Pronunciamento

Silvio Dreveck - 065ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 13/08/2015
O SR. DEPUTADO SILVIO DREVECK - Sr. presidente e srs. deputados, quero compartilhar um pouco a preocupação do deputado Jean Leutprecht com relação a esse cancelamento da Fesporte.
São decisões como essa que afetam principalmente os atletas, as organizações, os municípios, a comunidade como um todo e isso é preocupante. Eu não tenho as informações precisas a respeito dessa tomada de decisão, mas, como v.exa. disse, queremos crer que não tenha partido do governador, mas da própria Fesporte, que vem passando por um período de turbulência, e essa talvez seja uma das razões que tenha partido para esse cancelamento.
De qualquer modo, cabe-nos procurar reverter esse processo, até porque se cria uma expectativa muito grande por parte dos organizadores, dos atletas que treinam o ano todo, e quando chega a hora da competição, ela não acontece. V.Exa. manifestou-se com razão, somos solidários à sua preocupação e estamos à disposição no sentido de ainda reverter isso. Se assim for possível, estaremos contribuindo neste sentido.
Por outro lado, sr. presidente, quero dizer que antes de ontem eu me manifestei a respeito do período em que o Brasil perdeu a oportunidade de fazer as reformas estruturais, de ser mais competitivo para enfrentar os desafios que ocorrem em ciclos.
Portanto, essa não foi a primeira crise e não será a última, mas, infelizmente, o Brasil não estava preparado para enfrentá-la. E, por conta disso, teremos dificuldade de superá-la, pelo ambiente econômico e, mais gravemente, pelo ambiente político que se instalou no Brasil, perdendo-se a credibilidade política, pelos envolvimentos na corrupção e também por algumas atitudes tomadas no próprio Congresso. E tudo isso efeito da gestão anterior da presidente Dilma Rousseff, que, antes da eleição, dizia que estava tudo bem, tudo ótimo e, passada a eleição veio o efeito daquilo que não se corrigiu no passado.
Mas quero relembrar um pouco o que defendíamos há dez anos, ou seja, que era oportuno que o Brasil fizesse a reforma política. E lamentavelmente, deputado Jean Leutprecht, a reforma política que o atual Congresso disse que fez, na verdade não a fez, lamentavelmente.
Várias manifestações ocorreram desde 2013, quando a população foi para a rua pedir um melhor serviço público, as reformas política e tributária. E na reforma política, lamentavelmente, repito, o que se buscou fazer foi, em outras palavras, atacar aquilo que é mais frágil, ou seja, acabar com a reeleição. Isso não vai mudar! A reeleição é um processo que permite uma avaliação da própria população. Se há aqueles que se utilizam do excesso do uso da máquina pública, há de se coibir. Agora, acabar com a reeleição, não vejo como uma solução para dizer que não vai haver mais envolvimento de recursos públicos ou privados em campanhas, ou, mais precisamente, o uso máquina pública. Aquele que quer praticar essa ação, vai fazer usando a máquina pública para eleger o seu sucessor.
Então, deputado Dirceu Dresch, não unificaram as eleições. E já falamos aqui que há convergências no Parlamento em Santa Catarina, em outros Parlamentos e na população de uma maneira geral. Não tiveram a coragem e, no meu modo de ver, o bom senso de unificar o calendário eleitoral. Para quem é bom isso? Uma eleição a cada dois anos, um gasto público e privado. Porque não é somente o gasto da campanha dos candidatos em si, mas é o do Poder Judiciário - pois todos os servidores que trabalham durante esse período têm um salário diferenciado -, são as despesas de publicidade, é o envolvimento da máquina pública no seu conjunto.
No período das eleições, a cada dois anos, praticamente não há realização de ações públicas, ou seja, de obras e outros serviços públicos, porque é proibido o repasse de recursos. Quando há eleição municipal, o município não pode fazer; quando há eleições estadual e federal, não se pode repassar.
Portanto, assume-se um mandato e no primeiro ano, o prefeito, o governador, o presidente da República vão passar organizando a sua casa, a gestão. No segundo ano, há eleição e não pode receber recurso, não se pode fazer convênios e para tudo! Vem o terceiro ano e começa a implementação de uma ação mais forte, mas já com a preocupação de que virá o quarto ano e que também não se poderá fazer mais nada, porque vai haver eleição novamente.
Não foram capazes de unificar esse calendário eleitoral. Eu lamento muito, em nome da população catarinense e brasileira, porque os anseios da população, infelizmente, não estão sendo ouvidos pelos nossos representantes. A população está insatisfeita porque a economia vai mal e o ambiente político é péssimo. E o que poderíamos fazer para demonstrar que somos capazes de fazer algo melhor para a população, pelo menos em algumas questões que há muito tempo estão sendo reivindicadas, estagnamos, para não dizer que estamos retrocedendo.
O Sr. Deputado Jean Leutprecht - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO SILVIO DREVECK - Pois não!
O Sr. Deputado Jean Leutprecht - Deputado Silvio Dreveck, na verdade, o senhor tocou num assunto que, neste momento, está muito em moda e, infelizmente, a classe política perdeu o grande momento de fazer a diferença.
O que está acontecendo, hoje, no Congresso Nacional na verdade é um grande engodo em relação à nossa população. V.Exa. levantou algumas questões bem pontuais que fariam a diferença, caso viessem a ser colocadas em prática nas próximas eleições, como a unificação das eleições, enfim, uma série de regras poderiam ser melhoradas. E foram colocados lá dois ou três pontos que não mudaram nada na prática.
Então, infelizmente, como eleitor e cidadão brasileiro, tenho certeza de que o nosso país sente-se envergonhado com a situação que foi criada, levantada e que atualmente ainda continua acontecendo no Congresso Nacional. E, principalmente os prefeitos, que são as pessoas que mais sentem lá na base, na pele mesmo, a dificuldade de eleições a cada dois anos. E essa modificação que acontece inviabiliza praticamente as administrações.
Este seria o momento de fazermos a diferença e, infelizmente, o Congresso Nacional não foi competente, ou inteligente, ou comprometido com a população brasileira, e isso é o estamos vendo, hoje.
Parabéns pelo seu pronunciamento! Eu acompanho a mesma linha de raciocínio.
Muito obrigado!
O SR. DEPUTADO SILVIO DREVECK - Muito obrigado deputado Jean Leutprecht. Incorporo a sua manifestação ao meu pronunciamento.
O Sr. Deputado Níkolas Reis - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO SILVIO DREVECK - Pois não!
O Sr. Deputado Níkolas Reis - Deputado Silvio Dreveck, dou este aparte para fazer coro à sua manifestação, com a qual concordo em todos os pontos. Penso que o fim da reeleição isoladamente não representa nada na reforma política e que os pontos centrais dela não foram atacados. Concordo que essa culpa é um pouco do governo, mas também atribuo a todos os partidos políticos com assento no Congresso Nacional, nas duas Casas.
Toda classe política brasileira tem responsabilidade com a reforma. O povo brasileiro ansiava por ela com uma expectativa muito grande e, infelizmente, o que se viu foi praticamente nada. Mas espero que continuemos, desta tribuna, destes microfones, cobrando dos nossos congressistas para que essa reforma saia do papel e dê uma resposta a todo povo brasileiro.
Parabéns a v.exa. pelo pronunciamento com o qual concordo na sua totalidade.
Muito obrigado!
O SR. DEPUTADO SILVIO DREVECK - Muito obrigado, deputado Níkolas Reis! Incorporo a sua manifestação ao meu pronunciamento.
Concluímos dizendo que perdemos duas oportunidades: as reformas estruturantes ainda no início do governo Lula, e agora essa reforma que dependia mais do Congresso que da presidente, no que diz respeito à reforma política, à reforma partidária. E, infelizmente, o Congresso não correspondeu aos anseios da sociedade.
Assim, como disse v.exa., vamos procurar incentivando, participando...
(Discurso interrompido por término do horário regimental.)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)