Pronunciamento

Kennedy Nunes - 062ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 21/08/2007
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, sras. deputadas, srs. deputados, público que nos acompanha pela TVAL e pela Rádio Digital Alesc, colegas de imprensa e catarinenses que estão nos acompanhando nesta sessão.
Trago hoje aqui uma preocupação que estamos vivendo em Joinville, que tem como representantes este deputado, os deputados Darci de Matos e Nilson Gonçalves, uma situação extremamente delicada com relação à segurança pública.
Chamo a atenção porque nós já conseguimos nestes meses de 2007 registrar 45 assassinatos em Joinville. Esse número assusta exatamente pelo fato de já estarmos ultrapassando o número de assassinatos registrados durante 12 meses de outros anos. E o que está chamando a atenção é que esses assassinatos estão ocorrendo principalmente na periferia da nossa cidade.
Na minha concepção, deputado Cesar Souza Júnior, o número grande de assassinatos não é somente culpa da violência que estamos vivendo, mas também pela falta de políticas públicas da área social, por exemplo, que acaba refletindo na questão da segurança. Mas além da falta de políticas públicas para diminuir a violência nas cidades, nós, em Joinville, estamos vivendo uma situação bastante complicada com relação à segurança, seja a ostensiva, feita pela Polícia Militar, como também a segurança na parte da investigação.
Os policiais civis de Joinville hoje dependem de Florianópolis até para fazer um simples exame de digital. Como uma polícia técnica e investigativa vai conseguir desenvolver a investigação para chegar aos verdadeiros culpados, se o estado que deveria proporcionar esta estrutura não o faz? Imaginem que desses 45 assassinatos que registramos de janeiro até agora em Joinville, a maioria dos corpos foram retirados do local pelas funerárias, como uma prestação de serviço voluntário ao estado, porque o carro que deveria ser utilizado pela Polícia Civil para fazer este serviço, ou seja, buscar os corpos, o conhecido rabecão, está há meses parado na oficina por falta de manutenção.
Agora imaginem uma cena de crime sem o serviço de verificação de óbito. Os policiais deveriam ir lá, isolar a área para ver o que está acontecendo, mas eles chegam ao local e não têm condições de trabalho, porque se precisarem de um simples exame de digital, dependem de Florianópolis. Isso é inadmissível, partindo de um governo descentralizador.
Como é que um policial, um investigador que vai fazer o seu trabalho pode ter condições de realizar, por melhor que ele seja, por mais iluminado que possa estar, o processo investigativo se o estado não dá estrutura? E o que acontece, então? Acontece o que estamos vivendo lá no caso da menina Gabrieli. Aquela criança que foi encontrada morta dentro de um tanque batismal, dentro de uma igreja em Joinville e que a polícia rapidamente tentou desvendar o crime colocando um pedreiro, o sr. Oscar, na cadeia. E esta semana, o médico legista que fez o exame cadavérico e a autópsia da criança no IML, abriu o verbo e disse: "Ela não foi estuprada e nem sofreu atentado violento ao pudor!".
Srs. deputados, o médico legista, o que fez a autópsia do corpo da criança, disse que não houve estupro e nem atentado violento ao pudor, que não tinha sequer uma gota de sangue na fralda da menina e muito menos sêmen. Fico pensando aonde vamos chegar. O médico disse que não houve estupro, que não houve atentado violento ao pudor, que não tinha uma gota de sangue e nem de sêmen, mas tem um rapaz preso, pagando pena por ter estuprado uma menina dentro de uma igreja.
Que tipo de polícia técnica, de investigação nós temos em Joinville? Igual àquele caso do tarado da bicicleta que apareceu no Fantástico, mostrando o retrato falado de um rapaz e depois o prenderam. E o estado até hoje paga uma pensão por conta de um erro da polícia, porque condenaram a pessoa errada.
Isso tudo é culpa não da falta de preparo dos policiais, mas da falta de investimento na área de investigação pelo menos na polícia da minha região. Não sei como está nas outras regiões. Estou falando da minha, onde o rabecão, deputado Manoel Mota, o carro utilizado pelo Instituto Médico Legal parece abandonado. E pasmem os senhores, o IML fica na frente da casa do governador, no outro lado da rua: cheio de mato, abandonado, carros apreendidos por cima das calçadas. Totalmente abandonado o IML! E fica na frente, no outro lado da rua da casa do governador.
Essa é a posição do que estamos vivendo em Joinville. Eu estou dizendo que nós, em Joinville, estamos passando por isso. É um momento grave, sério, porque só nestes meses já estamos ultrapassando o número de crimes que foram cometidos e registrados, deputado José Natal, em outros anos. E estamos ainda em agosto.
Eu venho pedir encarecidamente ao governador Luiz Henrique da Silveira e ao secretário da Segurança Pública que tenham um pouquinho mais de respeito por Joinville, porque aquela cidade precisa de investimento, porque a nossa Polícia Civil - nem vou falar na Polícia Militar, deputado Sargento Amauri Soares - está necessitando de investimento, de condições de trabalho. Caso contrário, a nossa cidade vai ficar um caos, e é por culpa do governo que não investe.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)