Pronunciamento

Kennedy Nunes - 019ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 21/03/2012
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, srs. deputados e deputadas, público que nos acompanha através da TVAL e da Rádio Alesc Digital, catarinenses que presenciam está sessão, prezada vereadora Nilza e prezado jornalista Lúcio Mauro, de Joinville.
Quero abordar, sr. presidente, um assunto que tem sido tema de muitos pronunciamentos. Em janeiro deu entrada na Casa a PEC n. 0001, que dá aos prefeitos a possibilidade de firmar convênio com os bombeiros voluntários, visando à fiscalização de obras.
Este é o quinto ano que estou nesta Casa e pelo menos uma vez por ano esse assunto é levantado neste plenário, criando-se sempre aquele jogo do a favor e do contra, ou seja, os deputados favoráveis aos bombeiros militares seriam contra os bombeiros voluntários e vice-versa.
Assim, imagino que essa PEC pode minimizar os problemas, mas quando vi que a comissão de Constituição e Justiça começou a discutir o projeto e posicionou-se pela sua inconstitucionalidade, fiz um requerimento no sentido de que na comissão de Segurança fosse analisado o mérito, pois na minha visão, deputado José Nei Ascari, a CCJ tem discutido também o mérito e não apenas a legalidade da matéria. Isso é um problema! Temos que ser muito frios em relação a isto: a CCJ tem que discutir a constitucionalidade da PEC e o mérito deve ser discutido na comissão de Segurança. E pedi, na reunião realizada na semana passada, que os representantes dos bombeiros militares e voluntários, que a secretaria da Segurança Pública, que a Fecam e os demais órgãos envolvidos viessem com o espírito desarmado, deputado Maurício Eskudlark, para que pudéssemos, juntos, encontrar uma saída.
Pois bem! Justamente naquela reunião a promotora de Justiça, dra. Walquíria Danielski, abriu a sua fala dizendo que o problema não é o art. 111 da Constituição Estadual que a PEC deseja mudar. E que temos que mudar o art. 108, que diz que é questão do bombeiro militar fazer as fiscalizações preventivas de incêndio. Se, portanto, é papel do bombeiro militar, então é segurança pública! E, portanto, se é segurança pública, nós não podemos cobrar a taxa e tem que ser por imposto. E por isso as Adins de todos os fundos municipais, quando se cobra a taxa feita até pelo bombeiro militar.
Isso me trouxe uma clareza muito grande, entendendo que o assunto é muito complicado para querer resolver somente nessa PEC. É tributário! O buraco é mais embaixo, e temos que tratar do assunto!
Deputada Dirce Heiderscheidt, para tentar resolver o problema de uma vez por todas não basta jogar a bola para cima, porque a PEC, na minha opinião, deputado Moacir Sopelsa, é o saque jornada nas estrelas. Você pega a bola, joga para cima, e uma hora ela vai cair. A PEC é isso! Ela é autorizativa e não resolve o problema! As Adins vão continuar acontecendo e a discussão vai continuar acontecendo. E a responsabilidade é de quem? Não resolve o problema!
Nós, na semana passada, tivemos a ideia de, nessa reunião de hoje da comissão de Segurança Pública, construir algo que pudesse resolver a questão. Eu quero aqui, de público - e sei que os deputados Darci de Matos e Maurício Eskudlark, que participaram da reunião, hoje, também vão fazer o mesmo -, parabenizar o Ministério Público, que veio com uma construção favorável para resolver o problema, e eu a passarei rapidamente aqui.
Na verdade, deputado José Milton Scheffer, a ideia é tirar do art. 108 que é papel do bombeiro militar fazer a aprovação do anteprojeto de incêndio. A fiscalização tem que ser feita pelo bombeiro a qualquer momento. Não é porque agora deu o habite-se da Assembleia Legislativa que daqui a dez anos não vai poder ser feita uma fiscalização novamente. O poder de polícia deve ser feito a qualquer momento por um ente concursado, que tenha fé pública de ente concursado.
Mas precisamos mudar, e parece que essa mudança cai como uma luva: resolve o problema dos militares, resolve o problema dos comunitários e resolve o problema dos voluntários. Ou seja, a legislação mudada... E para não esbarrar na Constituição Federal, vamos mudar a Constituição Estadual e fazer uma infraconstitucional, ou seja, regulamentar algumas ações do Corpo de Bombeiros para que possamos resolver de uma vez esse assunto, e para que não precise mais todos os anos, quando se levanta esse assunto, vir aqui o bombeiro militar, o bombeiro comunitário e o bombeiro voluntário para disputar e ver quem é a favor de quem.
Volto a dizer que o cidadão, quando é atendido pelo bombeiro, não pergunta se é comunitário, voluntário ou militar. Ele quer ser atendido. E não é o atendimento que estamos discutindo aqui. O que estamos discutindo é a questão do dinheiro arrecadado pelas vistorias! É este o problema! E se esse é o problema, já que no atendimento de prestação de socorro não existe problema algum, temos que fazer o quê? Tratar de forma tributária para legalizar todas essas questões.
Então, mais uma vez, quero parabenizar o Corpo de Bombeiros Militar, o Corpo de Bombeiros Voluntário e o Corpo de Bombeiros Comunitário.
Gostaria de fazer o registro de que por duas vezes convidamos a Fecam para participar da reunião, mas ela não veio, deputado José Milton Scheffer. É uma pena! A Fecam - Federação Catarinense dos Municípios - não compareceu nas duas vezes em que foi convidada. E os municípios é que são os mais interessados! Nós queríamos ouvir a Fecam, mas ela não apareceu com algum representante.
Mas resolvemos que o Ministério Público vai mandar para o bombeiro militar, o bombeiro voluntário, o bombeiro comunitário, a Fecam e a OAB a proposta de mudança da legislação.
Daqui a 15 dias o Ministério Público mandará para o bombeiro militar, para o voluntário, para o comunitário, para a Fecam e OAB a proposta de mudança da legislação. Ou seja, na quarta-feira que vem eles vão trazer as suas contrapropostas daquilo que foi mandado pelo Ministério Público e construiremos aqui uma legislação, deputado Sargento Amauri Soares, que seja boa para todos e para que esta Casa possa fazer um papel importantíssimo como sempre faz, mas desta vez resolvendo o cerne da questão, que não é jogar a bola para cima. Temos é que resolver o problema.
O Sr. Deputado Darci de Matos - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Pois não, meu líder!
O Sr. Deputado Darci de Matos - Deputado Kennedy Nunes, quero parabenizá-lo pela convocação e proposição da realização da audiência pública na comissão de Segurança Pública, sendo a segunda audiência que realizamos e que foi, sem dúvida, muito proveitosa, porque a promotora dra. Walquíria Danielski apresentou e mandará oficialmente para esta Casa, e para todos os atores envolvidos na questão dos bombeiros de Santa Catarina, o esboço de uma legislação que dá condições para mantermos o que já está consolidado, deputado Romildo Titon. Ou seja, nos municípios onde há somente o bombeiro militar, ele faz a fiscalização e a análise prévia dos projetos; nos municípios onde há os voluntários, eles fazem a análise prévia, e a fiscalização cabe, obviamente, aos bombeiros militares de eventos e das edificações. Portanto, essa proposição da dra. Walquíria Danielski agradou de um lado o deputado Sargento Amauri Soares e o deputado Maurício Eskudlark e a nós, v.exa. e os deputados do outro lado.
Tenho certeza de que vamos amadurecer essa discussão para chegar a um consenso que possa manter, deputado Kennedy Nunes, o excepcional trabalho que, por exemplo, os militares fazem em Blumenau. E vamos por outro lado manter o excepcional trabalho que os bombeiros voluntários fazem na cidade de Joinville há 120 anos.
Portanto, encerro dizendo que a briga, a divergência talvez seja um pouco por causa de recursos, mas diria que os bombeiros têm uma missão a ser cumprida, que é salvar vidas. Então, a divergência é pelo poder de polícia, mas nada melhor do que esta Casa para debater à exaustão e chegarmos a um consenso para que possamos manter os bombeiros comunitários, os voluntários e os militares salvando vidas do povo catarinense.
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Muito obrigado, deputado Darci de Matos!
O Sr. Deputado Maurício Eskudlark - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Concedo um aparte ao deputado Maurício Eskudlark.
O Sr. Deputado Maurício Eskudlark - Eu quero parabenizar v.exa., porque é dentro das tratativas e da discussão que surge a solução. E o Ministério Público, a dra. Walquíria Danielski, que conheço e que atuou como promotora em São Miguel D'Oeste, quando eu trabalhava lá como delegado de Polícia, pelo zelo, não apenas contestando as ações e vendo as irregularidades, mas especialmente querendo participar ativamente numa proposta de solução, então, o Ministério Público, além de colocar o seu posicionamento ante as ações que já foram impetradas no estado de Santa Catarina, fez um estudo aprofundado tanto da Constituição quanto da legislação infraconstitucional e apresentou uma solução.
Eu vejo que agora, efetivamente, tudo se encaminha para que tenhamos esse assunto devidamente regulamentado, legalizado, perante a Constituição e perante a legislação infraconstitucional. Assim, acho que foi a melhor solução a ser encontrada.
Também, aproveito este momento para saudar a vereadora Nilza Nilda Simas Ribeiro. Não a saudei antes porque estavam falando em tradicionalismo, mas sei que ela está aqui pela questão de segurança, isto é, buscando a efetiva implementação das câmeras de segurança no município de Itapema. E como sabia que iríamos tratar desse assunto, deixei para este momento também essa saudação, mas o seu encaminhamento em muito contribuiu. Acredito que chegaremos a uma solução sobre esse assunto que será, principalmente, de contento da população do estado de Santa Catarina.
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Muito obrigado, deputado Maurício Eskudlark.
O Sr. Deputado Sargento Amauri Soares - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Pois não!
O Sr. Deputado Sargento Amauri Soares - Muito obrigado, deputado Kennedy Nunes!
Quero cumprimentá-lo por suas iniciativas desde a proposição daquilo que podemos chamar de audiência pública que houve na semana passada e que deliberou pela reunião realizada na manhã de hoje. E como falei na comissão de Segurança Pública hoje pela manhã, estava bastante cético com relação à possibilidade de uma convergência nesse debate, mas, possivelmente, poderemos caminhar nessa direção.
Aguardaremos até segunda-feira para que a promotora Walquíria Danielski, do Ministério Público, encaminhe por escrito a proposta, os apontamentos, e a partir disso teremos as avaliações de todas as entidades e a nossa avaliação, para que no dia 04 de abril, daqui a 15 dias como v.exa. falou, possamos, quiçá, chegar perto de um entendimento, de um texto constitucional, e a partir disso à legislação infraconstitucional.
Cumprimento os bombeiros voluntários que estão nesta Casa, nessa angústia, porque enquanto a PEC n. 0001 estiver com esse texto tramitando, em nossa avaliação, um fantasma ronda este Poder Legislativo. Quanto mais rápido conseguirmos superar esse problema será melhor para todos e para a sociedade catarinense.
Muito obrigado e parabéns pelas iniciativas acertadas nesse sentido.
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Muito obrigado, deputado. Peço vênia ao deputado Romildo Titon, presidente da comissão de Constituição e Justiça, e sei que o presidente da comissão de Segurança Pública, deputado Gilmar Knaesel, vai fazer o mesmo, para que dê uma segurada na PEC, na questão da votação, enquanto esse caminho for construído.
Avançamos bastante. O caminho é outro. Agora recebemos o GPS legislativo alertando outro caminho. Essa PEC está promovendo essa construção para que possamos, desarmados, resolver legislativamente, juntamente com o Ministério Público, que é o guardião da lei, essa situação. Então, peço, de coração, deputado Romildo Titon, que v.exa. segure lá o projeto pelos menos até que possamos construir.
No dia 04 de abril teremos a próxima reunião, e tenho certeza de que vamos construir um caminho alternativo que será bom para todos os lados.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)