Pronunciamento

Luciane Carminatti - 111ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 06/12/2011
A SRA. DEPUTADA LUCIANE CARMINATTI - Gostaria de cumprimentar o sr. presidente, as sras. deputadas e os srs. deputados, o público que nos acompanha nesta sessão.
Sr. presidente, na semana passada não estive neste plenário devido ao assassinato do nosso companheiro, do meu ex-colega vereador por dois anos. Ainda estamo-nos recuperando dessa dor imensa.
Não tem justificativa roubar a vida de um cidadão, de uma autoridade, que foi eleita pelo povo. Ele foi assassinado na sua própria casa. Deixou um filho de 11 anos e uma esposa sem entender por que homens e mulheres lutam por justiça e correm o risco de perder a sua própria vida.
O Marcelino era pai de família, professor, vereador em Chapecó por dois mandatos, líder comunitário, foi presidente da associação de moradores do seu bairro e tinha uma forte atuação nas pastorais da igreja católica.
O assassinato do vereador Marcelino abalou não somente a cidade de Chapecó, mas o estado, e hoje se fala no país todo sobre a morte dessa liderança política.
Dia 28 de novembro não sairá das nossas memórias. Há um clima, hoje, de muito medo instalado em nossa cidade, pois num conjunto de 12 vereadores na nossa cidade um deles perde a vida desse jeito. Hoje, são apenas 11 vereadores, pois foi tirada a vida de um líder que representava o povo de Chapecó.
O Marcelino não está mais entre nós fisicamente, mas a memória da sua atuação parlamentar e a continuidade das suas lutas por muitos de nós fará com que ele esteja sempre presente. A luta do Marcelino era por transparência, por democracia, pelo bom uso do dinheiro público. Ele combatia a corrupção e organizava as comunidades.
(Procede-se à apresentação de slides.)
As imagens que os senhores estão vendo são as do ato que ocorreu no dia de ontem e que contou com a presença da deputada Angela Albino e do deputado Dirceu Dresch.
Tenho certeza de que esse crime não ficará impune, porque não deixaremos.
Vocês podem acompanhar nas imagens que estavam presentes nesse ato os representantes da OAB - Ordem dos Advogados do Brasil -, da Associação Comercial e Industrial de Chapecó, do Sindicato dos Trabalhadores de Chapecó, prefeitos, vereadores, do bispo Dom Manuel Francisco e, de forma muito maciça e emocionante, dos nossos colegas professores de Filosofia. Havia também muitos estudantes, porque o Marcelino Chiarello ajudou a fazer a luta da Udesc, da universidade federal e das universidades comunitárias.
Vamos continuar a luta do vereador Marcelino, mas queremos deixar bem claro que não vamos sossegar enquanto esse crime brutal ocorrido na cidade de Chapecó não for esclarecido.
Surpreende-nos que nove dias após o assassinato não tenhamos nenhuma manifestação das autoridades no sentido do esclarecimento, o que nos leva a pensar que não é um crime comum, mas planejado e executado por profissionais. A própria Polícia que está atuando de forma séria e brilhante no caso tem dificuldades de entender os passos do nosso vereador, sem que ninguém perceba provas concretas de pessoas que pudessem tê-lo executado.
Mas queremos saber quem planejou aquele crime, quem executou o nosso líder vereador e a mando de quem ele foi executado, porque um crime comum não conta com tantos requintes de crueldade e não tem a sabedoria de querer caracterizar um suicídio. A Polícia investiga para buscar a comprovação da asfixia mecânica, de traumatismo craniano e vestígios de tortura no corpo do vereador, mas aparentemente ele resolveu tirar a sua vida.
Ora! Quem cometeu essa crueldade não imaginava que se pudesse identificar que foi uma execução.
O vereador Marcelino não tinha problemas pessoais, não tinha dívidas, como alguns até quiseram insinuar, porque se dívidas no banco for motivo para suicídio, então, metade da população brasileira tem que ser executada. Nós todos aqui. Dever para banco ou para a família é comum. Mas insinuaram outros crimes que não vou nem citar em respeito à memória do Marcelino.
Não temos dúvida de que pela sua atuação combativa, de efetuar denúncias todos os dias, sempre cobrando justiça, tem tudo para ser um crime político.
Precisamos de respostas para essas questões. Sabemos que elas não vão diminuir a nossa dor, que é muito grande, mas a sociedade precisa de repostas. E mais do que isso, precisa de justiça.
Por isso, no dia de ontem realizamos um ato em Chapecó pela paz, pela justiça e democracia. E quero agradecer o apoio de muitas entidades, de muitas lideranças, que se sensibilizaram e que estão conosco na luta por justiça, democracia e paz. Não queremos cometer crime com quem fez esse crime; queremos que os órgãos definidos pela nossa Constituição sejam os responsáveis pela apuração dos fatos e pela justiça.
O Sr. Deputado Joares Ponticelli - V.Exa. me concede um aparte?
A Sra. DEPUTADA LUCIANE CARMINATTI - Pois não!
O Sr. Deputado Joares Ponticelli - Deputada Luciane Carminatti, na semana passada v.exa. não compareceu à sessão por motivo óbvio. Mas tive a oportunidade em dois momentos de fazer a minha manifestação de solidariedade. E quero dizer a v.exa., que foi colega dele não apenas de partido, mas também na Câmara, que espero, como toda a sociedade catarinense, que esse crime, para o bem de todos, seja esclarecido e que sejam punidos os responsáveis, no rigor da lei e no menor espaço de tempo possível.
É o que Santa Catarina espera! Não tenha dúvida v.exa. disso. E até para tranquilizar não apenas a sociedade de Chapecó e do extremo oeste, mas de todo o estado, que é extremamente necessário que se chegue aos mandantes rapidamente, aos executores, e com o rigor da lei que sejam todos punidos.
Eu também fico impressionado. Ora, em plena luz do dia não é possível que ninguém tenha visto alguém entrando na casa do vereador. Nós aqui distantes não conseguimos compreender o porquê dessa lentidão. Mas rogo a Deus que brevemente possamos esclarecer esse crime e reitero a minha solidariedade a v.exa. e aos seus companheiros.
A SRA. DEPUTADA LUCIANE CARMINATTI - Muito obrigada, deputado Joares Ponticelli.
Quero agradecer mais uma vez, muito obrigada.
Marcelino está presente!
(SEM REVISÃO DA ORADORA)