Pronunciamento

Ismael dos Santos - 005ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 11/02/2010
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, srs. deputados, telespectadores da TVAL e ouvintes da Rádio Alesc Digital, inicialmente gostaríamos de fazer uma menção, já que ontem por questão do horário regimental não pudemos fazer uso da palavra, enaltecendo o secretário da Fazenda, Antônio Gavazzoni, que veio esta Casa com uma postura empreendedora, ética, eficiente e que nos deu uma aula de Direito Administrativo, na tarde de ontem.
De fato, o Parlamento serve exatamente para isso e até entendo, sr. presidente, que oxalá nesta Casa nós pudéssemos ter, a cada semana, pelo menos um secretário do governo, deputado Moacir Sopelsa, para que pudéssemos questionar, porque este realmente é o espírito do parlamentarismo, ou seja, o legislador com trânsito, com contato com o Executivo.
Os nossos parabéns, portanto, ao nosso secretário da Fazenda. Ficou muito patente que o secretário está cumprindo o seu papel de gerir os recursos do estado por meio de uma política fiscal que visa ao bem-estar social.
Eu quero solidarizar-me com o deputado Sérgio Godinho e parabenizá-lo por sua profícua passagem nesta Casa; quero desejar-lhe sucesso na sua caminhada e, em especial, na sua reivindicação referente ao Hospital Nossa Senhora dos Prazeres. Conheço bem a situação, pois morei sete anos em Lages, casei com uma lageana e estive internado também no referido hospital na década de 80. De fato, é uma reivindicação muito legítima porque aquele hospital atende toda a região serrana.
Mas por falar em hospital, faço aqui um apelo a nossa secretária Carmen Zanotto em relação ao Hospital Beatriz Ramos, de Indaial. Aquele hospital desde 2006 vem com a construção de uma UTI, que terá dez leitos. Sabemos que Indaial é cortada por uma rodovia federal, onde ocorrem muitos acidentes todos os dias. São 100 mortes a cada ano na BR-470 e já não há mais condições de abrirmos mão da conclusão da obra do Hospital Beatriz Ramos, em Indaial.
Hoje o vale do Itajaí tem 130 leitos de UTI, incluindo aí Blumenau, Balneário Camboriú, Itajaí, Brusque e Rio do Sul. Precisamos, portanto, acrescentar esses dez leitos no Hospital Beatriz Ramos, de Indaial.
Sabemos que a obra teve alguns problemas burocráticos em relação à Vigilância Sanitária, mas agora basta a liberação dos recursos. Assim, espero que a secretária Carmen Zanotto possa de fato entender a importância daquela UTI para a região do alto vale do Itajaí.
Quero também fazer menção, nesta manhã, sr. presidente e srs. deputados, e parabenizar o Samae - Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto -, de Blumenau, que conseguiu, no último ano, aumentar em 128% o serviço de coleta de lixo reciclável.
Nós sabemos que a questão do lixo deve ser, hoje, prioridade na pauta de qualquer agente público, deputado Derli Rodrigues. Embora, nem sempre haja a repercussão eleitoral que se queira, mas o crescimento demográfico aliado ao alto consumo está-nos levando ao extremo da produção de lixo. E faltam locais apropriados, principalmente para o chamado lixo não degradável, e a solução, sem dúvida, está na reciclagem, que vai dar toda essa sustentabilidade ambiental.
Estava lendo uma pesquisa do IBGE, que diz que 14% da população brasileira são atendidas pela coleta de lixo reciclável, o que significa apenas 7% dos municípios brasileiros. Portanto, precisamos acelerar o processo de adoção da filosofia ecológica chamada três "Rs", ou seja, reduzir, reciclar e reutilizar o lixo no nosso país. Quero também dizer ao IBGE que o lixo e a limpeza urbana no Brasil movimentam atualmente R$ 17 bilhões.
É dentro desse contexto que quero ressaltar esse exemplo positivo do Samae, que aumentou em 128% o serviço de coleta do lixo reciclável em Blumenau, o que demonstra também o positivo envolvimento da população nessa questão. Ampliar o número de cidades, de bairros, de ruas, não é meramente uma opção, hoje é uma imposição a todo agente público.
Sr. presidente, sras. deputadas e srs. deputados, quero concluir trazendo aqui uma reflexão.
Temos sido muito questionado, sobretudo, pelo nosso trabalho na área social e também nos meios de comunicação em relação às programações da TV brasileira. E quero referir-me de forma específica ao programa Big Brother Brasil, tenho sido muito questionado, deputado José Natal, sobre isso. A casa dos heróis, assim chamada pelo comentarista e apresentador Pedro Bial, para este deputado é a suprema banalização do sexo. É isso no que se transformou o BBB.
Eu recebi um e-mail e quero compartilhá-lo com os telespectadores da TVAL, com os ouvintes da Rádio Digital Alesc e com os nossos deputados, porque achei muito interessante. Um dos repórteres da rádio que transmite o Big Brother Brasil diz que para ganhar R$ 1,5 milhão do programa é preciso trilhar um caminho árduo e que, portanto, os participantes são heróis.
Eu pergunto, deputado Lício Mauro da Silveira, mas que heróis são esses? Que exemplo de heróis são esses? Caminho árduo é aquele percorrido por milhões de brasileiros, profissionais da saúde, professores, profissionais incansáveis, carteiros, lixeiros, que passam horas exercendo as suas funções com dedicação, competência e amor e quase sempre são mal remunerados. Heróis são milhares de brasileiros que nem sequer têm um prato de comida por dia, um colchão decente para dormir e conseguem sobreviver todo santo dia. Heróis são inúmeras pessoas que trabalham nas entidades sociais, nas ONGs, nas igrejas, nos hospitais, dedicam-se a cuidar de carentes, doentes, necessitados. Heróis são exatamente esses que lutam dia-a-dia para sobreviver.
O Big Brother Brasil não é um programa cultural, não é educativo, não acrescenta informações, não traz cultura, não traz nenhuma perspectiva intelectual e nem traz ensino algum. Aliás, o que está por trás do Big Brother Brasil é muito dinheiro.
O José Nêumanne Pinto, da Jovem Pan, fez um cálculo no sentido de que se 29 mil pessoas ligarem a cada paredão, com o custo de ligação de R$ 0,30, a rede de televisão que transmite o programa vai arrecadar R$ 8,7 milhões em cada paredão, deputado José Natal! Já imaginaram aonde poderia ser investido esse recurso? Pelo menos 520 casas populares poderiam ser construídas!
Não estou aqui trazendo palavras de revolta, de protesto, mas de vergonha, de indignação. Eu entendo, deputado José Natal, que ao invés de assistir ao BBB, que tal ler um livro, ir ao cinema, até ler um artigo do Arnaldo Jabor, um poema do Mário Quintana, estudar, ir a uma igreja, pescar, brincar com as crianças? Isso, sim, valeria à pena! Assistir ao Big Brother Brasil é ajudar simplesmente uma rede de televisão a ganhar dinheiro e, pior do que isso, a destruir o pouco que temos dos valores éticos e princípios que podem transformar esta nação.
O Sr. Deputado José Natal - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Pois não!
O Sr. Deputado José Natal - Deputado Ismael dos Santos, parabenizo v.exa. pelo tema e tenho perguntado em diversos lugares do estado, quando alguém vem fazer uma solicitação principalmente de emprego, qual a sua qualificação profissional ou se está estudando. Se a resposta é de que não está estudando, a primeira coisa que eu digo é a seguinte: "Mas você assiste ao Big Brother Brasil ou ao programa do Datena, não é?" E cito esse programa porque só mostra desgraça. E em seguida, pergunto: "Você conhece a TV Cultura?" E se a resposta é não, emendo logo: "Pois é, se tu tivesses esquecido tudo isso e mesmo não tendo estudado houvesses ligado a tua televisão na TV Cultura, já serias outra pessoa".
É nessa linha que eu tenho tentado conduzir as mães: enquanto os filhos ficarem debruçados na frente da televisão, assistindo a essas novelas que na maioria das vezes não acrescentam nada, vocês irão continuar falando mal de político, falando mal da vida.
Parabéns a v.exa., pois essa é a realidade lamentável do Brasil, neste momento.
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Muito obrigado, deputado. De fato o Big Brother Brasil é uma sentença de morte cultural e ética deste país.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO ORADOR)