Pronunciamento

Ada De Luca - 024ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 02/04/2009
A SRA. DEPUTADA ADA DE LUCA - Sr. presidente, nobres colegas, telespectadores da TVAL e ouvintes da Rádio Alesc Digital, vou falar hoje aqui o que segurei muito nesses anos todos para não falar. Mas cansei.
(Passa a ler.)
"Com todo o respeito ao governo federal, a situação em que se encontra o trecho da BR-101 é lamentável e desesperadora. Só quem anda pelo sul do estado percebe o descaso enfrentado pelos usuários daquela rodovia, que é a principal estrada a cruzar o nosso estado. Só quem percorre aquele trecho sente a angústia dos catarinenses pelo tempo que a obra já perdura e o quanto ainda irá demorar.
Sr. presidente, essa obra foi orçada em R$ 1,150 bilhão, mas a duplicação já consumiu muito dinheiro e, possivelmente, aquela quantia inicial terá que ser reforçada com mais verbas do caixa do governo, os famosos 'aditivos'.
Os catarinenses não agüentam mais esperar. As pessoas, de todos os níveis, os ônibus, os caminhões, os que movimentam a economia do país, não suportam mais. Existem alguns trechos em que se furar um pneu, não há como parar para consertar esse pneu. Isso é um descaso. É um descaso, sim, com a população; é um descaso com os catarinenses; é um descaso com as pessoas que às vezes estão doentes dentro de um carro.
A duplicação do trecho sul teve a ordem de serviço entregue em 2004 e em março de 2005 as obras efetivamente foram iniciadas. Já se vão cinco anos de obras. A previsão inicial para a conclusão era 2008, passou para 2009 e agora já se fala em 2012, se não for para mais.
Ninguém merece mais essa espera. Tenho lá minhas duvidas, mas dúvidas mesmo, de que ela seja entregue em 2012, levando em conta que obras como os túneis do Morro dos Cavalos, o elevado de Maracajá, a duplicação no Morro do Formigão e a ponte nova no canal das Laranjeiras, em Laguna, ainda nem iniciaram.
Segundo o Diário Catarinense informou em fevereiro último, algumas dessas obras de arte sequer foram licitadas. Falo desses casos específicos para dar um panorama geral. O que importa é que as pessoas estão penando com a lentidão das obras. Queremos, exigimos, nós, catarinenses, e principalmente nós, do sul, deputado Ismael dos Santos, uma transparência.
Aqui, neste plenário, vários deputados sabem bem do que estou falando. Na minha bancada temos o deputado Manoel Mota, o deputado Genésio Goulart e esta deputada que cruzam a BR-101 rumo ao sul quase que diariamente. O deputado Edison Andrino e o deputado Renato Hinnig também viajam com freqüência por aquele trecho. O deputado Joares Ponticelli, o deputado Valmir Comin e o deputado Décio Góes também estão sempre naquele trecho - só para citar alguns dos colegas.
Não é pouco, porque além dos trechos mais complexos que já citei, estamos falando de uma estrada que inclui 27 pontes, 45 viadutos e 68 passarelas, tudo distribuído em nove lotes locados por consórcios de empreiteiras que caminham a passos de tartaruga."
O Sr. Deputado Ismael dos Santos - V.Exa. me concede um aparte?
A SRA. DEPUTADA ADA DE LUCA - Concedo um aparte ao nobre deputado Ismael dos Santos.
O Sr. Deputado Ismael dos Santos - Obrigado, deputada, quero parabenizá-la por essa intervenção. Inclusive, ontem, discutimos também essa matéria nesta Casa e também a minha frustração como a da deputada, dos deputados, dos catarinenses.
Eu tinha uma expectativa de que no final de 2010 a duplicação da BR-101 estaria pronta. E agora estamos vendo que vai chegar 2012 ou, quem sabe, 2015. Mas quero crer que o atraso não é uma questão de dinheiro, pois o governo federal arrecadou R$ 13,320 bilhões, em 2008, em tributos, em Santa Catarina. Certamente não é por falta de dinheiro que não vamos ter agilidade na conclusão da BR-101.
A SRA. DEPUTADA ADA DE LUCA - Muito obrigada, deputado, pelo seu aparte que engrandece o meu discurso. Mas fica uma dúvida: o que está por trás dessa cortina, enquanto o povo continua angustiado?
A BR-101 já levou muitas vidas, deputado, muitos dos que estão aqui a nos escutar já perderam filhos, pais, irmãos e amigos em acidentes naquela rodovia, que já foi conhecida como a rodovia da morte. E ainda acontecem muitos acidentes. Eu mesma já testemunhei várias tragédias nas idas e vindas para o sul.
A obra da duplicação impõe muitos riscos com os desvios que os motoristas são obrigados a fazer. E mesmo os mais experientes no trecho são surpreendidos por uma placa ou um cavalete sem iluminação. É um descaso. Até esta deputada já passou por essa experiência. De dia, indo para o sul, era um trecho. Mas em função do movimento, em função de 1h40min de fila, decidi voltar, pois era obrigada a estar aqui no outro dia, na madrugada. E aquele desvio não existia mais, já era outro. O susto foi grande.
A pessoa passa um sufoco, porque durante o dia são filas quilométricas, uma hora, uma hora e trinta, 45 minutos. E à noite, leva esses bárbaros sustos. É um perigo, é um descaso. Eu atribuo isso aí, sim, uma grande parte, ao governo federal.
Até em trechos já duplicados, como já falei, existe situação de dificuldade. Por exemplo, deputado Edison Andrino, eu, quando venho à tribuna, gosto de relatar o que acontece comigo e com os conhecidos. Aconteceu com uma amiga minha, quando estourou o pneu do seu carro e ela teve que continuar com o pneu estourado mesmo porque não havia acostamento. Isso aconteceu em lugar já duplicado e até hoje ela não sabe por que está viva. Mas graças a Deus está viva.
(Continua lendo.)
"Os catarinenses exigem atenção do governo federal, mais verbas, creio eu, para essa duplicação. Afinal, já se vão 15 anos de espera, desde o início dos primeiros estudos de viabilidade.
Nós, srs. deputados, que representamos o povo catarinense, não podemos aceitar esse descaso com Santa Catarina. Aquela rodovia precisa urgentemente ficar pronta. Santa Catarina precisa da duplicação já. É preciso estar mobilizada para cobrar ou recursos ou transparência, enfim, alguma decisão e alguma explicação coerente entre a palavra e o ato, na agilidade dessas obras.
A BR-101 é prioridade para os catarinenses, aliás, para todo o sul do país. A duplicação é essencial para a economia do nosso estado e para as vidas que lá trafegam.
Não aceitamos mais desculpas esfarrapadas."
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)