Pronunciamento

Kennedy Nunes - 025ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 03/04/2012
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, srs. deputados, catarinenses que nos acompanham através da TVAL e da Rádio Alesc Digital, público presente, na verdade venho fazer um relato da reunião que tivemos hoje pela manhã da comissão de Proteção Civil, quando junto com os deputados Dirceu Dresch, Maurício Eskudlark, Angela Albino, Dado Cherem, pudemos ouvir do secretário de Defesa Civil, Geraldo Althoff, como também do secretário da Agricultura, deputado João Rodrigues, as ações que o governo estadual está fazendo, vem fazendo, aos municípios que estão sofrendo com a questão da estiagem no oeste. E são mais de 115 municípios que estão em estado de emergência por conta desta estiagem.
Trago aqui algumas informações, sr. presidente, que às vezes precisamos ir um pouquinho a mais, só na reclamação, um pouquinho a mais só na cobrança, porque é muito fácil jogar responsabilidades para os outros.
Isto já vem acontecendo desde o Jardim do Éden, quando tinha lá só Adão e Eva, e a Eva foi enganada por uma serpente. Quando cobrada, Eva colocou a culpa na serpente e Adão colocou a culpa na Eva. Ou seja, é muito fácil jogar a responsabilidade para o outro. Mas, deputado Sargento Amauri Soares, precisamos aprender com o histórico, precisamos aprender no dia a dia. O erro de hoje não pode ser o mesmo de amanhã. Há um ditado que diz que errar uma vez é humano, duas vezes é burrice. Por que digo isso? Porque se formos fazer um histórico dos últimos dez anos, já tivemos sete estiagens. Em dez anos tivemos sete estiagens. Quando estamos falando da agricultura que o risco chega a 30%, precisamos mudar alguns conceitos, alguns paradigmas, quando o agricultor passa a depender apenas da chuva que cai do céu para irrigar a sua plantação.
Não é possível, nós, em Santa Catarina, deputado Sargento Amauri Soares, que temos três vezes mais o volume de água por ano do que a Austrália, que tem 600 milímetros/ano, e nós temos 1.800, e com este volume de água que temos passarmos pela dificuldade dos últimos dez anos. E não estou falando aqui, é claro que não entendo nada de agricultura, estou falando do que foi tratado, plantações sendo perdidas por conta de não termos reservas de água, porque o agricultor vê na questão das cisternas um gasto e não um investimento aqui hoje na comissão de Defesa Civil, quando estávamos falando, e esse é um dos pontos.
Claro que existem outros pontos que nós como legisladores muitas vezes, não nós aqui da Assembleia Legislativa, mas os deputados federais e senadores devem mudar a legislação. Por exemplo, temos hoje uma legislação que não permite a compra de água nem o emprego de horas máquinas nem qualquer tipo de gasto, quando se trata de reserva de água para animal, somente para o consumo humano. Isso é um erro. É um erro da legislação que precisamos mudar. Onde é que já se viu um estado pecuário como o nosso, o homem do campo não ter a condição de reservar a água patrocinada pelo dinheiro público para o animal? E quando falo em animal não falo somente do boi, da vaca, falo dos porcos, pois o nosso faturamento estadual é um valor imenso, a nossa produção suína é ótima. Outro potencial grande que temos no oeste é a criação de aves.
Então, precisamos mudar a situação. Agora, isso é prova de que a evolução das necessidades acaba desaguando em leis para garantir essas questões.
Quando se fala em cisternas, veja bem, sr. presidente, que em Chapecó abriram crédito para que os agricultores pudessem fazer cisternas com dinheiro emprestado e subsidiado pelo governo. Advinha quantos agricultores foram atrás do investimento? Foram 100, 50, 20, quem sabe dez? Foram somente quatro agricultores.
Já ouvi, por exemplo, pessoas me dizerem: "Kennedy, tem agricultor que prefere correr o risco em vez de investir nas cisternas para garantir a irrigação no tempo de estiagem". Por que ele tem seguro? Negativo! Quando o trabalhador é desempregado, o estado provê, pensa no trabalhador. Em todos os setores é assim, quando é época do defeso, deputado Sargento Amauri Soares, o estado paga para o pescador não pescar, para ter no próximo ano a pesca. Esse é o defeso. Mas no caso do agricultor o seguro do agricultor paga o banco. O agricultor não ganha nada. A agricultura é o único setor que o seguro cobre os bancos e ao agricultor nada.
Da mesma forma como temos que pensar e trabalhar a cultura da prevenção na questão dos desastres ambientais, das enchentes, dos morros, da construção irregular em morros, também precisamos, digo nós, deputados, gestores, órgãos públicos, imprensa, precisamos trabalhar no sentido de fazer com que o agricultor tenha na cisterna o grande parceiro, o grande seguro de vida dele.
Nós não estamos falando de seca como a do nordeste, pois há uma diferença muito grande da seca do nordeste com a daqui, porque não sofremos a seca por consequência do clima; sofremos a seca por algumas questões climáticas, como o La Niña, que acaba trazendo, com algumas diferenças de intensidade, a seca. Nós sabemos que vamos ter seca, só não sabemos qual será a intensidade.
Agora me lembro de que fui lá em dezembro e disseram que em janeiro viria a chuva; eu fui em janeiro e disseram que em fevereiro viria a chuva; eu fui em fevereiro, disseram que em março viria a chuva; agora já estamos em abril e o que a gente ouve é que talvez no final de junho venha a água. Nem as águas de março vieram. E ficamos torcendo para que chova para diminuir um pouco o problema.
Pinhalzinho está fazendo uma logística muito grande com relação à água potável para as pessoas. Os animais não têm mais o que tomar, e continuaremos a esperar todos os meses, todos os anos, para não chegar essa seca; torcemos e fazemos preces para São Pedro mandar chuva, sendo que teremos daqui a algum tempo um monte de água que vai cair, mas não teremos onde guardar, porque para a maioria dos agricultores a cisterna é investimento, é gasto. Não, senhoras e senhores, vocês que estão aí no oeste me assistindo, mudem isso, tenham como grande parceiro para diminuir os prejuízos da agricultura a cisterna.
Para encerrar, sr. presidente, sabe como é que se avalia uma propriedade rural lá na Austrália? É pela incapacidade de litros de armazenamento de água. Não é pelo tamanho da plantação. Quanto mais água você tem guardada, você tem um valor agregado maior. E é isso que vamos fazer e pregar. É uma pregação pelo estado inteiro de mudança de cultura, para que possamos fazer com que os agricultores pensem que a cisterna é indispensável para o lucro do trabalho deles.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)