Pronunciamento

Marcos Vieira - 013ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 05/03/2015
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sr. presidente, sra. deputada, srs. deputados e catarinenses que acompanham esta sessão.
O Sr. Deputado Kennedy Nunes - V.Exa. me concede um aparte?
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Pois não!
O Sr. Deputado Kennedy Nunes - Deputado, gostaria de aproveitar o gancho do pronunciamento do deputado Dirceu Dresch, que disse que ninguém pode atirar a primeira pedra. E citou uma parábola de Jesus.
Somente para esclarecer a quem nos ouve, a história é a seguinte: uma mulher foi pega em flagrante delito, e havia uma lei que dizia que ela deveria morrer apedrejada. Foi aí Jesus disse: "Aquele que não tiver pecado, atire a primeira pedra". Neste momento todos foram embora. Jesus então falou: "Mulher, se ninguém te condenou, também não te condeno. Vai e não peca mais".
Isso é interessante. Mas agora há a lei, há quem foi pego em flagrante delito. Então, achar que é a mesma coisa, não é. Lá ninguém condenou, mas aqui o Brasil inteiro está condenando. Então, tem que ser aplicada a lei.
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Deputado Kennedy Nunes, além disso, estão repetindo a dose, porque primeiro foi o "mensalão" e agora é o "petrolão".
Quero iniciar a minha fala também pegando um gancho no discurso do deputado Dirceu Dresch, que se reportou à crise hídrica de São Paulo. Recordo-me de que na propaganda eleitoral da candidata Dilma Rousseff apareciam veladas críticas à administração de Geraldo Alckmin, no sentido de que não teria dado a devida atenção ao problema da falta de abastecimento d'água na Grande São Paulo. Contudo, o governo federal escondeu que além de São Paulo, também o Rio de Janeiro, Minas Gerais, o Mato Grosso e vários estados da federação brasileira tinham sérios problemas em relação à questão hídrica.
O que ficou claro com isso? Que o governo federal, infelizmente, virou as costas para o planejamento neste país, no sentido de fazer com que os problemas sejam detectados dez, 20 anos antes de ocorrerem. O governo é imediatista. Quando há um problema, destina recurso para resolvê-lo momentaneamente. Está aí o exemplo da paralisação dos caminhoneiros. Estava lógico que isso iria acontecer em algum momento. Onde estão os investimentos do governo federal em Santa Catarina? A BR-282, no trecho de Joaçaba a São Miguel d'Oeste, tem que ser duplicada. Mas em vez de duplicar, o governo federal faz constantes remendos, através do trabalho de empresas que às vezes não têm capacidade técnica para tampar um buraco. E aí o que faz? Aumenta o custo de manutenção do caminhão, aumenta os pedágios, aumenta o preço do óleo diesel e a casa cai. Ora, o caminhoneiro tem que reagir. E a reação vem em cadeia: o setor produtivo sofre muito e a população sofre no bolso.
Ontem os jornais noticiaram o aumento do preço do dólar. Desde 2004 o dólar não aumentava tanto neste país. O dólar turismo chegou a R$ 3,30. Quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a Presidência da República a inflação era de 80% ao ano; quando entregou a faixa a Lula, ela estava em apenas 7%. Doze anos depois, deveríamos estar com uma inflação em torno de 1% ou 2%, mas estamos com a mesma taxa do final do governo de FHC. Onde está o avanço na diminuição da inflação nesses últimos 12 anos no país? Não ocorreu! Infelizmente, não ocorreu!
Olha, lembram-se do que disse o homem que cuida do cofre no dia 19 de outubro do ano passado? Disse que quebraria a cara quem apostasse na alta do dólar. Passaram-se quatro meses somente e o dólar atingiu o maior valor desde 2004!
Tem mais! Vejam que planejamento é esse que o governo federal faz para o Brasil. Durante cinco anos o governo federal induziu as indústrias a produzirem a chamada linha branca e estimulou o trabalhador brasileiro a correr às lojas para comprar geladeira, ar-condicionado, lavadora de louça, de roupa, etc. Agora, contudo, pede ao mesmo trabalhador que desligue os aparelhos que comprou: o ar-condicionado, a lavadora de louça, a lavadora de roupa, o ferro de passa roupa para economizar na conta da energia elétrica.
Deputado Kennedy Nunes, não sei o que é isso! Estimula, estimula, estimula e depois corta. O seu João, o seu Pedro e a dona Maria que foram às lojas e compraram seus aparelhos elétricos, agora precisam desligá-los para economizar na conta de luz.
Sr. presidente, quero pegar mais um gancho no discurso do deputado Dirceu Dresch, que falou, ainda esta semana, da tribuna, sobre a falta de água nos lagos. A usina de Machadinho, em Piratuba, nunca produziu tanta energia como neste janeiro. O que faltou foi investimento em novas plantas de geração de energia. O que faltou foi investimento na construção de novas hidrelétricas. Não fizeram planejamento, são imediatistas, essa é a razão fundamental pela qual o povo brasileiro está sofrendo hoje.
De cada 50 brasileiros que comprou carro, deputado Kennedy Nunes, três já o estão devolvendo. Estão ocorrendo leilões diários para venda de 250 carros apreendidos por falta de pagamento aos bancos. Estimularam o trabalhador a comprar carro financiado, mas ele agora não tem mais condições de pagar. Com isso, o banco toma o veículo, que vai a leilão.
A mesma coisa acontece com as prefeituras municipais. Santa Catarina é um estado onde predomina o pequeno e o médio município. Há prefeitos que ganharam da administração federal três patrolas, mas não têm operador para as três, somente para uma. Com isso, duas ficam paradas! E mais, o prefeito diz assim: "Deputado, eu tenho três patrolas, mas não tenho dinheiro para custear o óleo diesel"! É claro, deputado Leonel Pavan, porque o FPM de janeiro diminuiu 25%; o de fevereiro, mais 8%; e o de março vai cair também.
Então, não estou aqui fazendo a crítica pela crítica. Estou dizendo que o Brasil merece um governo que planeje, deputada Luciane Carminatti, que o Brasil merece um governo que pense no futuro! Infelizmente, hoje o governo está descontentando todo mundo.
É verdade que o presidente Lula fez algumas coisas boas e uma delas foi justamente dar continuidade aos programas sociais implantados pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. Agora, a deputada Luciane Carminatti se esqueceu de dizer ontem que a presidente Dilma Rousseff tirou R$ 7 bilhões das universidades federais e que o resultado disso já está sendo sentido em Santa Catarina: os jornais noticiaram que antes da reabertura do ano letivo na UFSC, o crime já voltou ao campus. Quem entra no Hospital Universitário percebe o caos. Aliás, quem entra em qualquer HU deste país vê que a situação é de caos.
Eu quero, para completar o meu pronunciamento, dizer que não é uma questão de fazer crítica pela crítica. Trata-se de uma constatação. Infelizmente, o Brasil está doente. Não deram o remédio na hora certa, por isso estamos na situação em que nos encontramos.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)