Pronunciamento

Ismael dos Santos - 038ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 10/05/2011
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, srs. deputados e sra. deputada, inicialmente, quero parabenizar a equipe da secretaria de Obras de Blumenau e o prefeito João Paulo Kleinübing, por mais uma conquista nesta manhã: as equipes colocaram a última viga no viaduto da Via Expressa, em Blumenau, no dia de hoje. Essa via, em Blumenau, ligará a região central da cidade à BR-470, num investimento de R$ 5 milhões.
Meus parabéns, em especial, à secretaria de Obras da prefeitura de Blumenau por essa conquista que assegura o progresso e o desenvolvimento, em especial da região norte do município de Blumenau.
Sr. presidente, srs. deputados e sra. deputada, nesta breve intervenção, gostaria de ressaltar o que foi dito, hoje, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele, que faz parte também da Comissão Global sobre Política das Drogas, tem algumas ideias que, inclusive, se contrapõem à minha perspectiva de ver a questão da maconha no Brasil.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse o seguinte, hoje pela manhã: "Eu não tinha consciência da gravidade e do que significava essa questão em outras épocas como tenho hoje." Fernando Henrique Cardoso está sendo convidado para falar no Senado Federal sobre a descriminalização das drogas, tema que vem à tona porque na última semana iniciou-se uma série de eventos chamados de Marcha da Maconha, programado para 15 capitais do país, inclusive, deputado Maurício Eskudlark, para Florianópolis, no dia 28 de maio, no trapiche da beira-mar norte.
Entendo a liberdade que se presume ter quando se fala da Marcha da Maconha como um ato público de defesa da liberação dessa droga, mas gostaria de trazer algumas informações para o debate nesta Casa. Primeiramente, gostaria de lembrar que segundo o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, há no Brasil, pelo menos, quatro milhões de usuários de maconha. É verdade que muita gente defende a liberação da maconha como uma perspectiva da livre manifestação do pensamento, mas fiz uma pesquisa recentemente, do ponto de vista científico, e falo isso porque há 15 anos trabalhamos com dependentes químicos e temos observado que a porta de entrada para as drogas pesadas é sem dúvida o consumo da maconha.
Tenho aqui, por exemplo, o Jornal Molecular, científico, dos Estados Unidos, que publicou o seguinte:
(Passa a ler.)
"Fumar maconha resulta em alterações na corrente sanguínea que podem colocar usuários crônicos em risco de desenvolver sérios problemas cardiovasculares, tais como infarto e derrame."
Trago também a reportagem do jornal mantido por clínicas de recuperação no país, chamado de Guia das Clínicas de Recuperação, que fala o seguinte:
(Passa a ler.)
"Cientistas liderados por David Moir, do Programa de Controle do Tabaco, encontraram na fumaça inalada de maconha uma quantia de amônia igual a de 20 cigarros. Os níveis de cianeto de hidrogênio e de óxido nítrico - que afetam coração e pulmões - aparecem em concentrações três a cinco vezes superiores."
Tenho também publicações de outro jornal, da Alemanha, que fala sobre o uso regular da maconha, que o uso moderado e regular também pode ser perigoso, e o perigo aumenta de acordo com o tempo e a dose de utilização. Dizem os cientistas alemães:
(Passa a ler.)
"Os resultados após quatro anos de estudo mostram que o uso moderado de maconha por jovens aumenta o risco de psicoses no futuro. Esse risco aumenta seguindo a quantidade e a frequência de utilização. Os indivíduos que possuem predisposição para psicoses sofrem um risco muito maior de desenvolver a doença quando expostos ao uso da maconha. Por outro lado, a predisposição à psicose não aumenta a taxa de utilização de maconha pelos jovens."
Trago também informações contidas no New Scientist, da Inglaterra, um relatório que foi feito pelo governo inglês que relata as seguintes questões:
(Passa a ler.)
"Fumar maconha pode causar danos como precipitação de sintomas psicóticos, depressão e ansiedade, forte intoxicação, diminuição das habilidades psicológicas e psicomotoras e dependência
No Canadá, cientistas do Departamento de Saúde encontraram 20 vezes mais amônia, um elemento químico causador de câncer, na fumaça da maconha."
Por tudo isso, srs. deputados, faço aqui o meu protesto contra a Marcha da Maconha, porque se for permitida a apologia à descriminalização do uso da maconha, deve-se permitir também, a apologia ao racismo, à corrupção, pois tudo se resumiria, deputado Maurício Eskudlark, afinal das contas, na livre manifestação do pensamento.
O Sr. Deputado Maurício Eskudlark - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Pois não!
O Sr. Deputado Maurício Eskudlark - Quero parabenizar v.exa. pela manifestação. E também desconheço que praticar pequenos delitos ou pequenas infrações impede, mais tarde, a prática de grandes infrações. Quem assistiu ao filme Tropa de Elite viu a hipocrisia de muitas pessoas da sociedade achando que consumindo drogas no seu apartamento, num local isolado, não está financiando a criminalidade, não a está incentivando. Então, não deve existir nenhum tipo de tolerância com as drogas. Parabenizo v.exa. pelo trabalho e por esse assunto tão relevante.
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Muito obrigado, deputado, v.exa. que entende do assunto, egresso da Polícia Civil, que sabe, de fato, os efeitos nefastos do uso da maconha.
Concluo, sr. presidente, srs. deputados, dizendo que ser contra a Marcha da Maconha é, de fato, defender a vida e defender o sonho das nossas crianças e dos nossos jovens.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)