Pronunciamento

Kennedy Nunes - 018ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 17/03/2010
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sr. presidente, srs. deputados, não vou usar o tempo todo que me foi cedido, apenas não posso deixar de falar aqui sobre algo que já foi comentado hoje pela deputada Ana Paula Lima e pelo deputado Jean Kuhlmann, mas um pouquinho diferente do que está acontecendo em Joinville.
Em Joinville vão ser inauguradas nos próximos dias, deputado Joares Ponticelli, três novas delegacias de polícia e isso dá ao cidadão um sentimento de que seus problemas de segurança pública poderão estar resolvidos, principalmente quando se trata da investigação.
Preocupa-me o fato de que posso vir aqui e apresentar, hoje ou amanhã com certeza vem ao Plenário, uma moção apelando ao governador Luiz Henrique para a abertura dessas novas delegacias - uma promessa do governador -, mas na verdade temos doze delegados em Joinville e, desses delegados que temos lá, três estão sendo transferidos, ou seja, vamos ficar com apenas nove delegados em Joinville. E agora vão abrir mais três delegacias.
Eu não sei fazer essa conta do governo do estado que abre delegacias e tira delegado. A região de Joinville, que abrange Joinville, Garuva, São Francisco, Araquari, Itapoá, deputado Marcos Vieira, está perdendo dois delegados, portanto, Joinville perde três e a região perde mais dois. Nós vamos ficar sem cinco delegados. O governo agora vai inaugurar a delegacia, e onde está o delegado?
Quer dizer que é verdade o que aconteceu em Paulo Lopes, em que os boletins de ocorrência vão para o fundo de gaveta, deputado Dagomar Carneiro? Será que é verdade? Porque não adianta abrir mais um balcão, fazer foguetório, levar todo mundo lá, fazer discurso dizendo que a Polícia está mais perto do cidadão, se não há funcionários para trabalhar! De que adianta uma delegacia sem delegados? É a mesma coisa que uma padaria sem padeiro, um açougue sem açougueiro. De que adianta uma delegacia nova sem delegado? É mais uma enrolação? Mais alguém dizendo que os boletins de ocorrência vão para o fundo da gaveta? Ou será uma tática do governo para que as pessoas não façam mais os boletins de ocorrência e cheguem aqui em Florianópolis dizendo que o índice de criminalidade baixou lá na cidade? Por quê? Porque nós não temos mais crimes! No ano passado, nós tivemos muitos homicídios e roubos contra o patrimônio e hoje isso diminuiu. É claro que diminuiu, porque abrem delegacias sem delegados! E como é que vai existir o processo?
É impressionante! Eu não consigo entender esse final fúnebre. A sensação deste governo é que alguém morreu. Eu sei o que morreu. Morreu a esperança do povo que esperou oito anos para resolver essa questão da ambulancioterapia, mas, infelizmente, neste final de semana, lemos nos jornais a morte de pessoas que, ao voltarem de Florianópolis, tiveram a sua ambulância acidentada. Por quê? Porque não acabou a ambulancioterapia!
Morreu a esperança em Joinville. E lá, deputado, uma das delegacias foi especificamente construída por alguém que tem o aluguel já feito com a secretaria da Segurança. Ou seja, o governo não quis construir e então a secretaria disse a ele que construísse que ela alugaria. Até aí tudo bem. Mas o delegado?
O Sr. Deputado Joares Ponticelli - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Pois não, deputado!
O Sr. Deputado Joares Ponticelli - Quer dizer que o negócio foi feito por antecipação?
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Sim e com contrato assinado.
O Sr. Deputado Joares Ponticelli - A parte negocial já está pronta, portanto, já há gente ganhando dinheiro. É isso que interessa para este governo. Virou um balcão de negócios, e eu estou dizendo isso há muitos dias.
Hoje de manhã nós vimos uma cena dessas: enquanto o prefeito da capital estava no interior, segundo alguns membros do governo, pedindo, com o apoio da máquina, campanha para a prévia, o pessoal da Comcap estava fazendo manifesto aqui. Está acontecendo na capital, está acontecendo no estado!
O presídio de Blumenau, v.exa. leu hoje, foi interditado pela Justiça porque não tem mais condições. O presídio de Itajaí, depois de longos anos de espera, já está com problemas na estrutura e não vai poder ser inaugurado. Isso foi noticiado hoje.
No presídio de Tubarão, cuja obra levou sete anos para começar, foram fincadas umas estacas e agora os projetos de engenharia, de hidráulica, de elétrica foram roubados. Levaram até o computador junto. Roubaram os projetos, deputado Kennedy Nunes! Então, é a falência completa.
A única coisa que este governo fez na Segurança Pública foi produzir mais votos para o secretário. Na outra eleição o secretário não se elegeu, era suplente. Depois que virou secretário foi o segundo mais votado do estado. Assim sendo, o que eles conseguiram? Foi aumentar a votação do secretário e descentralizar a violência por toda Santa Catarina.
Hoje, a violência, infelizmente, não é mais uma preocupação somente dos grandes centros, é das pequenas e médias cidades também. Foi isso que eles fizeram: transformar o governo nesse balcão generalizado de negócios. E agora nós nem sabemos o que vai acontecer!
A minha assessoria deve estar me assistindo, pois vou falar em seguida, e eu pedi a ela que me trouxesse aqui a Folha de S.Paulo de hoje. V.Exa. sabe o que estava nesse jornal hoje? Que o governador Luiz Henrique está inaugurando obras que já foram terminadas no primeiro governo, obras que precisam ser completamente reformadas, inaugurando projeto. É uma politicalha jamais vista neste estado!
Espero que sua excelência faça uma reflexão, pois há tempo ainda. Ele deve R$ 550 milhões de precatórios para todas as categorias funcionais, o que prometeu lá em 2002 e ainda não pagou. Que ele faça uma reflexão, porque agora, com a entrada de Paulo Afonso também, podem faltar votos para ser o bambambã dos senadores de Santa Catarina.
O SR. DEPUTADO KENNEDY NUNES - Muito obrigado, sr. deputado, mas deixo aqui uma reflexão: a política, a gestão em certos setores, deputado Adherbal Deba Cabral, não combina com a política. Não combina! Há certos setores do governo que são técnicos, e a visão não pode ser política e sim técnica. E a Segurança Pública é uma delas.
Por isso, eu dou total apoio à emenda do deputado Joares Ponticelli, que exige que o secretário da Segurança Pública não seja político, mas servidor de carreira. Mas onde será que está essa emenda? E quero dizer aos nobres catarinenses que fiquem tranquilos, porque a "tia" vem aí e isso vai ser mudado, com certeza!
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)