Pronunciamento

Ismael dos Santos - 117ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 16/12/2014
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, servidores públicos e amigos que visitam o Parlamento neste dia, ao longo de 2014 temos quase que semanalmente trazido à baila temas ligados à comissão de Combate e Prevenção às Drogas. Lembro que no primeiro discurso que fiz aqui já disse que a maconha é o jardim de infância do crack e muita gente ironizou.
Nesta semana, a revista Veja traz uma matéria que nos coloca um ponto de vista da Medicina, uma perspectiva alinhada ao nosso discurso. Diz a matéria: A maconha é uma droga. É claro que sabemos disso. Mas o que a matéria traz é uma pesquisa acadêmica, científica feita nos Estados Unidos que confirma que o uso da Cannabis é mais nocivo do que se pensava há alguns anos. O consumo crônico na idade adulta leva a alterações cerebrais severas. E aí me permitam transpor algumas das informações colhidas ao longo dessa matéria pela revista PNAS, uma revista de prestígio no meio científico norte americano e no mundo. Por exemplo, há 224 milhões de usuários de maconha em todo mundo; no Brasil, há um milhão de usuários. Acredito que esteja defasada essa informação, mas que a maconha é a substância ilícita mais cosumida nós sabemos.
Bem, o que me chamou atenção da matéria é que ao contrário do que acontece com outras drogas, a maioria dos que fumam a erva tem a convicção de que ela não faz mal algum, que não dá nada, na linguagem dos adolescentes.
(Passa a ler.)
"Atualmente há uma enorme onde de tolerância com os cigarros de maconha, cannabis - como se tal comportamento não fosse considerado crime pelas leis brasileiras. A fama de inofensiva vem, em grande parte, de uma particularidade da própria maconha. As consequências das tragadas costumam aparecer a longo prazo, como por exemplo, perda de memória, dificuldade de fazer escolhas, diminuição do poder de crítica e aumento na impulsividade. Pela primeira vez, um estudo esmiuçou os mecanismos cerebrais associados a esses danos. Coordenado pela neurocientista Francesca Filbey, pesquisadora da Faculdade de Comportamento e Ciências do Cérebro da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, o trabalho comprovou que os prejuízos decorrentes do consumo crônico de maconha (quatro vezes por semana, ao longo de oito anos) não só alteram a arquitetura do cérebro como também comprometem o seu funcionamento. A droga reduz a densidade do tecido cerebral e aumenta a velocidade entre as sinapses (comunicação entre os neurônios)."
E ainda para ratificar o que a pesquisa diz, foi entrevistado o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo, que eu considero a maior autoridade na questão das drogas no Brasil, conheço-o pessoalmente.
(Continua lendo)
"Seria necessário consumir pelo menos três doses diárias de destilado, durante pelo menos quinze anos, para chegar ao tamanho do estrago provocado pela maconha".
E aqui há um detalhe interesante. Até hoje, as pesquisas mais consolidadas sobre a maconha demonstraram a ação nociva da droga no cérebro adolescente. Quando consumida nessa fase da vida, ela atrapalha um processo conhecido como poda neural, no qual o cérebro faz a triagem das conexões que devem ser eliminadas e das que devem ser preservadas ao longo da vida.
Há muito coisa interessante na reportagem, mas quero destacar apenas mais dois parágrafos.
(Continua lendo)
"A ação destrutiva da maconha está associada ao THC, um dos 480 compostos da erva. O THC interfere na química cerebral de uma forma extremamente natural. E esse é o grande perigo da maconha. Nem o álcool, nem a cocaína, tampouco o devastador crack, têm uma interação cerebral tão rematada. O THC imita a ação de substâncias naturalmente fabricadas pelo organismo. Para piorar, a quantidade de THC nos cigarros de maconha hoje é o dobro em relação aos baseados dos anos 2000.
Aquele que faz uso eventual, a depender da tolerância do organismo e da propensão genética, está sujeito a sofrer estados psicóticos transitórios, como alucinação e paranoia, ataques de pânico e ansiedade."
Ou seja, meus amigos, a maconha foi e continua sendo uma droga que precisa ficar distante das nossas crianças e dos nossos adolescentes. Por isso, continuaremos na nossa luta nesta tribuna por uma Santa Catarina e um país sem drogas.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)