Pronunciamento

Julio Garcia - 017ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 30/04/2004
O SR. DEPUTADO JULIO GARCIA - Sr. Presidente e Srs. Deputados, assomo à tribuna desta Casa na tarde de hoje para registrar o lamentável ocorrido na noite de sábado, que invadiu a madrugada de domingo, na região Sul do Estado.
Sem dúvida nenhuma foi um fenômeno totalmente inesperado e que se constituiu numa novidade em todo o Atlântico Sul.
A Nasa detectou tratar-se de um furacão, os cientistas brasileiros entenderam tratar-se de um ciclone. A verdade é que independentemente da denominação, o fenômeno trouxe prejuízos gravíssimos para Santa Catarina, de modo especial para a região Sul.
Três Municípios se encontram em estado de calamidade pública: Arroio do Silva, São João do Sul e Sombrio. Isso levando em conta a avaliação da Defesa Civil, porque de calamidade pública é a situação em toda a região de Laguna em direção ao Sul.
Pessoas desalojadas são mais de 13 mil, mais de 2.000 desabrigados, mais de 70 feridos, uma morte; residências danificadas são mais de 32 mil, residências destruídas são centenas, unidades comerciais danificadas são 800, unidades comercias destruídas são 90, prédios públicos danificados são 120, prédios públicos destruídos são seis. Foram afetados no abastecimento de água 13 Municípios e de energia, 17 Municípios.
Na região de Sombrio, Deputado Joares Ponticelli, foram cerca de mil postes derrubados pela violência desse fenômeno ocorrido no Sul do Estado. Além disso, o fenômeno causou naufrágios e temos oito desaparecidos na nossa região.
Efetivamente o ocorrido no sábado à noite e madrugada de domingo foi algo impressionante. Só quem esteve por perto e que pôde passar pela região é que pode avaliar o pânico, a destruição.
A região era frágil para enfrentar um fenômeno dessa natureza, e somos despreparados para isso. Evidentemente trata-se da primeira ocorrência na costa brasileira de um fenômeno dessa magnitude, e podemos dizer que o sofrimento da população do Sul é muito grande, as carências são muito grandes. Pudemos perceber tanto na véspera, quando foi detectada a ocorrência do fenômeno, quanto na própria ocorrência e de modo especial depois, o espírito de solidariedade do povo daquela região.
Queremos ressaltar também, a bem da verdade, que o Governo do Estado na medida do possível tomou as medidas necessárias e possíveis para que o fenômeno tivesse conseqüências um tanto quanto menores. Mas a verdade é que depois do ocorrido as casas destelhadas precisam telhas, as pessoas desabrigadas precisam abrigo, as casas danificadas precisam ser recompostas, e tudo isso depende de ação, de solidariedade, mas que nós sabemos que é insuficiente.
Faço essa manifestação aqui no sentido de sensibilizar de modo especial as autoridades estaduais e as autoridades federais, no sentido de que a ajuda venha de fora pronta e que as decisões sejam tomadas com o sentimento de quem pôde sentir na pele a tragédia que se abateu no Sul de Santa Catarina.
Infelizmente, e eu digo isso com alguma experiência, por já ter passado por funções administrativas no setor público, infelizmente o setor público nessas horas é lento, é demorado, ele é insuficiente, e as pessoas nem sempre dedicam a essa questão de emergência o verdadeiro tratamento que o assunto requer.
E para minha decepção ontem, recebi um pedido do Município de Balneário Gaivota. Queriam as pessoas deste Município apenas dois carros-pipas para transportar a água. Eles tinham água disponível, mas não tinham a rede para fazer a distribuição.
Tentei falar com o Presidente da Casan, ele estava numa audiência pública em Laguna; tentei falar com o Diretor de Operações, ele não estava, o outro diretor não estava e o outro também não estava. Não tinha nenhum diretor, e a telefonista me deixou esperando por um tempo que eu não sei precisar, para falar com o chefe de gabinete, que também não apareceu para atender o telefone.
Imaginem o tratamento que está tendo essa gente, sofrendo, vítima de uma tragédia, e as pessoas nem estão nos seus postos para atender.
E olha, quem ligou foi um Deputado, foi um representante de toda uma região. E não tive nenhum retorno até agora, e há pouco, na frente de testemunhas, tentei novamente falar com o Presidente, que não estava; o Diretor de Operações também não estava, o outro diretor também não e o outro diretor também não. Tinham todos saído da Casa.
O apelo que eu faço é para que haja sensibilidade por parte do Governo, das autoridades, e aí não cabe só ao Governador, mas quero que o Governador tome conhecimento desse protesto e dessa reclamação que estou fazendo em nome daquela gente sofrida, pois nesta hora precisamos que os servidores públicos encarregados, aqueles que são comissionados, que são pagos pelo Poder Público para atender a população de Santa Catarina, pelo menos estejam presentes para atender essa gente, para dizer que estão tomando alguma providência, que vão dar alguma resposta, pois isso também consola. Não resolve, mas consola.
E é preciso que esse espírito humano também invada essas pessoas e que a sensibilidade possa ajudar a resolver essas questões tão graves.
O Deputado Manoel Mota, que conheceu tão de perto o perigo e as conseqüências e tudo o que aconteceu naquela tragédia, pode avaliar o quanto é importante que as autoridades estaduais e federais se sensibilizem e, muito mais do que discursos, possam efetivamente ter ações prontas para que aquela gente tenha abrigo, água, energia elétrica, que é o mínimo, e comida para poder sobreviver essa fase mais crítica, que é a fase do pós-tragédia.
O Sr. Deputado Onofre Santo Agostini - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO JÚLIO GARCIA - Pois não!
O Sr. Deputado Onofre Santo Agostini - Deputado Julio Garcia, a colocação de V.Exa. tem procedência. Veja bem: haverá recurso público para recuperar as obras públicas, hospitais, centros de saúde, ginásio de esportes. Para isso haverá verba pública. Agora, e as verbas para socorrer os pobres, as pessoas que não têm as mínimas condições? Realmente V.Exa. tem toda a razão.
Mas pedi o aparte para cumprimentá-lo e a toda Bancada do Sul de Santa Catarina, pela forma dinâmica, rápida, com que estão tentando minimizar o sofrimento dos seus conterrâneos da região Sul. Por isso, fica aqui a nossa solidariedade ao povo do Sul, e se Deus quiser esses graves problemas que afligem toda a região serão solucionados.
Parabéns a V.Exa.! Conte conosco.
O SR. DEPUTADO JULIO GARCIA - Agradeço o aparte de V.Exa., Deputado Onofre Santo Agostini. Realmente é necessário que haja a união de todos e um grande esforço para que seja minimizado o sofrimento daquela gente ordeira e trabalhadora do Sul do Estado de Santa Catarina.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)