Pronunciamento

Kennedy Nunes - 011ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

Em 13/05/2010
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, srs. deputados e sra. deputada, venho falar de dois assuntos muito importantes. Um deles está relacionado à nossa cidade, à economia deste estado, à Busscar, que tem sede em Joinville e que já conseguiu judicialmente, inclusive já transitou em julgado, um crédito de IPI no valor de R$ 610 milhões, ou seja, o governo federal deve à empresa a quantia citada.
Voltando no tempo, desde 1978 existia um crédito para exportação, as empresas recebiam o crédito. Contudo, de 1992 para cá não foi mais repassado esse crédito. A Busscar entrou na Justiça e teve ganho de causa em todas as instâncias, inclusive no Supremo Tribunal Federal. A Receita Federal, inclusive, perdeu o prazo para recorrer da decisão. Sendo assim, agora não existe mais possibilidade jurídica de o governo negar a dívida com a Busscar de R$ 610 milhões de crédito de IPI.
Catarinenses, a Busscar representa, hoje, em Joinville, quatro mil empregos diretos! Ela, com certeza tem uma importância muito grande, pois a marca Busscar, antiga Nielsen, é muito forte.
Em vista disso, nós, da classe política de Joinville, queremos e estamos todos envolvidos - e agora estendo isso aos demais deputados de Santa Catarina - na confecção de um grande abaixo-assinado. Eu, por exemplo, rapidamente já consegui a assinatura de 14 deputados. A esse abaixo-assinado serão anexadas as mais de 60 mil assinaturas que já foram recolhidas em Joinville e em Rio Negrinho, onde há uma filial da empresa, e será levado ao presidente Lula, a fim de que consigamos uma definição de como vai ser o pagamento: vai ser através de precatório? Vai ser parcelado? Ou vai ser à vista? Os funcionários da Busscar, a sociedade de Joinville e de Rio Negrinho estão esperando por essa resposta do presidente Lula.
Tenho certeza de que a senadora Ideli Salvatti, o deputado Cláudio Vignatti e o deputado José Carlos Vieira, que estão à frente dessa batalha para conseguir essa audiência com o presidente Lula, terão sucesso e brevemente o abaixo-assinado será entregue e esse dinheiro será repassado.
Mas o meu segundo assunto, nesta manhã, relaciona-se a uma bandeira que estou levantando. Gostaria que os amigos parlamentares e a própria sociedade segurassem comigo a bandeira antidroga. Por isso, estou propondo a criação de uma Frente Parlamentar Antidrogas e na outra semana estarei colhendo assinaturas para que possamos implantá-la, no sentido de que o assunto seja discutido junto à sociedade, a fim de que, juntamente com o governo do estado, implantemos uma política pública de combate às drogas.
Quando se fala em combate à droga, não nos referimos apenas à repressão. Inclusive, na Folha de S. Paulo, na edição de ontem, a jornalista Andrea Murta, correspondente em Washington, publica uma matéria muito interessante com relação a essa questão, falando sobre a nova política contra as drogas nos Estados Unidos, que alia prevenção à repressão. O próprio presidente Obama diz que não dá mais para falar em guerra contra as drogas, pois o governo deve ver a questão como um problema de saúde e de segurança públicas.
É aquilo que venho dizendo há tempos. Antigamente a droga era tida como um problema dos desocupados, depois uma guerra e agora nasce a perspectiva de vê-la como um problema de saúde pública e de segurança pública.
Os Estados Unidos implantou um programa nacional de combate à droga, que vai da repressão à prevenção. A prevenção é feita através do financiamento de projetos comunitários e campanhas antidrogas nacionais para jovens. No tocante ao tratamento, há o desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos baseados em resultados. Já a ação contra a produção e o tráfico, prevê o apoio à Polícia e à Justiça também no combate ao tráfico de armas. Com relação à América Latina, o plano especifica a cooperação internacional, as ações conjuntas de inteligência e repressão contra organizações internacionais de tráfico de drogas.
É esse o objetivo desse plano que foi lançado nos Estados Unidos e que nós precisamos começar a discutir aqui.
Pretendem os americanos reduzir, em cinco anos, o índice do uso de drogas por jovens em 15%; reduzir em 10% o uso de drogas por jovens adultos; reduzir em 15% o número de usuários crônicos; reduzir as mortes causadas por drogas em 15%. Essa é a previsão para cinco anos.
O Sr. Deputado Valdir Cobalchini - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Pois não!
O Sr. Deputado Valdir Cobalchini - Muito obrigado, deputado Kennedy Nunes, e quero cumprimentar v.exa. por este pronunciamento, pois não é a primeira vez que o vejo tratando de um assunto tão grave.
Há pouco, enquanto descia para o plenário, estava tratando exatamente desse assunto e buscando formular uma proposta de política pública e de plano de combate às drogas para Santa Catarina, porque não é mais possível assistirmos na televisão e lermos nos jornais sobre esse problema passivamente, tanto na condição de deputado, como na condição de cidadão que tem um mínimo de informação. Precisamos fazer alguma coisa de forma efetiva, e aí a sua sugestão vem em boa hora, vem ao encontro do momento.
Com relação à formulação do projeto, até chamei um procurador do estado para auxiliar-me quanto à questão legal, para que o estado, através das secretarias da Educação, da Saúde e da Segurança Pública, utilizando seus próprios orçamentos, destine recursos para isso.
Não se combate a droga apenas com campanha, apenas com discurso, apenas com vontade, é preciso dinheiro. Que o estado, de forma integrada, de forma multidisciplinar, envolva os seus órgãos, as secretarias da Saúde, da Educação, da Segurança Pública e do Desenvolvimento Social, para num esforço conjunto, incluindo esta Casa, os órgãos de comunicação, as famílias, a sociedade catarinense, estancarmos, diminuirmos o problema. É claro que eliminar é um sonho. Que bom seria se pudéssemos eliminar esse câncer da sociedade, porque a cada dia ele se agrava, deputado Kennedy Nunes.
Então, quero cumprimentá-lo e somar-me a v.exa. nesse esforço que esta Casa deve desenvolver a partir de agora.
Muito obrigado.
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Quero, desde já, convidá-lo a participar dessa frente parlamentar que pretendemos criar nesta Casa.
O Sr. Deputado Valdir Cobalchini - Muito obrigado, convite aceito.
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Aproveito também para convidar o deputado Dieter Janssen e a deputada Angela Albino.
Daqui a pouco estarei com o governador Leonel Pavan para levar-lhe essa indicação e todo o processo, além de pedir que o governo invista dinheiro nessa questão, construindo clínicas públicas para reabilitação de jovens viciados e sendo parceiro das entidades que já trabalham na área.
Existem, em Santa Catarina, deputada Angela Albino, três mil leitos em centros de recuperação de entidades não-governamentais. Como eu disse, deputado Dagomar Carneiro, que preside esta sessão, é muito mais barato o governo investir num leito de recuperação, porque muito provavelmente o viciado não recuperado é o ocupante de uma vaga na cadeia amanhã. Por isso vamos levantar essa bandeira!
Muito obrigado, sr. presidente.
(SEM REVISÃO DO ORADOR)