Pronunciamento

Ismael dos Santos - 076ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 08/09/2009
O SR. DEPUTADO ISMAEL DOS SANTOS - Sr. presidente, srs. deputados e sras. deputadas, naturalmente que todos ficamos sensibilizados por mais essa intempérie que se abateu sobre o estado de Santa Catarina. Acompanhamos, nesta manhã, os noticiários e nós mesmo vivenciamos - e falo aqui do vale de Itajaí nesta madrugada -, daí porque estamos tão preocupado com o vendaval que assolou mais de 30 municípios catarinenses e que, como fizemos menção no início desta sessão, ocasionou quatro vítimas fatais na região de Guaraciaba.
É claro, deputada Professora Odete de Jesus, que não nos compete, como parlamentar, tentar transformar esta tribuna numa perspectiva filosófica, mas, sem dúvida, é um momento também para reflexão, e v.exa. o fez muito bem. Compete-nos procurar fazer o meio de campo e auxiliar essas vítimas na recuperação emergencial de suas residências, em especial as estruturas públicas, pois muitas escolas foram atingidas também.
Eu quero apenas fechar essa rápida menção sobre mais esse episódio que se abateu sobre o estado de Santa Catarina dizendo que continuo crendo que é muito melhor, muito mais saudável, muito mais positivo investir na esperança, porque investir nela rende mais do que apostar na revolta. E acho que esta precisa ser a nossa postura como parlamentar e cidadão catarinense: buscar, de uma forma ou de outra, aliviar o sofrimento dessas dezenas de vítimas, milhares de desabrigados. Como dizia, só em Blumenau, de forma específica, hoje mais de 90 mil pessoas ainda estão, neste horário, sem energia elétrica. Vamos torcer por dias melhores para o estado de Santa Catarina, sem dúvida, deputada Professora Odete de Jesus, com a benção de Deus.
Eu não tive a oportunidade, na semana passada, de fazer um pronunciamento em relação aos 159 anos da nossa bela e querida cidade de Blumenau, e eu o faço, neste momento, a título de homenagem a uma história que começou exatamente em setembro de 1850, com o dr. Hermann Otto Blumenau, um químico farmacêutico formado em Filosofia, que, vindo da Alemanha, juntamente com mais 17 alemães de confissão luterana, fixou-se nas barrancas do rio Itajaí-Açu e ali começou um pequeno povoado.
No início a intenção era fazer um povoado especificamente agrícola, mas logo chegaram os primeiros comerciantes com uma visão empresarial, industrial, e surgiu, algumas décadas depois, a fábrica de tricotagem Hering. E com ela se descobriu toda uma vocação empresarial da cidade de Blumenau.
Hoje, a região de Blumenau está inserida numa parcela significativa do PIB de Santa Catarina. Quase 80% do PIB catarinense estão concentrados na região onde está a cidade de Blumenau. E a sua vocação empresarial faz-se conhecer pelos seus bons produtos na área de cristais, porcelana, chocolate, malhas, tornando-se o maior polo têxtil do Brasil, quiçá da América Latina. Mas também hoje é um polo muito forte de software, a principal produtora de aplicativos no Brasil. Enfim, tudo isso faz de Blumenau uma cidade singular, pela sua história de liberdade, de tenacidade, de busca de ideais.
Eu lembro, quando ainda estudava a história da colonização, de uma das atitudes do dr. Blumenau, na época em que o Brasil estava sob a égide da escravatura. Naquele tempo, deputado Kennedy Nunes, podia-se ter escravos, e na colônia de Blumenau qualquer viajante que tivesse escravo e passasse por lá não podia permanecer mais do que 48 horas, pois era impedido, graças à visão progressista do colonizador dr. Blumenau.
E hoje é uma cidade que, a despeito das intempéries e das adversidades climáticas, continua sendo bela pela sua natureza, pela sua paisagem, pelas suas construções em estilo enxaimel, pela gastronomia, mas, sobretudo, pela expressão do seu povo acolhedor, trabalhador e otimista, pois, como disse, consegue vencer as adversidades.
Já no primeiro ano, deputada Professora Odete de Jesus, 1851, um ano após a fundação, acontecia a primeira grande enchente em Blumenau, que levou a casa, inclusive, do fundador, dr. Blumenau. Depois tivemos outras enchentes históricas, mais recentemente a enchente de 1983, as cheias de 1984, e agora, no último mês de novembro, a de 2008, a grande calamidade que se abateu, com a destruição de cerca de três mil residências na cidade de Blumenau. E como disse, agora, mais uma vez, um vendaval assola a cidade. Mas nada disso conseguiu destruir a determinação, a garra e a força da gente blumenauense.
Por isso, a todos aqueles que nasceram em Blumenau, como eu tive o privilégio de nascer, ou àqueles que a adotaram como a sua cidade, os parabéns pelos 159 anos de uma comunidade que orgulha todos nós, catarinenses.
Sr. presidente, srs. deputados, sras. deputadas, por último, gostaria de parabenizar a bancada catarinense, sim, que decidiu concentrar esforços para reverter ou, pelo menos, buscar recuperar os recursos das emendas que foram cortadas. O corte, como sabemos, chegou a R$ 142 milhões, mas a bancada priorizou buscar, de uma forma ou de outra, sensibilizar o governo federal para que fiquem aqui R$ 64 milhões, dos quais R$ 14 milhões serão para a UTI do Hospital de Caridade, aqui da capital, e R$ 50 milhões serão destinados às obras de prevenção a desastres climáticos.
Pela realidade climática que estamos vivendo no vale do Itajaí, que já vem de longos anos, é muito importante essa decisão da bancada federal, já que os projetos estão prontos no ministério da Integração Nacional. Trata-se de uma atitude positiva, uma atitude elogiável e merece os nossos aplausos a bancada federal - os 16 deputados federais e os três senadores - que está na busca desses recursos para amenizar o corte da tesoura federal. Creio que, conseguindo isso, o corte da tesoura será menos trágico, e é o que desejamos.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)