Pronunciamento

Ismael dos Santos - 023ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 31/03/2011
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, srs. deputados e sras. deputadas, antes de abordar a temática relacionada, inclusive, à questão partidária, neste espaço do Democratas nesta manhã, quero também fazer referência à data de hoje, 31 de março, Dia da Saúde e Nutrição, uma boa data para lembrar os cuidados que precisamos ter com a alimentação.
Recebi, nesta semana, um e-mail da nossa amiga Marlene Inês da Silva Felisbino, de Jaraguá do Sul, nutricionista e membro do Conselho Regional de Nutrição de Santa Catarina, que traz algumas informações interessantes para uma reflexão neste dia.
Segundo nossa amiga Marlene, num país em que em se plantando tudo dá, 64% da produção anual viram fumaça, há altos níveis de desperdício tanto na cadeia produtiva quanto no armazenamento e consumo dos alimentos; 20% se perdem na colheita; 8%, no transporte; 20%, no cozimento; 15%, no processamento; enfim, num país ainda paradoxal temos, por um lado, a fome, pois segundo estatísticas oficiais 11 milhões de brasileiros padecem de fome; e, por outro lado, temos a insegurança nutricional, já que dados recentes nos dão conta de que há 17 milhões de obesos no país.
Por tudo isso, este é um bom dia para lembrarmos a importância da alimentação saudável. Inclusive, recebemos hoje, pela manhã, bonitos folders sobre a questão da alimentação saudável, da qualidade de vida, citando, de forma específica, a o problema da obesidade infantil.
Parabéns ao Conselho Regional de Nutrição de Santa Catarina e a todos aqueles que se preocupam, não só com a questão da fome, mas também com a obesidade e com o desperdício.
Srs. deputados, aproveito este momento de debate sobre a reforma política no país para, neste espaço, expressar a minha preocupação quanto ao assunto, já que no dia de ontem, o Senado Federal, através da sua comissão política, por oito votos a seis, se não estão equivocado, escolheu como opção, deputado Reno Caramori, o voto em lista.
Tenho conversado muito sobre isso por onde tenho passado, no interior do estado, com lideranças e acompanho, inclusive, a questão contra o voto em lista. Mas acompanho as estatísticas que nos dão conta de que 72% da população brasileira não concordam com o voto em lista. Entendemos, e essa é a minha perspectiva ao longo dos anos que tenho militado na política, pelo menos nesses últimos 30 anos, sendo 12 anos como vereador, de que vamos tirar o direito da população de votar, sim, nos seus candidatos.
Bom, entra-se com a teoria de que temos que fortalecer os partidos, mas estamos tirando a legitimidade da população de votar em quem de fato deseja. Sem discutir aqui o voto distrital, que possui algumas nuanças positivas, sou contra o voto em lista e, particularmente, sou contrário ao financiamento público de campanhas, porque vamos tirar dinheiro da Saúde e da Educação, por exemplo, enquanto o caixa dois vai continuar existindo.
Com relação especificamente ao voto em lista, qual é a minha preocupação? A minha preocupação - e eu já fiz uma exposição nessa linha de pensamento nesta Casa e quero reforçar, tendo em vista o resultado da eleição de ontem no Senado Federal - é que nos nossos municípios, os partidos irão tornar-se um balcão de negócios. Falo não só dos grandes, mas especialmente dos pequenos municípios, porque se um empresário, por exemplo, em José Boiteaux, onde haverá eleição neste domingo, que nunca foi candidato a nada, nunca foi político, chegar ao partido e disser que quer filiar-se e ser vereador da cidade e que tem dinheiro para financiar a campanha do prefeito, ninguém vai resistir. Ele vai ao partido, filia-se, investe R$ 500 mil em José Boiteaux para eleger o prefeito e diz: "Tudo bem, vou eleger o prefeito, mas o meu nome para vereador tem que ser o primeiro da lista". É o voto em lista!
Deputado Nilson Gonçalves, como eu disse, foi aprovado na comissão especial e a aprovação, infelizmente, foi capitaneada pelo senador Luiz Henrique da Silveira. Agora o assunto segue para deliberação do plenário do Senado Federal.
Mas, seguindo essa linha de raciocínio, a pessoa que não possui votos, mas tem recursos, dinheiro, certamente financiará o partido político e terá seu nome no primeiro lugar da lista. No dia da eleição, ele consegue 100 votos, o outro candidato consegue 1.000, mas não entra porque o direito é do primeiro da lista. E mais uma vez a voz da democracia será sufocada neste país.
Então, quero posicionar-me contra o voto em lista. Conclamo a sociedade catarinense a estar conosco nesse protesto, nessa luta contra a perspectiva do voto em lista, porque entendemos que a representatividade vai estar no balcão de negócios com os partidos.
Fica aqui o nosso registro e certamente essa discussão será ainda comentada em outros debates nesta Casa. De qualquer forma, quero lamentar a votação de ontem na comissão do Senado Federal, que por oito a seis aprovou a ideia do voto em lista. Espero que vença a voz da democracia, a voz da população brasileira, que já colocou o seu posicionamento, pois 70% dos brasileiros são contra a proposta do voto em lista.
Precisamos fortalecer os partidos? Sim. Mas acima dos partidos está o candidato, está o representante que pelo seu voto tem o mérito de estar numa Casa como esta.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)