Pronunciamento

Kennedy Nunes - 064ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 11/08/2009
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, público que nos acompanha pela TVAL e pela Rádio Alesc Digital, catarinenses, estudantes e representantes de entidades aqui presentes, queremos, hoje, falar de um assunto que está em pauta, ou seja, a gripe A, que está trazendo uma dificuldade muito grande não só para todo o nosso país, mas, principalmente, para a região sul.
O deputado Joares Ponticelli relatou hoje, na reunião da bancada, a situação da cidade de Tubarão, que é crítica. O número de mortes no estado de Santa Catarina é muito grande, mas especificamente em Joinville, cidade onde moro, está sendo feito um trabalho muito sério com relação à gripe A.
Existe um medo, um pânico grande. Nesse momento, estamos recebendo muitos e-mails com informações que não sabemos se são verdadeiras ou não. Enquanto essas informações não são checadas para saber se são verdadeiras ou não, a população fica extremamente preocupada porque todos têm medo. Hoje em dia, basta alguém espirrar e todos olham como quem diz: "Puxa vida, você está espirrando aqui"?! Ou seja, foi criado o pânico.
Agora, depois de termos falado tanto, parece que o governo do estado começa a se preocupar e a dar informações em doses homeopáticas. Eu acredito que a informação ainda é o melhor remédio para tudo, ou seja, deve-se trabalhar na prevenção.
No México, onde ocorreu o grande foco dessa gripe, acabaram resolvendo o problema eliminando de uma vez por todas as reuniões públicas para que o vírus pudesse dar uma parada, e isso já está acontecendo em algumas cidades de Santa Catarina.
Eu quero ver a ação do governo do estado, mais especificamente em informações - isso, sim, é publicidade e propaganda -, dizendo os cuidados que as pessoas devem ter, dando a informação correta.
Está rolando na internet uma possível conversa, deputado Dirceu Dresch, sobre alguns médicos, deputado Antônio Aguiar, e todos estão-se perguntando: "Será que é verdade ou não"? E nós não podemos ficar à mercê desse momento, porque a internet, por um lado, é boa, mas, por outro, é muito ruim, porque inventam qualquer coisa e parecem valer aquelas informações.
Então, precisamos que o governo, seja municipal, federal ou estadual, dê a informação correta. E nela não pode haver qualquer tipo de interesse comercial, como ocorre, muitas vezes, levando pânico ao povo para que se possa vender o gelzinho antibacteriano e para que a tal empresa Roche, que é a única que tem o remédio para combater essa gripe, possa vender os seus medicamentos.
É preciso olhar de uma forma um pouquinho diferente! É necessário sair do senso comum! O que é o senso comum? O senso comum é pensar que tudo que aparece é informação correta, e muitas vezes não é. Existem os interesses das empresas que fornecem medicamentos. Elas têm, sim, o maior interesse de que a população esteja em pânico para que as pessoas comprem o remédio Tamiflu, comprem mais álcool! Em Joinville não se consegue encontrar um litro de álcool nos mercados! O que isso significa? Que as empresas que os produzem estão faturando. É por isto que elas querem que haja pânico: porque o pânico na cidade, o pânico na nação gera uma pressão por parte dos cidadãos para que o governo compre a vacina da Roche, compre o remédio.
Hoje, deputado Dirceu Dresch, o ministro Temporão esteve na comissão no Senado falando especificamente da gripe A. E eu fiquei apavorado com dois dados, deputado Elizeu Mattos. O primeiro foi que 15% das mortes no Brasil são de mulheres grávidas! O outro dado que eu fiquei de cara foi que o ministro Temporão, do governo Lula, não soube explicar por que até agora o governo só conseguiu gastar 9% do dinheiro destinado para a gripe A.
Sabem o que é isso? Há dinheiro, R$ 130 milhões, e até agora o governo só conseguiu gastar 9%! E os outros 91%?! Vão esperar a população morrer para gastar? Será que o município de Alfredo Wagner, que teve dois óbitos nos últimos dias, está tendo apoio do ministério da Saúde para comprar o remédio e não ocorrer o que houve lá? E aí alguns dizem: "Ah, houve só duas mortes"! Mas as duas mortes foram de um pai e uma filha de um município pequeno, e lá se chora, hoje, a morte desses dois cidadãos.
Será que Tubarão, que está com as aulas suspensas, está recebendo o apoio do ministério da Saúde, que até agora não conseguiu gastar o dinheiro que deveria ser gasto? Estão esperando o quê? O que o governo federal está esperando para gastar o dinheiro público e não deixar a população com esse problema? Estão esperando a população ficar mais revoltada para então comprar o tal do remédio?
Volto a dizer que eu não sou um especialista na área de saúde, como são os deputados Antônio Aguiar e Jailson Lima, que são médicos. Eu não sou um especialista nessa área, mas, pela minha formação, sei que informação ainda é o melhor remédio que existe. É tratar o problema lá na origem, é fazer prevenção.
Por isso, peço encarecidamente aos governos municipais, aos governos estaduais, principalmente ao nosso governo, e ao governo federal que deem a informação correta, que digam que a máscara deve ser usada só por quem está com gripe. Isso é uma coisa tão simples e é normal lá no Japão! Como eu e o deputado Jailson Lima já estivemos em Tóquio, posso dizer que lá é conceitual do japonês, ao ter gripe, usar a máscara, porque ele não quer proliferar a doença. E na época em que lá estivemos nem existia a gripe A. Mas lá quem está com gripe usa máscara. Aqui isso não ocorre! Aqui fica todo mundo usando a máscara sem estar com a gripe! É preciso informação!
Então, vou pedir ao governo do estado e ao governo federal que passem nos meios de comunicação a informação séria, e não com interesses financeiros para as empresas de gel e de medicamentos, porque para elas, quanto pior estiver a situação, melhor será! Esse é o nosso pedido!
Muito obrigado, sr. presidente!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)