Pronunciamento

Kennedy Nunes - 010ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 29/02/2012
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, público que nos acompanha pela TVAL e pela Rádio Alesc Digital, quero dizer aos catarinenses que estão aqui para acompanhar, hoje, a votação do novo piso regional que, como disse o deputado Dirceu Dresch, esse é um avanço que esta Casa dá, mais uma vez, na construção dessa política no estado.
Eu gostaria de pegar um pouquinho do gancho do deputado Dirceu Dresch, que falou sobre a TAC Motors, uma empresa que surgiu na minha cidade, Joinville, que produz um veículo 4x4 e agora anunciou a sua ida para o Ceará.
Somente queremos reforçar aquilo que o deputado falou no sentido dessa guerra fiscal. Na verdade, deputado Maurício Eskudlark, há uma guerra fiscal muito grande e, muitas vezes, o patrocinar, o fabricante bélico dessa guerra entre os estados é o próprio governo federal.
É óbvio que o empresário não tem a visão do gestor público. Como diria um grande filósofo, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A gestão privada vê lucro. Está dando lucro? Tudo bem! Não está dando lucro? Muda! Por quê? Porque o papel do gestor privado é dar lucro para a empresa.
Na empresa privada, o lucro é mais dinheiro, e na gestão pública o lucro é atender mais pessoas com o dinheiro que tem. A sensibilidade do gestor público deve ser muito diferente. É claro que, hoje, falam que as empresas estão tendo uma sensibilidade e uma visão social um pouco maior, que elas não podem ser ilhas e têm que cuidar da vida do seu trabalhador em casa e no social. Tudo isso está certo! Mas, muitas vezes, essa responsabilidade social que as empresas praticam, e pregam, é somente mais um item para as ISOs, que são exigidas para que ela possa produzir e exportar o produto, do que uma visão, realmente social.
O governo, não! Ele tem que ver as pessoas. Eu vejo que o governo federal dá para a Sudene, que é lá do nordeste, muito mais armamento, e para que as prefeituras e os estados possam utilizar esse armamento na guerra fiscal com outros estados. Por exemplo, aqui no sul somos tratados como ricos. Para Brasília, deputado Manoel Mota, aqui no sul nós somos ricos e não precisamos de dinheiro. Nós temos aqui, como disse o ex-presidente Lula, os homens dos olhos azuis, porque somos descendentes de europeus. E daí parece que aqui não precisamos da ajuda do governo federal para que possamos entrar nessa guerra fiscal.
Há poucos dias, a General Motors acabou anunciando a instalação da segunda fábrica em Joinville. Há a fábrica de motores, agora haverá a fábrica de câmbio, e as duas vão injetar R$ 1 bilhão no estado de Santa Catarina.
Apenas quem acompanha os bastidores sabe a guerra que é quando alguém está trazendo um investimento de R$ 1 bilhão para um estado e entram na disputa cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, os estados do Nordeste, com esse armamento, que são os benefícios dados por conta da Sudene. Estamos numa guerra com a BMW. Ou melhor, Santa Catarina está numa guerra com o estado de São Paulo. E o nosso governo estadual está fazendo de tudo para que venha para cá a BMW, com o projeto de construir aqui cinco modelos da marca, mas estamos numa disputa muito forte com Campinas/São Paulo. Olhe bem, Campinas é perto de São Paulo, e o maior centro da BMW está em São Paulo. Agora, ou entramos na guerra para trazer para cá esse investimento ou vamos deixar essa empresa ir para outro estado.
A TAC Motors está indo para o Ceará, para a cidade de Sobral, não apenas por conta dos benefícios da Sudene, claro que esse é o ponto principal, mas há um histórico, deputado Dóia Guglielmi, de que foi feito lá naquela cidade, naquele estado, um carro chamado Gurgel. Lembro-me desse carro e sei que muitas pessoas vão lembrar. Tratava-se de uma fábrica que montava um carro de fibra que era feito em cima de um chassi. Depois, surgiu uma empresa maior que comprou a Gurgel, que estava falida, e fez esse Troller, com a mecânica Volkswagen.
Portanto, lá em São Paulo há o mercado 4x4, off road, fora das estradas, muito maior do que aqui em Santa Catarina, e um empresário quando quer fazer um investimento analisa justamente o lucro e a potencialidade do cliente. Nesse caso da TAC Motors, a potencialidade de cliente e o lucro maior estão lá no Ceará.
Torço para que a BMW não veja a potencialidade de clientes, porque se priorizar apenas isso vai instalar-se em São Paulo.
Nós aqui temos uma coisa impressionante, temos cinco portos numa distância de 200km, e isso para as empresas que querem exportar, como a GM, que vai exportar câmbio produzidos aqui, pesa muito. Por isso, Santa Catarina está nesse "boom" de empresas automobilísticas vindo para cá. E com certeza, como sou de Joinville, lamento muito a ida da TAC Motors para lá, mas nesse caso não temos nem como falar algo dos empresários, porque se a Sudene isenta uma série, quase todos os impostos federais, lá tem o mercado off road, o mercado compatível com a proposta do carro, e vamos fazer o que para que essas empresas mantenham-se aqui? Essa é a diferença entre a gestão privada e a pública, que vê muito mais longe a questão não do lucro, mas do atendimento das pessoas.
O Sr. Deputado Manoel Mota - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Pois não!
O Sr. Manoel Mota - Gostaria de cumprimentar v.exa., deputado Kennedy Nunes, e dizer que a sua visão é muito importante.
Por que vieram instalar a primeira fábrica da GM no Brasil? Porque sentiram que o governo era equilibrado e havia tranquilidade. Instalaram a primeira fábrica, gostaram e vão instalar a segunda. Ninguém mais tira de nós, já assinaram o protocolo, está definido. E por quê? Porque a credibilidade do governo do estado de Santa Catarina é muito grande. Agora, esperamos que nos próximos dias seja assinado o contrato com a BMW. E será em Santa Catarina! Estamos aguardando a assinatura do contrato com a segunda maior empresa do mundo na área metalúrgica, com obras em 127 países. Já está definido que virá para Santa Catarina, para Tubarão.
Então, esse é um ganho real, é fruto de um governo equilibrado, sério e que está dando continuidade aos projetos importantes que votamos aqui. Não adianta espernear lá fora, porque vamos defender o nosso estado e o nosso povo.
Por isso, quero cumprimentar v.exa., deputado Kennedy Nunes, já que as fábricas menores vêm para cá e as maiores, para Joinville, que é a maior cidade de Santa Catarina e merece todo o respeito deste Parlamento.
O SR. DEPUTADO KENEDDY NUNES - Muito obrigado, deputado Manoel Mota!
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)