Pronunciamento

Ismael dos Santos - 072ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 27/08/2009
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, sras. deputadas, srs. deputados, telespectadores da TVAL e ouvintes da Rádio Alesc Digital, quero cumprimentar o deputado Dionei Walter da Silva pela sua experiência nesta Casa e pelos rápidos 60 dias em que estivemos juntos, ocasião em que pude conhecer um pouquinho melhor o seu trabalho. Desejo sucesso na sua caminhada como legítimo representante dos catarinenses, sobretudo da nossa Jaraguá do Sul.
Eu gostaria de trazer hoje um assunto mais na perspectiva filosófica, deputado José Natal, porque ao percorrer o estado de Santa Catarina tenho recebido diversos e-mails da sociedade que cobra, de forma muito latente, a representatividade em relação à classe política, deputado Giancarlo Tomelin, v.exa. que também tem ocupado esta tribuna com discursos dessa estirpe, no sentido de que é preciso qualificar os nossos Parlamentos.
Em 2000 eu escrevi um livro, um pequeno manual ligado às Câmaras de Vereadores, com a temática Ética e Estética na Voz Parlamentar, e, recentemente, no mês de julho, lancei outro livro chamado Jeitinho Brasileiro, buscando discutir exatamente essas questões éticas. Mas não temos dúvidas de que a crise política, sobretudo, a do Senado, é uma crise sem precedentes, em nível de Congresso Nacional, e nos leva a essas reflexões éticas.
Eu li, com carinho e com muita atenção, o artigo publicado pelo ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, publicado no jornal A Folha de S. Paulo, e gostaria de pinçar aqui algumas frases do articulista, que foi muito pontual e sábio nas suas colocações.
Ele principia dizendo:
(Passa a ler.)
"Nenhuma profissão é mais nobre do que a política porque quem a exerce assume responsabilidades só compatíveis com grandes qualidades morais e de competência. A atividade política só se justifica se o político tiver espírito republicano, ou seja, se suas ações, além de buscarem a conquista do poder, forem dirigidas para o bem público, que não é fácil definir, mas que é preciso sempre buscar. Um bem público que variará de acordo com a ideologia ou os valores de cada político, mas o qual se espera que ele busque com prudência e coragem. E nenhuma profissão é mais importante, porque o político, na sua capacidade de definir instituições e tomar decisões estratégicas na vida das nações, dos estados e dos municípios, tem uma influência sobre a vida das pessoas maior do que a de qualquer outra profissão."
E aí diz o articulista, falando sobre a perspectiva da ética.
(Continua lendo.)
"A ética da política, porém, não é a mesma ética da vida pessoal. É claro que existem princípios gerais como não matar ou não roubar, mas entre a ética pessoal e a ética política há uma diferença básica: na vida pessoal deve-se esperar que cada indivíduo haja de acordo com a ética da convicção, ou seja, a ética dos princípios morais aceitos em cada sociedade; já na política prevalece a ética da responsabilidade."
Entre outras considerações, o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira, nesse artigo que estou citando, publicado no jornal O Estado de S. Paulo, fala que a imoralidade quanto aos meios é aquela que resulta dos meios utilizados e sendo definitivamente condenáveis, que a imoralidade quanto aos fins é aquela que se materializa quando falta ao político a noção do bem público.
E conclui o articulista dizendo:
"Quando pensamos nos principais responsáveis pela atual crise moral, o que vemos é que poucos foram imorais apenas em relação aos meios, utilizando meios condenáveis como a corrupção e o suborno, mas se mantendo fiéis aos seus valores. A maioria é constituída de políticos que traíram todos os seus compromissos e passaram a adotar políticas econômicas que até o dia anterior criticavam acerbamente. Não agiram de acordo com a ética da responsabilidade, mas de acordo apenas com o seu interesse em se compor com os poderosos ou com os que pensam ser os poderosos. Seu único objetivo era e continua a ser sua permanência no poder. Um desses políticos acabou de perder o poder em um dos episódios mais lamentáveis de nossa história, o outro continua a fazer campanha como se não fosse responsável por nada. Esse tipo de política, porém, tem vida curta nas democracias."[sic]
Eu fecharia esse artigo do eminente ex-ministro Bresser Pereira dizendo, deputado José Natal, que sem ética não há caráter e sem caráter não há futuro.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)