Pronunciamento
Jean Kuhlmann - 051ª SESSÃO ORDINÁRIA
Em 18/06/2009
O SR. DEPUTADO JEAN KUHLMANN - Sr. presidente, srs. parlamentares, sras. parlamentares, quero, neste instante, e não poderia me calar, registrar um material que recebi do sr. Hildo Mário de Novaes, uma pessoa que tem uma história no município de Blumenau, que luta diariamente pela causa da valorização dos aposentados. É uma pessoa que coordena os trabalhos dos aposentados da região, a luta em prol da conquista de seus benefícios.
O sr. Hildo me mandou um e-mail com um artigo que gostaria de ler aqui para poder refletir com os srs. parlamentares justamente a questão da valorização do aposentado em nosso país.
Ele fala sobre a necessidade da aprovação de um projeto de lei para que possamos equiparar o reajuste do salário dos aposentados com o reajuste do salário mínimo. Quantos de nós temos um parente, um amigo, um familiar, que se aposentou ganhando cinco salários mínimos, dez salários mínimos, e que hoje ganha um ou dois apenas, porque o reajuste que é dado ao salário mínimo não é dado ao aposentado.
(Passa a ler.)
"É lamentável que os aposentados deste imenso Brasil continuem mendigando às portas de Brasília um tratamento mais condigno, devido à falta de reajuste de suas aposentadorias.
Não é de hoje que os aposentados têm um reajuste de suas aposentadorias sempre em índices muito menores do salário mínimo que, na verdade, realmente é mínimo, é praticamente a raspa da panela, pois o aumento que vem para nós, os aposentados, que contribuímos para com os cofres públicos durante 35 anos ou até mais, são ínfimos. Eles nem podem ser qualificados de míninos, porque são realmente muito menores do que o reajuste dado ao salário mínimo.
Todo mundo enfrenta o seu dia-a-dia, mas não lembra que um dia irá desfrutar da sua merecida aposentadoria. E, então, sim, de cabelos brancos e passos alquebrados pelo peso dos anos, todo mundo estará no mesmo nível de aposentadoria."
Aí ele faz uma reflexão: "Hoje, a classe política não lembra de que um dia vai se aposentar e que um dia também passará pela mesma luta". E aí a importância de valorizarmos esse processo.
(Continua lendo.)
"É lamentável saber que essa construção, por mais perfeita que possa ser, estará prejudicando os mais idosos, se for mantida a atual e maléfica política de se aumentar as aposentadorias sempre abaixo dos índices do salário mínimo." Ou seja, ele faz um apelo.
E aqui justamente quero trazer à tribuna essa questão, porque existe, srs. parlamentares, sras. parlamentares, um projeto tramitando no Congresso. E aí teremos que pedir a sensibilidade do presidente Lula para que esse projeto possa ser aprovado no Congresso Nacional, para que ele não seja vetado pelo presidente da República permitindo efetivamente que o aposentado seja valorizado e que realmente tenha o reajuste como o trabalhador tem no salário mínimo. É inadmissível ter que continuar tratando o aposentado com discriminação, com desrespeito. O aposentado tem que ser tratado realmente com dignidade acima de tudo.
Existe uma emenda do senador Paulo Paim que trata da questão da paridade, e essa emenda está em cima de um projeto de lei que tem que ser votado, deputado Gelson Merísio, no Congresso Nacional. E esperamos realmente que ela seja votada e que o presidente Lula não volte atrás.
Agora, o que podemos falar de um presidente da República que há anos falava mal de outro ex-presidente, que hoje é o presidente do Senado, o senador José Sarney e que agora, deputado José Natal, simplesmente vai defender o Sarney? Vai defender o Sarney dizendo que ele é uma pessoa acima de qualquer outra, uma pessoa sem suspeita, uma pessoa que não pode ser questionada. Que presidente da República é este que numa época utilizava os meios de comunicação, os sindicatos, as tribunas onde estava para falar mal de uma pessoa, quando era oposição e o outro era o presidente do país, mas que hoje diz que esse outro é uma pessoa acima qualquer suspeita, uma pessoa que não pode ser questionada?
É uma vergonha um presidente adotar essa postura. E agora vai fazer a mesma coisa com o aposentado. Primeiro, srs. parlamentares, ele defendia o aposentado, e hoje, não tenho dúvida, que o presidente Lula, da mesma forma como mudou de ideia com relação ao Sarney, vai mudar de ideia com relação ao aposentado.
O Sr. Deputado Ismael dos Santos - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO JEAN KUHLMANN - Concedo um aparte ao deputado Ismael dos Santos.
O Sr. Deputado Ismael dos Santos - Parabéns, deputado, pela sua intervenção! Gostaria apenas de acrescentar que Platão dizia que, quando pensamos que temos todas as respostas para a vida, a vida nos faz novas perguntas. Inclusive, quero parafrasear Platão aqui no Parlamento dizendo que, quando pensamos que já sabemos de todos os escândalos do Congresso Nacional, aí chega o Senado com novas denúncias.
Srs. deputados, sempre enfatizo uma velha frase, que mais do que nunca é necessária ser refletida nos dias de hoje: para que os maus governem, basta que os bons cruzem os braços.
Então, façamos ouvir a nossa voz pela ética, neste Parlamento, deste país.
Parabéns!
O SR. DEPUTADO JEAN KUHLMANN - Deputado Ismael dos Santos, mais triste do que ver um presidente do Senado dizer que a culpa não é sua, querer lavar as mãos de uma sujeira que acontece naquela Casa, simplesmente empurrar a culpa para os antecessores e não fazer nada para mudar, é ver um presidente passar a mão na cabeça do presidente do Senado dizendo que ele é uma pessoa acima de qualquer suspeita, uma pessoa que não pode ser questionada. Que país é este?
O Sr. Deputado José Natal - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO JEAN KUHLMANN - Pois não!
O Sr. Deputado José Natal - Deputado Jean Kuhlmann, volto a dizer, eu, quando a eleição se concretizou com o Sarney, assomei a esta tribuna e fiz o meu pronunciamento de repúdio ao retrocesso político deste país, de que as camadas de cabeças pensantes e inteligentes não estavam tendo oportunidade, de que aquilo era uma ação entre amigos. E não mudo de pensamento.
O Paulo Alceu, na sua coluna, hoje, retrata muito bem o que lamentavelmente o Senado Federal traz à sociedade brasileira querendo agora culpar quem foi nomeado - um fantasma, como diz o outro, pensando que quem nomeou foi a própria pessoa, e muitas outras coisas.
Agora, quero dizer que aquilo foi uma ação entre amigos. Aquilo é uma ação entre amigos, lamentavelmente. Por que tudo aconteceu, por que está vindo à tona? Porque o baixo clero, que ainda existe lá, eis que tem sido colocado lá por eles, foi alijado de muitas outras situações, e alguém do meio se rebelou e disse que chega. Provavelmente sentiu-se traído, sentiu-se enganado. Alguém, na ação entre amigos, foi traído e disse que agora iria trazer à tona já que tinha sido deixado para trás em tudo isso.
É com muita tristeza que estou dizendo isso como parlamentar. Eu não queria, pois sempre gostei de viver momentos diferentes em favor do país, em favor das pessoas. E o que estamos vendo agora é um retrocesso naquela buscada democracia, com o sangue de muita gente, de muita gente, que deixou a vida por algum canto deste país, as famílias, o seu ideal, para vivenciarmos a democracia brasileira, que está sendo colocada na vala comum, lamentavelmente, por um Sarney da vida, por um Temer da vida e tantos outros. Esse PMDB faz coisa! Não é o MDB!
O SR. DEPUTADO JEAN KUHLMANN - Deputado José Natal, aí eu volto ao meu pensamento inicial: o que o aposentado pode esperar de um presidente da República que no passado criticava o ex-presidente e que hoje, esse ex-presidente sendo o presidente do Senado, ele passa a mão na sua cabeça dizendo que é um cidadão intocável, um cidadão que não pode ser questionado?
Que país é este? Qual é a esperança, srs. parlamentares, que o trabalhador e o aposentado podem ter? E comecei a minha fala falando justamente de um artigo defendendo o aposentado brasileiro. Mas qual a esperança que o aposentado pode ter? Será que ele vai ter efetivamente um projeto de paridade no reajuste de salário aprovado? E o presidente Lula vai ser tão bonzinho e não vai vetar?
Se o Lula mudou tanto de ideia em relação ao Sarney, infelizmente, eu acho que ele também mudou de ideia com relação ao aposentado.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)
O sr. Hildo me mandou um e-mail com um artigo que gostaria de ler aqui para poder refletir com os srs. parlamentares justamente a questão da valorização do aposentado em nosso país.
Ele fala sobre a necessidade da aprovação de um projeto de lei para que possamos equiparar o reajuste do salário dos aposentados com o reajuste do salário mínimo. Quantos de nós temos um parente, um amigo, um familiar, que se aposentou ganhando cinco salários mínimos, dez salários mínimos, e que hoje ganha um ou dois apenas, porque o reajuste que é dado ao salário mínimo não é dado ao aposentado.
(Passa a ler.)
"É lamentável que os aposentados deste imenso Brasil continuem mendigando às portas de Brasília um tratamento mais condigno, devido à falta de reajuste de suas aposentadorias.
Não é de hoje que os aposentados têm um reajuste de suas aposentadorias sempre em índices muito menores do salário mínimo que, na verdade, realmente é mínimo, é praticamente a raspa da panela, pois o aumento que vem para nós, os aposentados, que contribuímos para com os cofres públicos durante 35 anos ou até mais, são ínfimos. Eles nem podem ser qualificados de míninos, porque são realmente muito menores do que o reajuste dado ao salário mínimo.
Todo mundo enfrenta o seu dia-a-dia, mas não lembra que um dia irá desfrutar da sua merecida aposentadoria. E, então, sim, de cabelos brancos e passos alquebrados pelo peso dos anos, todo mundo estará no mesmo nível de aposentadoria."
Aí ele faz uma reflexão: "Hoje, a classe política não lembra de que um dia vai se aposentar e que um dia também passará pela mesma luta". E aí a importância de valorizarmos esse processo.
(Continua lendo.)
"É lamentável saber que essa construção, por mais perfeita que possa ser, estará prejudicando os mais idosos, se for mantida a atual e maléfica política de se aumentar as aposentadorias sempre abaixo dos índices do salário mínimo." Ou seja, ele faz um apelo.
E aqui justamente quero trazer à tribuna essa questão, porque existe, srs. parlamentares, sras. parlamentares, um projeto tramitando no Congresso. E aí teremos que pedir a sensibilidade do presidente Lula para que esse projeto possa ser aprovado no Congresso Nacional, para que ele não seja vetado pelo presidente da República permitindo efetivamente que o aposentado seja valorizado e que realmente tenha o reajuste como o trabalhador tem no salário mínimo. É inadmissível ter que continuar tratando o aposentado com discriminação, com desrespeito. O aposentado tem que ser tratado realmente com dignidade acima de tudo.
Existe uma emenda do senador Paulo Paim que trata da questão da paridade, e essa emenda está em cima de um projeto de lei que tem que ser votado, deputado Gelson Merísio, no Congresso Nacional. E esperamos realmente que ela seja votada e que o presidente Lula não volte atrás.
Agora, o que podemos falar de um presidente da República que há anos falava mal de outro ex-presidente, que hoje é o presidente do Senado, o senador José Sarney e que agora, deputado José Natal, simplesmente vai defender o Sarney? Vai defender o Sarney dizendo que ele é uma pessoa acima de qualquer outra, uma pessoa sem suspeita, uma pessoa que não pode ser questionada. Que presidente da República é este que numa época utilizava os meios de comunicação, os sindicatos, as tribunas onde estava para falar mal de uma pessoa, quando era oposição e o outro era o presidente do país, mas que hoje diz que esse outro é uma pessoa acima qualquer suspeita, uma pessoa que não pode ser questionada?
É uma vergonha um presidente adotar essa postura. E agora vai fazer a mesma coisa com o aposentado. Primeiro, srs. parlamentares, ele defendia o aposentado, e hoje, não tenho dúvida, que o presidente Lula, da mesma forma como mudou de ideia com relação ao Sarney, vai mudar de ideia com relação ao aposentado.
O Sr. Deputado Ismael dos Santos - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO JEAN KUHLMANN - Concedo um aparte ao deputado Ismael dos Santos.
O Sr. Deputado Ismael dos Santos - Parabéns, deputado, pela sua intervenção! Gostaria apenas de acrescentar que Platão dizia que, quando pensamos que temos todas as respostas para a vida, a vida nos faz novas perguntas. Inclusive, quero parafrasear Platão aqui no Parlamento dizendo que, quando pensamos que já sabemos de todos os escândalos do Congresso Nacional, aí chega o Senado com novas denúncias.
Srs. deputados, sempre enfatizo uma velha frase, que mais do que nunca é necessária ser refletida nos dias de hoje: para que os maus governem, basta que os bons cruzem os braços.
Então, façamos ouvir a nossa voz pela ética, neste Parlamento, deste país.
Parabéns!
O SR. DEPUTADO JEAN KUHLMANN - Deputado Ismael dos Santos, mais triste do que ver um presidente do Senado dizer que a culpa não é sua, querer lavar as mãos de uma sujeira que acontece naquela Casa, simplesmente empurrar a culpa para os antecessores e não fazer nada para mudar, é ver um presidente passar a mão na cabeça do presidente do Senado dizendo que ele é uma pessoa acima de qualquer suspeita, uma pessoa que não pode ser questionada. Que país é este?
O Sr. Deputado José Natal - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO JEAN KUHLMANN - Pois não!
O Sr. Deputado José Natal - Deputado Jean Kuhlmann, volto a dizer, eu, quando a eleição se concretizou com o Sarney, assomei a esta tribuna e fiz o meu pronunciamento de repúdio ao retrocesso político deste país, de que as camadas de cabeças pensantes e inteligentes não estavam tendo oportunidade, de que aquilo era uma ação entre amigos. E não mudo de pensamento.
O Paulo Alceu, na sua coluna, hoje, retrata muito bem o que lamentavelmente o Senado Federal traz à sociedade brasileira querendo agora culpar quem foi nomeado - um fantasma, como diz o outro, pensando que quem nomeou foi a própria pessoa, e muitas outras coisas.
Agora, quero dizer que aquilo foi uma ação entre amigos. Aquilo é uma ação entre amigos, lamentavelmente. Por que tudo aconteceu, por que está vindo à tona? Porque o baixo clero, que ainda existe lá, eis que tem sido colocado lá por eles, foi alijado de muitas outras situações, e alguém do meio se rebelou e disse que chega. Provavelmente sentiu-se traído, sentiu-se enganado. Alguém, na ação entre amigos, foi traído e disse que agora iria trazer à tona já que tinha sido deixado para trás em tudo isso.
É com muita tristeza que estou dizendo isso como parlamentar. Eu não queria, pois sempre gostei de viver momentos diferentes em favor do país, em favor das pessoas. E o que estamos vendo agora é um retrocesso naquela buscada democracia, com o sangue de muita gente, de muita gente, que deixou a vida por algum canto deste país, as famílias, o seu ideal, para vivenciarmos a democracia brasileira, que está sendo colocada na vala comum, lamentavelmente, por um Sarney da vida, por um Temer da vida e tantos outros. Esse PMDB faz coisa! Não é o MDB!
O SR. DEPUTADO JEAN KUHLMANN - Deputado José Natal, aí eu volto ao meu pensamento inicial: o que o aposentado pode esperar de um presidente da República que no passado criticava o ex-presidente e que hoje, esse ex-presidente sendo o presidente do Senado, ele passa a mão na sua cabeça dizendo que é um cidadão intocável, um cidadão que não pode ser questionado?
Que país é este? Qual é a esperança, srs. parlamentares, que o trabalhador e o aposentado podem ter? E comecei a minha fala falando justamente de um artigo defendendo o aposentado brasileiro. Mas qual a esperança que o aposentado pode ter? Será que ele vai ter efetivamente um projeto de paridade no reajuste de salário aprovado? E o presidente Lula vai ser tão bonzinho e não vai vetar?
Se o Lula mudou tanto de ideia em relação ao Sarney, infelizmente, eu acho que ele também mudou de ideia com relação ao aposentado.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)