Pronunciamento

Ivan Naatz - 055ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 09/07/2008
O SR. DEPUTADO IVAN NAATZ - Sr. presidente, sras. deputadas e srs. deputados, antes de iniciar o meu pronunciamento, eu gostaria de simplesmente reparar o equívoco que pairou sobre o nosso pronunciamento na última sessão, quando convidamos os deputados suplentes a nos acompanhar no voto relativo ao requerimento do secretário Ivo Carminati.
Nós simplesmente pedimos que aqueles que estão aqui, assim como nós que chegamos novos na Casa, votassem com o nosso entendimento. Nada mais que isso. Então, se de alguma forma houve um entendimento divergente, quero aqui esclarecer para que não pairem dúvidas sobre o nosso pronunciamento.
Dito isso, quero fazer a seguinte observação, deputado Joares Ponticelli: na minha casa eu tenho um cachorrinho bem pequenininho, uma poodle bem pequenininha, mas que tem uma boca enorme. Quando chega uma visita ela abre a boca assustadoramente e quem está do lado de lá da porta acha que é um animal violento, diante da boca daquela cachorrinha. Mas na verdade quando se abre a porta e se vê o seu tamanho, percebe-se que a coisa é mais simples, é muito fácil de administrar. Sempre levo em consideração que a Keli é pequenininha, mas tem uma boca bem grande. E que quando se abre a porta e vê o seu tamanho, percebemos que a coisa não é bem assim.
Dito isso, quero chamar à responsabilidade o estado para uma necessidade urgente que estamos tendo na região de Blumenau. As pessoas estão necessitando de tratamento oftalmológico, existem pessoas esperando há dois anos para fazer apenas uma cirurgia de catarata nos hospitais da nossa região, o que é um absurdo, uma afronta aos direitos do cidadão. Gostaria de chamar à responsabilidade a secretaria de Saúde do estado e do município de Blumenau para que se corrija essa questão do tratamento oftalmológico.
Com relação ao livro, às manifestações do Nei Silva hoje pela manhã, não me sinto em condições de estar no nível do que colocou aqui o deputado Pedro Uczai quando falou sobre o que foi hoje a entrevista, o bate papo que houve com os deputados e com a imprensa em geral.
O empresário Nei Silva se mostrou um cidadão muito equilibrado, um cidadão com a pontuação nos seus dados, a pontuação perfeita naquilo que fala e nas suas manifestações. Eu me arrisco a dizer que é preciso instalar o contraditório. É isso que temos que tentar defender aqui, a instalação do contraditório. Isso em qualquer democracia, por mais falha que seja, por mais simples que seja, o contraditório tem que ser instalado.
Por enquanto Nei Silva fala e fala com propridade; fala e apresenta documentos; fala e traz provas; fala e convence. Por que o governo não instala o contraditório? Por que não instalamos a CPI? Por que não instalamos aqui uma audiência para saber qual a versão do governo em relação a essa história? Por que tanta omissão?
Então, eu diria até que a reunião de hoje foi extremamente inteligente, porque Nei Silva se colocou muito pontual naquilo que fala.
O Sr. Deputado Joares Ponticelli - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO IVAN NAATZ - Pois não!
O Sr. Deputado Joares Ponticelli - Quero chamar a atenção dos deputados Clésio Salvaro e Décio Góes. O Nei Silva hoje trouxe um fato novo, esclareceu um fato sobre a reunião dele no gabinete do secretário Ivo Carminati em novembro de 2007.
E aí num trecho da conversa que foi interrompida pela secretária Maiara, o Nei cobrando a conta, o Ivo teria dito: "olha, isso é muito dinheiro, isso é dinheiro de uma campanha." E o Nei respondeu: "o senhor sabe que não, poxa!" O dr. Ivo disse: "tu sabes que sim, nós gastamos R$ 1 milhão na campanha de Criciúma." Então eu fiz a seguinte pergunta para o Nei: "Esse R$ 1 milhão que o Ivo Carminati disse para o senhor que foi gasto na campanha de Criciúma, foi na campanha de prefeito ou de governador?" E o Nei Silva respondeu: "O Ivo afirmou que foi R$ 1 milhão gastos na campanha de Criciúma para prefeito".
Parece-me que só está declarado, nas contas do prefeito, algo em torno de 1/3 disso. Então o dr. Carminati, aquele especialista no crime como advogado - por enquanto ainda não estou afirmando que é especialista no crime da outra ponta -, fez uma revelação, foi dita hoje, o que é mais um crime. Porque se ele disse que foi R$ 1 milhão para a campanha de Criciúma, e na prestação de contas só tem R$ 300 mil, eu quero chamar a atenção e passar essa informação publicamente aos deputados Clésio Salvaro e Décio Góes.
O SR. DEPUTADO IVAN NAATZ - Muito bem, deputado Joares Ponticelli, não foi só isso que disse o Nei Silva, ele trouxe todas as edições das revistas, confirmou que as remeteu aos advogados pelo correio, porque essa nossa colocação foi questionada ontem aqui. Quando eu disse que recebi pelo correio as revistas, fui aqui questionado sobre a veracidade dessa informação. Foi confirmada hoje essa informação, todos os advogados de Blumenau receberam, assim como eu também, de graça. Eu não era assinante e recebi todas as edições. A troco de quê?
Então nós precisamos dar uma resposta para a sociedade. Os fatos que o Nei trouxe hoje confirmaram a precisão dos detalhes, o local, disse que existem provas, disse que fez manifestação. O flagrante armado! Flagrante armado, flagrante preparado, qualquer jurista sabe! E o delegado Renato falou muito bem quando disse flagrante preparado. Prepararam o flagrante! Qualquer jurista sabe que isso é ilegal, que não pode ser feito, que não tem validade.
O governo então coloca todos esses fatos embaixo do tapete, não permite que se ouça a outra parte, porque a parte da acusação, a parte que quer a investigação, a parte que quer esclarecer a verdade, está aqui pedindo. A bancada de Oposição está pedindo esclarecimento, e o governo se mantém inerte em fazer a sua defesa.
Eu lamento porque em qualquer democracia chinfrim do mundo, este governo já teria caído. Sr. deputado Pedro Uczai, em qualquer democracia chinfrim do mundo este governo já teria caído.
Não há mais o que esperar se não determinarmos uma investigação profunda. Volto aqui a pedir que nos debrucemos, as bancadas de Oposição e a do governo, os independentes que se debrucem em busca da ouvida do governo.
O governo permanece inerte porque sabe que se nós mexermos, se nós cavocarmos vamos encontrar ali, não as provas, porque elas o Nei já trouxe, mas a verdade real daquele imbróglio, daquela safadeza, daquela irresponsabilidade que foi a criação da descentralização na revista Metrópole.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)