Pronunciamento
Ismael dos Santos - 030ª SESSÃO ORDINÁRIA
Em 16/04/2015
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente e srs. deputados, com muita satisfação, queremos trazer um abraço do ministro Gilberto Kassab a v.exa., deputado Gelson Merisio. Ontem estivemos com ele, acompanhando o prefeito de Blumenau, numa audiência para tratar sobre recursos para a região do vale do Itajaí.
De fato, acho que foi a primeira ou a segunda vez que estive em Brasília este ano e posso dizer que Floripa é bem mais aconchegante. A aspereza do Poder em Brasília assusta um pouco. Mas, andando pelos corredores dos Poderes em Brasília, não há outra palavra que se destaque, a não ser a crise. Há crise do ponto de vista econômico, político e social, para não falarmos da crise hídrica, energética e assim sucessivamente. E ainda há a questão da descrença geral, inclusive da classe política.
Há uma espécie de desgovernança, quer do Parlamento, quer do Executivo e, por que também não dizer, do Judiciário, segundo notícias que saíram ontem na mídia, e que, na minha modesta avaliação, aponta para a saturação de um estágio, de um ciclo, de uma era que foi caracterizada, infelizmente, por desvios de um sentimento republicano, quer pela invasão da coisa pública, pelas questões privadas, pela desestruturação das ideologias, pelo declínio da voz do Parlamento e pela desmotivação dos eleitores, que é geral. E aí vem a improbidade administrativa, a impunidade ou a falta de rigor das punições.
E aí povo brasileiro, e por que não dizer também o povo catarinense e todos nós, quer sejamos ou não da classe política, pergunta: "O que está por trás de todas essas crises"? É claro que há uma fronteira que estamos imbricando entre os Poderes constitucionais, uma certa sobreposição de Poder, a transformação de questões políticas, como disse, em questões privadas, a fragilidade dos mecanismos de punição, a morosidade da Justiça, a rotação de dirigentes. Mas, contudo, há uma esperança e somos otimistas no sentido de que, mesmo da crise, possa brotar a oportunidade.
Ontem, por exemplo, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, nos garantiu alguns programas. É bem verdade, deputado Darci de Matos, que não haverá dinheiro novo, não esperem isso, pelo menos para 2015 não haverá dinheiro novo neste país. Com relação aos contratos já assumidos, o ministro Gilberto Kassab nos garantiu três milhões de moradias para o programa Minha Casa, Minha Vida, e esperamos trazer muito disso para Santa Catarina.
É claro que o país perambula por um calvário que não sabemos até quando vai durar. Esperamos que a presidente Dilma Rousseff consiga atravessar 2016. É claro que as dores dos sacrifícios serão sentidas, mais uma vez, pela população, que é a mais frágil, mas é preciso prosseguir.
Por outro lado, há um debate muito intenso, e conversamos com cada deputado e cada líder que lá estava, sobre a questão da reforma política, se haverá ou não financiamento público, o distritão e também o distritinho para os vereadores já em 2016, em especial para as cidades acima de 200 mil eleitores. Enfim, esses são pontos que podem abrir com sucesso a reforma política.
Mas, diante de tudo que vi e ouvi em Brasília, na rápida passagem de ontem, juntamente com os deputados Jean Kuhlmann e João Paulo Kleinübing, que nos acompanharam nessa missão, chego a uma breve conclusão.
O Sr. Deputado Darci de Matos - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Pois não!
O Sr. Deputado Darci de Matos - Deputado, v.exa. faz uma análise interessante da situação que vive o país, e quero dar uma opinião com relação a isso.
V.Exa. tem trabalhado fortemente a questão do combate às drogas e do programa Reviver implantado pelo governo, que surgiu no Parlamento catarinense sob a sua liderança, sendo reeditado neste ano.
Com relação a esse clima de ceticismo que vive o Brasil e, sobretudo, Brasília, v.exa. tem razão. Prova disso é que há manifestações constantes nas ruas, com pessoas cobrando uma nova ética da classe política e também de todos os segmentos, e, principalmente, mobilizando-se contra a absurda realidade da corrupção no Brasil que se alastra, campeia e transforma um país, que há dez anos era emergente, em chacota no mundo inteiro, lamentavelmente.
Mas, felizmente Santa Catarina vive outra realidade. É um estado que se segura nos índices de desemprego e está com as contas equilibradas. É um estado diferenciado, com indicadores sociais e econômicos elevadíssimos.
Mas nos preocupa a situação do Brasil. Esperamos que, com essas manifestações, o Congresso possa trabalhar um pouco mais rapidamente e fazer as reformas que todos esperamos, fundamentalmente a reforma política. Esperamos que acabem com a coligação na proporcional, porque ninguém aguenta 50 partidos, nem eleições de dois em dois anos.
Parabéns pelo seu pronunciamento!
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Obrigado, deputado.
Preciso concluir citando Maquiavel. Talvez não seja o teórico mais contundente, mas é um homem de verdades que predizia com muita propriedade. E há uma frase sua que cabe bem a essa leitura do cenário político, econômico e social do país. Ele dizia: "Nada é mais difícil de executar, mais duvidoso de ter êxito ou mais perigoso de manejar do que dar início a uma nova ordem de coisas".
Portanto, implantar uma nova ordem na cultura política brasileira é tarefa não apenas para essa geração, mas para duas, três, quatro. E oxalá o Brasil possa contar conosco!
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)
De fato, acho que foi a primeira ou a segunda vez que estive em Brasília este ano e posso dizer que Floripa é bem mais aconchegante. A aspereza do Poder em Brasília assusta um pouco. Mas, andando pelos corredores dos Poderes em Brasília, não há outra palavra que se destaque, a não ser a crise. Há crise do ponto de vista econômico, político e social, para não falarmos da crise hídrica, energética e assim sucessivamente. E ainda há a questão da descrença geral, inclusive da classe política.
Há uma espécie de desgovernança, quer do Parlamento, quer do Executivo e, por que também não dizer, do Judiciário, segundo notícias que saíram ontem na mídia, e que, na minha modesta avaliação, aponta para a saturação de um estágio, de um ciclo, de uma era que foi caracterizada, infelizmente, por desvios de um sentimento republicano, quer pela invasão da coisa pública, pelas questões privadas, pela desestruturação das ideologias, pelo declínio da voz do Parlamento e pela desmotivação dos eleitores, que é geral. E aí vem a improbidade administrativa, a impunidade ou a falta de rigor das punições.
E aí povo brasileiro, e por que não dizer também o povo catarinense e todos nós, quer sejamos ou não da classe política, pergunta: "O que está por trás de todas essas crises"? É claro que há uma fronteira que estamos imbricando entre os Poderes constitucionais, uma certa sobreposição de Poder, a transformação de questões políticas, como disse, em questões privadas, a fragilidade dos mecanismos de punição, a morosidade da Justiça, a rotação de dirigentes. Mas, contudo, há uma esperança e somos otimistas no sentido de que, mesmo da crise, possa brotar a oportunidade.
Ontem, por exemplo, o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, nos garantiu alguns programas. É bem verdade, deputado Darci de Matos, que não haverá dinheiro novo, não esperem isso, pelo menos para 2015 não haverá dinheiro novo neste país. Com relação aos contratos já assumidos, o ministro Gilberto Kassab nos garantiu três milhões de moradias para o programa Minha Casa, Minha Vida, e esperamos trazer muito disso para Santa Catarina.
É claro que o país perambula por um calvário que não sabemos até quando vai durar. Esperamos que a presidente Dilma Rousseff consiga atravessar 2016. É claro que as dores dos sacrifícios serão sentidas, mais uma vez, pela população, que é a mais frágil, mas é preciso prosseguir.
Por outro lado, há um debate muito intenso, e conversamos com cada deputado e cada líder que lá estava, sobre a questão da reforma política, se haverá ou não financiamento público, o distritão e também o distritinho para os vereadores já em 2016, em especial para as cidades acima de 200 mil eleitores. Enfim, esses são pontos que podem abrir com sucesso a reforma política.
Mas, diante de tudo que vi e ouvi em Brasília, na rápida passagem de ontem, juntamente com os deputados Jean Kuhlmann e João Paulo Kleinübing, que nos acompanharam nessa missão, chego a uma breve conclusão.
O Sr. Deputado Darci de Matos - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Pois não!
O Sr. Deputado Darci de Matos - Deputado, v.exa. faz uma análise interessante da situação que vive o país, e quero dar uma opinião com relação a isso.
V.Exa. tem trabalhado fortemente a questão do combate às drogas e do programa Reviver implantado pelo governo, que surgiu no Parlamento catarinense sob a sua liderança, sendo reeditado neste ano.
Com relação a esse clima de ceticismo que vive o Brasil e, sobretudo, Brasília, v.exa. tem razão. Prova disso é que há manifestações constantes nas ruas, com pessoas cobrando uma nova ética da classe política e também de todos os segmentos, e, principalmente, mobilizando-se contra a absurda realidade da corrupção no Brasil que se alastra, campeia e transforma um país, que há dez anos era emergente, em chacota no mundo inteiro, lamentavelmente.
Mas, felizmente Santa Catarina vive outra realidade. É um estado que se segura nos índices de desemprego e está com as contas equilibradas. É um estado diferenciado, com indicadores sociais e econômicos elevadíssimos.
Mas nos preocupa a situação do Brasil. Esperamos que, com essas manifestações, o Congresso possa trabalhar um pouco mais rapidamente e fazer as reformas que todos esperamos, fundamentalmente a reforma política. Esperamos que acabem com a coligação na proporcional, porque ninguém aguenta 50 partidos, nem eleições de dois em dois anos.
Parabéns pelo seu pronunciamento!
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Obrigado, deputado.
Preciso concluir citando Maquiavel. Talvez não seja o teórico mais contundente, mas é um homem de verdades que predizia com muita propriedade. E há uma frase sua que cabe bem a essa leitura do cenário político, econômico e social do país. Ele dizia: "Nada é mais difícil de executar, mais duvidoso de ter êxito ou mais perigoso de manejar do que dar início a uma nova ordem de coisas".
Portanto, implantar uma nova ordem na cultura política brasileira é tarefa não apenas para essa geração, mas para duas, três, quatro. E oxalá o Brasil possa contar conosco!
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)