Pronunciamento
Luciane Carminatti - 098ª SESSÃO ORDINÁRIA
Em 10/10/2012
A SRA. DEPUTADA LUCIANE CARMINATTI - Quero cumprimentar todos os srs. parlamentares, sr. presidente, todos que acompanham esta sessão. Não poderia deixar de fazer referência ao processo eleitoral que ainda não foi concluído, mas sobre o qual no dia de ontem vários parlamentares desta Casa se manifestaram. Gostaria de fazer algumas observações em relação ao partido que represento e também sobre alguns apontamentos que me parecem cabíveis neste momento.
Inicialmente, quero destacar que Santa Catarina ficou entre os estados que obtiveram o maior crescimento percentual de prefeitos do PT no país. Foi um crescimento de 28.6%, o dobro da média nacional. Portanto, o PT no estado de Santa Catarina cresceu bem mais do que em nível nacional.
Percentualmente também o estado ficou com 15.15% acima da média nacional, que foi de 11.21%.
O PT ainda é o terceiro maior partido no Brasil e o quarto em Santa Catarina. E nessa eleição de 2012, se compararmos com a eleição de 2008, passamos de 35 para 45 prefeitos do PT eleitos. Também tivemos um aumento considerável no número de vereadores. Em 2008 tínhamos 237 e em 2012 passamos para 308; de 23 vereadoras eleitas em 2008 para 42 vereadoras do PT eleitas em 2012; 30 vice-prefeitos eleitos, sendo que oito são mulheres.
Do ponto de vista regional, talvez nos chame a atenção onde está a maior força do nosso partido. A deputada Ana Paula Lima pode nos ajudar a confirmar. No oeste tínhamos 22 prefeitos, passamos a 24 municípios, portanto, crescemos dois municípios.
No meio-oeste tínhamos duas prefeituras e vencemos em mais duas, portanto, temos um total de quatro; no sul passamos de três prefeituras para cinco; no litoral mantivemos uma; no vale do Itajaí três; no alto vale de Itajaí de quatro para seis e no planalto norte temos, pela primeira vez, dois prefeitos, um em Mafra e outro em Porto União.
Portanto, tivemos um crescimento que diria satisfatório do PT no conjunto do estado, e o partido com o qual mais coligamos foi o PMDB, deputado Elizeu Mattos, a exemplo de Lages onde o PT apoio o PMDB sem ter nenhum cargo na majoritária.
Em Chapecó, apesar das condições adversas e da derrota eleitoral, o PT sai, em nossa avaliação, com uma vitória política aumentando o teto, pois em 2008 de 35 mil votos passou para 45 mil votos, sendo que o nosso adversário tinha a maioria dos partidos na sua coligação e diminuiu seis mil votos.
Dessa maneira, a avaliação que temos é de uma campanha politicamente correta e, mais do isso, o resultado comprovou o crescimento do PT em nossa cidade. Assim, o PT de Santa Catarina totalizou 515 mil votos. Então, esses números todos nos levam a fazer uma reflexão. É claro que cada parlamentar tem uma análise muito positiva da sua atuação no seu partido, e isso é legítimo também.
Mas quero fazer referência também a alguns aspectos que penso ainda não foram discutidos nessa eleição, deputado Ismael dos Santos, e que me preocupa muito, como o resultado desse processo. Esse debate está muito mais em número de prefeituras. Mas acredito que esse não é o debate central, onde quero chegar com essa análise.
Primeiramente, as eleições estão cada vez mais profissionalizadas, e perguntamos qual o custo dessas campanhas e quem paga esta conta, deputado Elizeu Mattos? Ontem falávamos sobre custos milionários em municípios de poucos eleitores, custos absurdos. Quem está pagando essa conta? A que custo para o eleitor? A que custo para a sociedade? Em segundo lugar, qual é o papel das pesquisas eleitorais quando institutos consagrados erram feio como em Blumenau, São Paulo e Florianópolis? Em Chapecó, para termos uma ideia, havia carros dizendo que iam dar uma tunda no PT. O nosso adversário anunciava 30% de diferença, deputada Ana Paula Lima, e a diferença que anunciavam era de 28% a 58%, e o nosso deputado Pedro Uczai fez 48%.
Portanto, o valor foi muito diferente de 28%.
O terceiro ponto que quero abordar é com relação à timidez no número de mulheres eleitas em Santa Catarina. É lamentável porque, mais uma vez, a história se repete e quem sente esse poder estrondoso na hora da eleição são as mulheres porque não estão preparadas para enfrentar campanhas milionárias e com tamanha estrutura, profissionalismo e aparato.
O quarto ponto é que cada vez mais os projetos não se diferenciam, deputado Sargento Amauri Soares. Parece que são todos iguais. Todos querem as mesmas coisas, e na prática sabemos que não é assim. Todos estão do lado do governo de Dilma Rousseff, todos querem fazer creches, todos querem fazer moradia, todos querem diminuir a desigualdade social, todos são iguais. Isso se mistura e até me pergunto se é bom ou ruim que isso aconteça.
O eleitor, nesse processo, deve imaginar: "Como todos são muito semelhantes, vou votar em quem tenho alguma vantagem pessoal!" Isso acaba motivando muito o voto do nosso leitor.
Por último, quero fazer menção também aos poderes constituídos, como Tribunal de Justiça, Ministério Público. Até que ponto estes Poderes e a própria Segurança Pública têm condições de fato de coibir a compra de votos? Não acredito que as campanhas contra a corrupção, contra a compra de votos surtam o efeito necessário para coibir e para conscientizar o nosso eleitor.
Nos últimos dias, para ser mais exata no último dia, na cidade em que tenho residência, houve jantares, festas. Postos de gasolina e mercados que nunca abriram mais do que dez horas passaram a funcionar 24 horas. E aí perguntamos se esse modelo de democracia representativa de fato é sério e suficiente tal qual se apresenta. É verdade que sempre ganha o melhor? Será que ganha o melhor ou aquele que às vezes tem a maior estrutura? São perguntas que gostaria de fazer para que não fizéssemos uma leitura muito superficial e simplesmente realizássemos a festa da democracia.
Quem vai às ruas sabe que a nossa democracia ainda é muito superficial. E vai depender da atuação, do controle social e do processo educativo que precisa ser desenvolvido e que também deve combinar com a tão falada reforma política que, tenho certeza, com os atuais parlamentares do Congresso Nacional, não sai. Reforma constituinte somente sai se houver uma constituinte com essa deliberação única e exclusiva, porque não mexe com seus interesses.
Essa é a minha reflexão.
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)
Inicialmente, quero destacar que Santa Catarina ficou entre os estados que obtiveram o maior crescimento percentual de prefeitos do PT no país. Foi um crescimento de 28.6%, o dobro da média nacional. Portanto, o PT no estado de Santa Catarina cresceu bem mais do que em nível nacional.
Percentualmente também o estado ficou com 15.15% acima da média nacional, que foi de 11.21%.
O PT ainda é o terceiro maior partido no Brasil e o quarto em Santa Catarina. E nessa eleição de 2012, se compararmos com a eleição de 2008, passamos de 35 para 45 prefeitos do PT eleitos. Também tivemos um aumento considerável no número de vereadores. Em 2008 tínhamos 237 e em 2012 passamos para 308; de 23 vereadoras eleitas em 2008 para 42 vereadoras do PT eleitas em 2012; 30 vice-prefeitos eleitos, sendo que oito são mulheres.
Do ponto de vista regional, talvez nos chame a atenção onde está a maior força do nosso partido. A deputada Ana Paula Lima pode nos ajudar a confirmar. No oeste tínhamos 22 prefeitos, passamos a 24 municípios, portanto, crescemos dois municípios.
No meio-oeste tínhamos duas prefeituras e vencemos em mais duas, portanto, temos um total de quatro; no sul passamos de três prefeituras para cinco; no litoral mantivemos uma; no vale do Itajaí três; no alto vale de Itajaí de quatro para seis e no planalto norte temos, pela primeira vez, dois prefeitos, um em Mafra e outro em Porto União.
Portanto, tivemos um crescimento que diria satisfatório do PT no conjunto do estado, e o partido com o qual mais coligamos foi o PMDB, deputado Elizeu Mattos, a exemplo de Lages onde o PT apoio o PMDB sem ter nenhum cargo na majoritária.
Em Chapecó, apesar das condições adversas e da derrota eleitoral, o PT sai, em nossa avaliação, com uma vitória política aumentando o teto, pois em 2008 de 35 mil votos passou para 45 mil votos, sendo que o nosso adversário tinha a maioria dos partidos na sua coligação e diminuiu seis mil votos.
Dessa maneira, a avaliação que temos é de uma campanha politicamente correta e, mais do isso, o resultado comprovou o crescimento do PT em nossa cidade. Assim, o PT de Santa Catarina totalizou 515 mil votos. Então, esses números todos nos levam a fazer uma reflexão. É claro que cada parlamentar tem uma análise muito positiva da sua atuação no seu partido, e isso é legítimo também.
Mas quero fazer referência também a alguns aspectos que penso ainda não foram discutidos nessa eleição, deputado Ismael dos Santos, e que me preocupa muito, como o resultado desse processo. Esse debate está muito mais em número de prefeituras. Mas acredito que esse não é o debate central, onde quero chegar com essa análise.
Primeiramente, as eleições estão cada vez mais profissionalizadas, e perguntamos qual o custo dessas campanhas e quem paga esta conta, deputado Elizeu Mattos? Ontem falávamos sobre custos milionários em municípios de poucos eleitores, custos absurdos. Quem está pagando essa conta? A que custo para o eleitor? A que custo para a sociedade? Em segundo lugar, qual é o papel das pesquisas eleitorais quando institutos consagrados erram feio como em Blumenau, São Paulo e Florianópolis? Em Chapecó, para termos uma ideia, havia carros dizendo que iam dar uma tunda no PT. O nosso adversário anunciava 30% de diferença, deputada Ana Paula Lima, e a diferença que anunciavam era de 28% a 58%, e o nosso deputado Pedro Uczai fez 48%.
Portanto, o valor foi muito diferente de 28%.
O terceiro ponto que quero abordar é com relação à timidez no número de mulheres eleitas em Santa Catarina. É lamentável porque, mais uma vez, a história se repete e quem sente esse poder estrondoso na hora da eleição são as mulheres porque não estão preparadas para enfrentar campanhas milionárias e com tamanha estrutura, profissionalismo e aparato.
O quarto ponto é que cada vez mais os projetos não se diferenciam, deputado Sargento Amauri Soares. Parece que são todos iguais. Todos querem as mesmas coisas, e na prática sabemos que não é assim. Todos estão do lado do governo de Dilma Rousseff, todos querem fazer creches, todos querem fazer moradia, todos querem diminuir a desigualdade social, todos são iguais. Isso se mistura e até me pergunto se é bom ou ruim que isso aconteça.
O eleitor, nesse processo, deve imaginar: "Como todos são muito semelhantes, vou votar em quem tenho alguma vantagem pessoal!" Isso acaba motivando muito o voto do nosso leitor.
Por último, quero fazer menção também aos poderes constituídos, como Tribunal de Justiça, Ministério Público. Até que ponto estes Poderes e a própria Segurança Pública têm condições de fato de coibir a compra de votos? Não acredito que as campanhas contra a corrupção, contra a compra de votos surtam o efeito necessário para coibir e para conscientizar o nosso eleitor.
Nos últimos dias, para ser mais exata no último dia, na cidade em que tenho residência, houve jantares, festas. Postos de gasolina e mercados que nunca abriram mais do que dez horas passaram a funcionar 24 horas. E aí perguntamos se esse modelo de democracia representativa de fato é sério e suficiente tal qual se apresenta. É verdade que sempre ganha o melhor? Será que ganha o melhor ou aquele que às vezes tem a maior estrutura? São perguntas que gostaria de fazer para que não fizéssemos uma leitura muito superficial e simplesmente realizássemos a festa da democracia.
Quem vai às ruas sabe que a nossa democracia ainda é muito superficial. E vai depender da atuação, do controle social e do processo educativo que precisa ser desenvolvido e que também deve combinar com a tão falada reforma política que, tenho certeza, com os atuais parlamentares do Congresso Nacional, não sai. Reforma constituinte somente sai se houver uma constituinte com essa deliberação única e exclusiva, porque não mexe com seus interesses.
Essa é a minha reflexão.
Muito obrigada!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)