Pronunciamento

Ismael dos Santos - 022ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 30/03/2010
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente e srs. deputados, eu gostaria de poder abordar, nesta tarde de hoje, assuntos como a saúde, deputado Silvio Dreveck, de falar sobre a segurança, deputado Sargento Amauri Soares, de falar sobre ecologia e agricultura, deputado Peninha, que v.exa. entende tão bem, de falar sobre infraestrutura, mas hoje, infelizmente, o vale do Itajaí recebe uma má notícia sobre a BR-470, que deveria ter iniciado neste ano de 2010 e ficou para 2011. Esperança dilatada!
Há tantos temas que eu gostaria de abordar nesta tarde, mas hoje é tarde de despedida, é tarde de agradecimentos. Aprendi, com papai, que agradecer faz bem ao coração, e aprendi mais, que quem não tem gratidão não tem caráter.
Por isso faço hoje uso da tribuna para agradecer a Deus pela força, pela proteção. Foram 100.000 km rodados, nesses últimos 15 meses que estive nesta Casa, visitando prefeituras, Câmaras de Vereadores, comunidades, assentamentos. Em todos os cantinhos de Santa Catarina procuramos marcar presença conhecendo a realidade do nosso povo e da nossa gente.
Quero agradecer ao ex-governador Luiz Henrique por nos ter dado essa oportunidade, ao senador Raimundo Colombo, que foi um dos grandes motivadores da nossa vinda a esta Casa, à bancada do Democratas e a todos os nossos deputados, em especial ao deputado Onofre Santo Agostini, cujo gabinete ocupamos nesses últimos meses, aos colaboradores diretos do meu gabinete, à Vera, à Ana Paula, ao Delci e ao Emerson. Mas quero agradecer especialmente aos 26 mil eleitores que me trouxeram a esta Casa e que me deram a oportunidade de aqui estar nesses 15 meses de atuação.
Quero agradecer, por fim, o carinho que recebi e a colhida nas comunidades por onde passei.
De fato, quando aqui cheguei, com a experiência de 12 anos como vereador na cidade de Blumenau, sabia que a minha missão, como a missão de todo parlamentar nesta Casa, é, pelo menos, tríplice, no bom sentido; é a missão e a função de fiscalizar, de avaliar e de vigiar o erário público, a saúde do cofre público. É também a missão de representar o povo, e aqui buscamos fazer isso nesta tribuna abordando os mais variados temas, mas, sobretudo, a missão de legislar, de produzir leis, de estar presente nas quatro comissões que tivemos a oportunidade de trabalhar na Assembleia Legislativa.
Produzimos cerca de 19 projetos, completando 20 projetos na última semana; produzimos projetos na área ecológica, como, por exemplo, a destinação do óleo de cozinha; projetos ligados às nossas universidades, à questão da proibição dos trotes. Inclusive, na área da segurança pública, deputado Sargento Amauri Soares, demos entrada a um projeto, na última semana, quanto ao efetivo da Polícia Militar e da Polícia Civil.
Enfim, a nossa missão aqui foi a de buscar aproximar o cidadão comum ao governo do estado naquilo que de fato o poder público precisa e deve oferecer.
Ao concluir essa caminhada, que espero seja a primeira de outras caminhadas a este Parlamento, quero dizer que me lembrei de uma ilustração que aprendi há muito tempo.
Gustave Doré, que foi um exímio artista, um pintor plástico muito conhecido na França, que ilustrava muitos livros, isso há mais de um século, certo dia foi fazer uma exibição de seus quadros, de suas telas, em uma galeria na Suécia. Depois que fez a apresentação dos seus desenhos, de suas pinturas naquele país, ele, ao retornar para a França, de trem, era inverno, percebeu, no caminho, que estava sem o seu passaporte, sem o seu documento. Quando chegou à fronteira aquele agente da alfândega requisitou seu passaporte e ele disse: "Eu não sei, talvez tenha perdido, talvez tenha sido surrupiado. Não sei o que aconteceu, mas não o tenho". E aquele agente disse: "Você não vai poder passar". Ele disse: "Mas eu preciso passar! O senhor sabe quem eu sou? Ele respondeu: "Não, não sei quem o senhor é". "Eu sou Gustave Doré, o grande desenhista". O agente respondeu: "Já ouvi falar. Mas como é que eu posso saber se o senhor é aquele que diz ser?"
Gustave Doré pensou um pouco e finalmente chegaram a um acordo. Aquele agente da alfândega deu para Gustave Doré uma folha em branco e disse para ele: "Faça aí uma pintura para provar que você é quem está dizendo que é, o grande artista Gustave Doré. Doré olhou pela janela, viu duas senhoras numa verdureira negociando, comprando verduras, e começou a desenhar aquelas senhoras. Depois de alguns minutos, pegou aquele papel em branco, agora transformado numa pintura, e devolveu para o agente da alfândega. O homem observou aquele desenho e disse que poderia dar o seu autógrafo porque aquele iria ser o seu passaporte. E assim Gustave Doré pôde passar a fronteira para a França.
Quando eu li essa história lembrei-me de que nós - e aqui falo como político, como agente público - precisamos, da mesma forma, de um passaporte para fazer chegar as reivindicações da população até esta Casa, ao Executivo, como também os serviços públicos à população. E esse passaporte vai-nos dar a nossa identidade de homem público.
Espera-se que haja num passaporte espaço para alguns vistos, para alguns carimbos. E qual é o carimbo que se espera de um agente público, sobretudo numa perspectiva eleitoral, neste ano de 2010? É preciso que nas folhas desse passaporte haja o carimbo da transparência, o carimbo do trabalho, o carimbo do compromisso com a população, o compromisso com a ética, o compromisso com uma sociedade mais justa e mais fraterna. Oxalá tenhamos esses carimbos para galgarmos posições que de fato estejam a serviço dos nossos catarinenses.
E eu concluo, sr. presidente e srs. deputados, nessa minha breve despedida desses 15 meses de trajetória, de caminhada nesta Casa, desejando a todos uma Páscoa abençoada por Deus.
O Sr. Deputado Sargento Amauri Soares - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Pois não!
O Sr. Deputado Sargento Amauri Soares - Obrigado pelo aparte, deputado Ismael dos Santos.
Eu queria que v.exa. concluísse o seu discurso, o seu pronunciamento, mas como vi que lhe sobrou algum tempinho, quis aproveitar essa oportunidade para dizer, com toda a sinceridade, que foi uma satisfação estar aqui com o nobre deputado durante esses 15 meses, aos quais fez referência, e dizer que por certo nos encontraremos no futuro, ou espero pelo menos que possamos nos encontrar, novamente neste Parlamento. Mas v.exa. tem demonstrado ser aqui, independentemente das questões partidárias, acima de tudo, um ser humano de profunda convicção religiosa, um filósofo, um pensador da realidade da nossa gente, do nosso povo.
Portanto, foi uma satisfação conhecê-lo melhor, e estaremos sempre à disposição para continuar trocando ideias e ter uma relação de irmãos, de amizade, de seres humanos, dentro dessa linha que v.exa. prega como filosofia de vida.
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Eu que lhe agradeço, deputado.
Em nome do presidente Gelson Merísio, quero registrar e referendar a minha gratidão a todos os srs. deputados pela acolhida.
Concluo dizendo, mais uma vez, retomando aqui a Páscoa que vamos celebrar neste final de semana, que uma das mensagens que mais me marcou há 20 anos foi em Israel, numa viagem de aventura que fiz levando uma mochila nas costas. Quando cheguei onde se diz ser o túmulo de Jesus vi que havia uma porta de madeira e uma plaquinha escrita em inglês, com a seguinte frase: "He is not here; for He is risen". Ele não está aqui; Ele já ressuscitou. E é nessa esperança que nós avançamos para dias melhores.
Muito obrigado, povo catarinense! Até mais!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)