Pronunciamento

Kennedy Nunes - 019ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 24/03/2009
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Srs. deputados, senhores e senhoras que nos assistem, sr. presidente, deputado Valmir Comin, venho, deputado Reno Caramori, trazer aqui um assunto que me preocupa muito, deputado Manoel Mota, que são as drogas em nosso estado.
Eu recebi, na semana passada, o depoimento de uma médica de Joinville, que ao relatar a sua experiência trouxe-me uma preocupação e uma pergunta. O que o estado está fazendo para minimizar esse problema? Essa médica, deputado Pedro Uczai, tem um filho de 21 anos. Dias atrás ela chegou a casa e quando foi tomar banho não havia mais chuveiro porque o filho havia roubado; ela foi esquentar a comida, deputado Manoel Mota, e não conseguiu porque o filho havia roubado o botijão de gás com a válvula, inclusive, para trocar por crack; os eletrodomésticos da casa, deputado Jailson Lima, tinham todos sido já roubados pelo filho de 21 anos. Para conseguir guardar, deixou o dinheiro dentro do carro, na garagem. Para sua surpresa, deputado Reno Caramori, o filho quebrou o teto solar do carro e roubou o dinheiro da mãe de dentro do carro.
Segundo pesquisas da Univille, que fez o levantamento dos crimes ocorridos em Joinville, no ano passado, 86% dos crimes estão relacionados ao uso, ao consumo e ao tráfico de drogas.
Onde vamos chegar, deputado Manoel Mota? Onde vamos chegar? Onde vamos parar? Deputado Padre Pedro, lá em Joinville conselheiros tutelares vieram pedir-me, quando eu fui candidato a prefeito, para incluir no plano de governo a construção de um centro de reabilitação para menores. Eu não estou falando de adolescentes, estou falando de crianças entre sete e dez anos, que hoje, em Joinville, já estão viciadas em crack.
Deputado Sargento Amauri Soares, vemo-nos sem ação e sem saber o que fazer, principalmente por não haver políticas públicas que inibam o crescimento do uso de drogas aqui em Santa Catarina. Vamos falar de Santa Catarina, não estou nem falando do Rio de Janeiro, onde há uma guerra por todos os lados em função da disputa de pontos para o tráfico de drogas. Estou falando de Santa Catarina, estou falando de Joinville especificamente.
O estado agora tenta construir o Centro de Internação Provisória para menores infratores lá em Joinville, no parque Guarani, onde já há a penitenciária, onde já há cadeia, mas não há uma unidade do CIP. A comunidade do parque Guarani está completamente revoltada não querendo mais esse peso. E a minha pergunta é a seguinte: o governo está construindo um centro para prender menores infratores que devem pagar pelos seus atos, mas está fazendo o que para prevenir que outros menores entrem no mundo do crime? Qual é o papel do estado?
Deputado Manoel Mota, o governo do estado fala tanto em construir, em criar cargos, em criar secretarias. Eu gostaria que v.exa. pedisse ao seu governo que dissesse aqui, através de um dos seus inflamados discursos, o que o governo está fazendo para coibir a ida de menores para o mundo do tráfico. Poderia dizer quais as políticas públicas que estão sendo feitas e realizadas para diminuir a falta de opção dos jovens, das crianças e dos adolescentes para não irem para o mundo do crime.
Caso contrário, vamos ter um grande problema, vamos ter uma geração, deputado Sargento Amauri Soares, de inconseqüentes, se chegarem à vida adulta. E digo se chegarem à vida adulta, deputado Reno Caramori, porque o crack é a droga que com apenas duas ou três vezes de uso já deixa o usuário totalmente dependente, levando-o à morte em poucos meses.
Em Blumenau, terra da deputada Ana Paula Lima, do deputado Ismael dos Santos e de outros deputados desta Casa, uma menina de 19 anos foi encontrada morta na semana passada. Por quê? Porque estava fora de casa. Por quê? Porque desde os 15 anos usava crack. E agora o crack tem o seu preço que é a morte quando, muitas vezes, não pára. Eu quero trazer essa preocupação aqui para este Parlamento! Falamos hoje de região metropolitana, aprovamos hoje o projeto que vem com o fator sanguíneo na carteira de identidade, falamos aqui de tantas coisas e parece-me que esse tema não tem espaço para falar de algo que estamos sentindo na pele. E infelizmente, deputado Jailson Lima, nós hoje já podemos ter que dizer o seguinte: qual é a família que pode levantar a mão e dizer que não existe nenhum dependente químico de drogas ilícitas?
Esse assunto tem que ser tratado nesta Casa! Temos que cobrar do governo atual atitudes e políticas de atendimento para crianças, jovens e adolescentes para não irem ao mundo das drogas.
O Sr. Deputado Dirceu Dresch - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Ouço o deputado Dirceu Dresch.
O Sr. Deputado Dirceu Dresch - Parabéns, deputado Kennedy Nunes, pelo tema que traz à tribuna e quero contribuir um pouco com o que nós também vimos, pois convivemos na comissão de Segurança Pública, nas várias audiências públicas, nos presídios que visitamos, e é lamentável ver os presídios cheios de rapazes, moças, gente nova que poderiam estar trabalhando, mas infelizmente caiu principalmente o que leva-e-traz, o chefe aparece pouco lá dentro.
Então, 70%, segundo dados referente à Santa Catarina, das pessoas que estão presas hoje é por causa do tráfico de drogas, influência em casa, além do problema da família temos o problema da violência e da prisão que também é um problema do governo no caso de sustentar toda essa estrutura que hoje está sem condições de colocar novos presos, está tudo superlotado no nosso sistema prisional.
Então, além do problema familiar, estamos transferindo um problema para o estado que não dá conta de atender, porque a demanda é muito grande. Por isso, precisa haver investimento público em prevenção e isso é que está dando resultado, e também o envolvimento da própria comunidade acho ser fundamental!
Obrigado!
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Obrigado pelo aparte!
Mas, deputado, o que ouço de homens públicos dizerem que estão criando políticas públicas de atendimento, de prevenção, e de gente renomada neste país começar a falar pela liberação da droga, deputado Sargento Amauri Soares, como se fosse esse o único caminho para diminuir esse problema no país!
E daí, qual é a nossa posição, deputado Manoel Mota, o que vamos fazer diante dessa grave situação? Vamos liberar! Descriminalizamos a droga porque assim não vai muita gente presa! Daí diminui o ágio cobrado pelo tráfico! Será que é essa a saída para esta nação para cuidar e tratar de um câncer que está destruindo jovens, pais e famílias? Será que a única saída é descriminalizar a droga para que possamos ter uma forma de prender menos gente, para termos menos pessoas presas? Mas as famílias continuam sendo destruídas! Os jovens em plena hora de se formar e de trabalhar estão sendo dependentes, andando pelas ruas comendo feito bicho. Por quê? Por conta desse problema que estamos enfrentando. Vou trazer aqui semanalmente esse assunto até que de uma forma séria, honesta, sincera, sóbria possamos fazer do governo, cobrar do governo atitudes para prevenir o uso das drogas neste nosso estado.
(SEM REVISÃO DO ORADOR)