra para que esse financiamento saia para o governo do estado e o governo federal como participante".
Então, se v.exa. pensa uma coisa e não conhece... Dá licença! As coisas não são assim como as pessoas pensam que são. Existe um protocolo, uma forma de fazer, e isso vai, ao longo do tempo, sendo construído.
Muitas vezes não conhecemos a cultura do japonês, que é totalmente diferente da nossa. E a presença do governo lá faz, sim, toda a diferença.
Deputada Ana Paula Lima, eu concedo o restante do tempo a v.exa., se desejar me apartear.
(A deputada Ana Paula Lima manifesta-se no sentido de que não resta tempo.)
É verdade! Quando se fala a verdade, não se tem muito o que falar. Mas eu gostaria de compor e recompor a verdade neste plenário!
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)