Pronunciamento

JOAO AMIN - 019ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 19/03/2015
O SR. DEPUTADO JOÃO AMIN - Queria cumprimentar o sr. presidente, Gelson Merisio, os deputados Antônio Aguiar, Cleiton Salvaro e Neodi Saretta.
(Passa a ler.)
"O que me traz à tribuna nesta manhã de quinta-feira, dia 19 de março, é que neste dia, em 1898, morria aquele que é considerado o príncipe do Simbolismo no Brasil, movimento literário da poesia, surgido no final do século XIX.
João da Cruz e Souza nasceu aqui, na Vila Nossa Senhora do Desterro, capital da Província de Santa Catarina. O ano corrente era 1861 e os pais eram escravos do Marechal Guilherme Xavier de Souza e dona Clarinda Fagundes Xavier de Souza. O casal não teve filhos e o marechal, ao morrer, deixa em testamento pequena quantidade de dinheiro e uma parte do solar onde morava, localizado no Largo da Maçonaria.
Pelas mãos de dona Clarinda passou a estudar no Ateneu Provincial, onde foi aluno de Fritz Müller - sábio reconhecido inclusive na Europa e amigo pessoal da Charles Darwin -, que chegou a prognosticar: 'És um grande talento e vais ser um homem ilustre no Brasil'.
Adolescente, fazia rimas juvenis às primeiras namoradas e o jovem materializou-se, deputado Natalino Lázare, poeta sob a luz de um lampião, ali na esquina da rua Conselheiro Mafra com a rua Trajano - naquele tempo rua do Príncipe com rua do Livramento, rua esta, deputado Gelson Merisio, onde iremos caminhar domingo à tarde, na Procissão do Senhor dos Passos.
Em 1883 o poeto deixa Desterro com a Companhia de Teatro Ismênia dos Santos, na condição de 'ponto', e vai para São Paulo, Pernambuco, Ceará, Maranhão e Bahia. E é na Bahia, em 1884, aos 23 anos de idade, que profere o famoso discurso em favor da abolição.
Em 1885, com o amigo Virgílio Várzea, publicou o livro 'Tropos e Fantasias'. Em 1887 foi tentar a vida no Rio de Janeiro, mas pouco depois voltou sem sucesso. Nova tentativa em 1889, quando conseguiu emprego e passou a colaborar com jornais e revistas, tornando-se líder de uma geração para, em seguida, ser alçado à condição de maior expressão do movimento Simbolista.
Lançou, em 1893, o livro 'Missal e Broquéis'; nesse mesmo ano casou com Gavita e foi nomeado arquivista na Central do Brasil.
Atingido pela tuberculose, buscou tratamento em Sítio, Minas Gerais, mas lá faleceu, em 19 de março de 1898. O corpo foi despachado para o Rio de Janeiro num vagão de trem para transporte de gado e enterrado no Cemitério de São Francisco Xavier. Ainda em 1898, após sua morte, foi publicado o livro 'Evocações'. Em 1900, saiu a coletânea 'Faróis'.
Gavita morreu em 1901, também de tuberculose, mal do qual acabaram morrendo os três filhos do casal. Em 1905, foi editado em Paris o livro 'Últimos Sonetos'. Na data de hoje completamos 116 anos do seu falecimento e, nesses mais de 100 anos, o poeta libertou-se dos conflitos terrenos, entre eles o preconceito e a agonia das doenças que lhe perseguiram ao longo da sua vida.
Já em 26 de novembro de 2007 seus restos mortais foram trasladados para Florianópolis onde permanecem depositados numa urna exposta no Museu Histórico de Santa Catarina, no Palácio Cruz e Souza.
Gostaria de terminar esse pronunciamento falando a primeira estrofe do poema que mais me chama a atenção: Velho vento vagabundo.
Velho vento vagabundo!
No teu rosnar sonolento
Leva ao longe este lamento,
Além do escárnio do mundo."
Termino a minha fala também destacando que, hoje mesmo, encaminharei um pedido ao governador do estado de Santa Catarina para que seja feita a revitalização do espaço, que está em condições periclitantes, que é o seu mausoléu no Palácio Cruz e Souza.
Um bom dia a todos!
Muito obrigado.
(SEM REVISÃO DO ORADOR)