Pronunciamento

Kennedy Nunes - 065ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 07/07/2010
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, desejo usar a palavra agora para que o assunto não fique vencido, como se diz. Pois vou abordar o tema a que se referiu o deputado Décio Góes, ou se, a situação da Busscar.
Quero dizer aos catarinenses que a fala do deputado Décio Góes mostra realmente que ele não conhece bem o assunto - e ele mesmo confessou isso.
Catarinenses, em fevereiro de 2009 levei a senadora Ideli Salvatti à Busscar, a quem o proprietário da empresa, sr. Cláudio Nielson, pediu duas coisas: em primeiro lugar, que agilizasse o pedido de empréstimo que havia feito ao BNDES, no valor de R$ 40 milhões, para capital de giro. Não se tratava de dinheiro doado, mas de dinheiro emprestado! A mesma situação de 2003, quando a empresa contraiu um empréstimo de R$ 30 milhões, dos quais já pagou R$ 36 milhões, ainda deve R$ 38 milhões, apesar de haver gerado R$ 72 milhões em impostos. Em segundo lugar, solicitou que a senadora, por ser líder do governo no Senado, conseguisse uma conversa com alguém de Brasília para falar sobre o crédito de IPI.
Deputado Décio Góes, com todo o respeito que tenho por v.exa., não existe nenhuma discussão, não é judicial a questão do crédito de IPI, pois ela já transitou em julgado no Supremo! Acabou!
O governo federal perdeu o prazo para a defesa. Não existe mais o que fazer! Nós vamos recorrer a quem? À Suprema Corte da ONU? Quando é transitado em julgado, o governo perde e é determinado pagar R$ 650 milhões de IPI...
E dizem: "Ah, mas era porque antes de 1998 não podia." E por que pagaram já depois de 1998 e não querem pagar agora? Então, não há mais nada para discutir! É pagar! Não há mais nada a fazer! Foi transitado em julgado no Supremo, acabou! O governo tem que pagar!
Mas vou voltar ao relato. Aí levei, na segunda-feira, para a senadora Ideli Salvatti, e a senadora saiu de lá dizendo o seguinte: "Na quarta-feira dou-lhe o retorno do pedido da audiência e do pedido do BNDES". Passaram-se os meses de fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março. Foram 14 meses, e depois a Ideli Salvatti ficou muda. A senadora Ideli Salvatti ficou muda sobre o caso! Nada!
Os trabalhadores vão a Brasília, 1.500 trabalhadores vão a Brasília. Eles não queriam deixar o proprietário da empresa entrar na reunião. Eu estava lá e, depois que os trabalhadores falaram, ouvi do ministro sr. Gilberto Carvalho a seguinte frase: "Escuta, essa não é a versão que chegou ao governo! O que chegou ao governo foi que se tratava de mais um caso de patrão safado roubando dos empregados para ficar rico." O sr. Gilberto Carvalho falou que a informação que chegou ao governo foi de que era mais um patrão safado roubando do empregado.
Quem é que leva informação ao governo? Eu não. Os trabalhadores nem conseguiram falar com o Lula. Quem é que leva informação ao governo? Quem é que fez a caveira da Busscar para o governo? Fui eu? Não! Com certeza foi gente do governo, que foi a Joinville, que fez a caveira. E agora, senhores, engraçado, o governo federal não faz absolutamente nada para salvar os 4.000 empregos diretos.
Não estão pedindo dinheiro. Estão pedindo aquilo que foi transitado em julgado no Supremo, e estão pedindo um empréstimo para pagar com juros muito altos, por sinal! Mas o governo não faz nada!
Agora, para liberar para as empresas Marcopolo e Caio, deputado Valdir Cobalchini, o governo faz tudo! A Caio está devendo para o governo federal mais de R$ 200 milhões de INSS e quanto a isso o governo não faz nada! Não, não faz nada! Agora, fizeram a caveira e estão querendo matar a Busscar. Para quê? Para que o "bigpólio" de carrocerias deste Brasil, comandado pela Marcopolo e pela Caio, possa ficar seguro e para que os companheiros do PT continuem fazendo o que querem com relação a esse caso.
É uma vergonha eu ter que falar sobre isso, e vou falar mais ainda numa próxima oportunidade.
Obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)