Pronunciamento

Ismael dos Santos - 013ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 10/03/2009
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente em exercício, srs. deputados, também não poderia deixar de registrar a nossa homenagem ao Dia Internacional da Mulher, especialmente pelo momento que participamos aqui nesta tarde, a Campanha Brasileira do Laço Branco, pelo fim da violência dos homens contra a mulher. E lembrava-me quando aqui as mulheres faziam suas exposições, suas interferências no que dizia Dom Quixote, na ficção de Cervantes.
(Passa a ler.)
"Perco pouco, se perco a propriedade. Perco muito se perco um amigo. Perco tudo se perco a coragem."
Que as mulheres catarinenses possam continuar com essa intrepidez, com essa coragem buscando suas metas e cumprindo os seus desafios.
Quero também fazer o registro nesta tarde, sr. presidente, srs. deputados, dos 30 anos do Sedup. Já houve aqui um requerimento aprovado, mas permitam-me expressar também a minha gratidão a todos os funcionários, aos mais de 120 professores do Sedup Hering, que completou 30 anos, onde tivemos a oportunidade de presenciar uma belíssima cerimônia ontem. O Sedup, hoje, tem mais tem mais de 2.600 alunos, 25 laboratórios e 14 cursos.
Nossos parabéns ao diretor Bernardo Campestrini e a toda equipe que trabalha, que atua na educação, no Sedup.
Quero também registrar que participei, ontem, em Blumenau, do Seminário de Estratégia Habitacional de Blumenau e região. Sabemos que o desastre ambiental que abalou o vale do Itajaí em novembro de 2008 tornou-se também uma oportunidade para se repensar a ocupação habitacional no vale do Itajaí. E ontem estivemos neste seminário, um encontro social que propôs exatamente a discussão de novas estratégias para a construção planejada. Foi um seminário voltado a profissionais, arquitetos, engenheiros, professores, acadêmicos e também a administradores públicos, numa iniciativa do Instituto dos Arquitetos do Brasil.
Sr. presidente, srs. deputados, enquanto falo aqui nestes dez minutos, pelo menos três pessoas vão morrer no mundo por causa do vício em drogas ilícitas. A Escola Superior de Guerra fez um levantamento, e numa perspectiva tenebrosa, registrou que nos próximos sete anos 50% dos jovens terão contato com as drogas, sem falar das drogas lícitas como o álcool que causa hoje no Brasil uma média de 57 mortes, diariamente.
A imprensa no vale do Itajaí registrava no começo do mês de março em manchete de letras garrafais: "Craque mata sonhos de Pâmela". Viciada desde os 15 anos, a jovem que queria se formar em direito, ser modelo e ter filhos, foi assassinada e há suspeitas de que haja relação com dívidas do tráfico. Diziam as autoridades durante essa tragédia ocorrida em Blumenau com essa jovem que só em Blumenau há hoje cerca de cinco mil viciados em craque. Eu multiplicaria por três.
Há dez anos comando uma ONG, o Centro Terapêutico Vida, onde atendemos dependentes de substâncias químicas, e sabemos muito bem desta realidade. Especialmente o dependente de craque marginaliza-se com muita rapidez, pois precisa fumar cinco pedras por dia, e para isso se desfaz de todos os bens, furta familiares e começa a cometer crimes cada vez mais graves.
Por tudo isso, sr. presidente e srs. deputados, entendemos que o debate da dependência química precisa também estar neste Parlamento. É fundamental separar o debate sobre a dependência da questão da repressão ao tráfico. Sabemos que o combate à droga pela via policial é caro e ineficiente. E é preciso que nós, parlamentares, sendo a voz do povo catarinense, estejamos engajados em soluções.
Agora, é impossível apresentar alternativas sobre um problema que não conhecemos, que não sabemos qual o diagnóstico. E por que não se conhece? Não sabemos a dimensão do problema no local onde ele ocorre, na cidade, na região. Não sabemos quais as políticas públicas existentes hoje na questão da drogadição; não sabemos quais as alternativas que as famílias dispõem próximas às suas casas, na sua cidade ou região para salvar a vida de um familiar, de um filho; não sabemos quais os tratamentos disponíveis, a quem estão acessíveis esses tratamentos, por quem são prestados; não sabemos qual é o papel do Poder Público. Enfim, é preciso pensar em criar, quem sabe nesta Casa, uma comissão para conhecer a realidade de cada região, de cada cidade, a dor das famílias catarinenses que estão perdendo seus filhos para as drogas. Somente após termos essas informações, esse diagnóstico, é que poderemos fazer um prognóstico; e entendendo essas estatísticas, esses números, as particularidades de cada uma das cidades catarinenses, então poderemos propor soluções exeqüíveis, necessárias e, acima de tudo, urgentes.
Portanto, sr. presidente e srs. deputados, nós estaremos encaminhando nas próximas sessões um pedido oficial a esta Casa, a este Parlamento visando uma proposta para diagnosticar o problema da drogadição no estado de Santa Catarina.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)