Pronunciamento

Romildo Titon - 011ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 27/02/2014
O SR. DEPUTADO ROMILDO TITON - Meu caro deputado Padre Pedro Baldissera, que preside esta sessão neste momento, quero saudar a todos os meus colegas deputados e deputadas.
Faço uso da palavra neste instante talvez sob um dos olhares mais fixos da história de Santa Catarina daqueles que estão presentes na Assembleia Legislativa e também por aqueles que estão nos assistindo através da TVAL.
Fui investigado, ou seja, fui ouvido na minha intimidade particular por 16 meses. Algumas figuras escutavam todas as ligações que eu fazia e recebia. Fui seguido honrosamente pelo Gaeco por muitos meses. Fotografavam-me, ficavam do lado de fora quando estava em reunião. Além disso, devastaram tudo o que eu tinha na minha vida, todo o meu pronunciamento. Entraram nos meus apartamentos, nos meus escritórios regionais, políticos e da minha atividade particular, pois sou agricultor, com muita honra. Pouco respeitaram até a minha família, pois minha família teve que ficar de pijama todo o tempo esperando o Gaeco fazer a investigação.
Se não bastasse isso, noticiaram a todos os instantes na imprensa como um fato inédito no Brasil. Não bastasse isso, mandaram as gravações para a imprensa pela primeira vez dando uma prioridade nunca vista. O sr. Lio Marcos Marin virou mocinho da televisão, aparecendo com muita frequência nos meios de comunicação colocando a sua versão. Rechearam uma denúncia de achismos, de suposições. Não bastasse isso, afrontaram a Assembleia Legislativa no dia de ontem com o pedido de afastamento do presidente desta Casa. Não deu tempo de esquentar a cadeira, de fazer as mudanças que eu queria, mas tudo bem, estou há 35 anos exercendo mandato, nunca precisei disso e não é por isso que vou morrer.
Apenas quero dizer aos meus colegas, amigos, eleitores e ao povo catarinense que meus 35 anos de vida pública falam por mim, que estes cabelos brancos não aceitam essa imputação de bandido, que querem me dar e também me execrar em praça pública, mesmo antes de eu poder me defender.
Não tenho medo, deputado Kennedy Nunes, de investigação e quero ser investigado. Coloco aqui publicamente ao Poder Judiciário a quebra do meu sigilo bancário e da minha declaração de Imposto de Renda, que é o que falta. Não sei mais o que querem? Não sei aonde querem chegar sobre algo que alguém disse. Quem dos senhores não foi intermediário de recurso para os municípios? Ninguém pode negar que é o papel do parlamentar ser o interlocutor entre o município e o governo. Agora, alguém dos senhores tem culpa se lá na ponta alguma administração municipal fez algum ato ilícito? Algum dos senhores tem como chegar a intervir numa licitação de uma prefeitura? Em um contrato? Direcionar licitação? Mesmo nos municípios de seus piores adversários, como aconteceu comigo, em prefeitura que eu nunca entrei!
Eu desafio o Ministério Público, já fiz isso publicamente e faço novamente. É fácil os senhores da imprensa, que com muita facilidade fazem uma grande incriminação sobre a minha pessoa, buscar as licitações que foram denunciadas e ver a origem do dinheiro. De onde veio? Quem foi que arrumou? Quem foi que viabilizou? É fácil fazer essa investigação. Eu ainda não tive o direito, o momento de fazer a minha defesa. Em noventa e nove por cento dos casos, e na semana que vem talvez eu possa dizer 100%, porque ainda não cheguei em toda a documentação, não são recursos que este deputado intermediou. Não sei aonde querem chegar?
Eu não sei, procurador Lio Marin, do que você tem tanto medo? Do que vocês têm tanto receio? É estranho num momento como este, em que a Assembleia Legislativa está embalada pelas denúncias feitas pelo deputado Jailson Lima e que está tentando buscar assinaturas para uma CPI para investigar o Ministério Público, a presença do senhor Lio Marin aqui fazendo via sacra nos gabinetes. São surpreendentes as jantas feitas pelas grandes lideranças do estado tentando pressionar as suas bancadas para que não assinem essa CPI. Eu não tenho medo de ser investigado. E do que o Ministério Público tem medo?
Coitado de um prefeito, deputado Jailson Lima, que fizer uma dispensa de licitação de uma compra ou de qualquer aquisição num valor de R$ 15 mil. O Gaeco está em cima e o Ministério Público já quer por na cadeia.
Agora, o Ministério Público compra um terreno com suposto prédio, de uma suposta construção, por R$ 123 milhões, paga R$ 30 milhões adiantado, dispensam a licitação e pressiona de toda forma para não ser investigado. Onde nós estamos?
Não querem mostrar os salários, eu mostro a minha folha de pagamento.
Eu mostro de onde vêm os recursos que ganho, o meu salário, os meus benefícios que tenho aqui. Não tenho medo. Agora, eles não querem mostrar os salários absurdos que ultrapassam longe o teto de R$ 25 mil. É assustador!
Queria dizer aos meus colegas que hoje eu sou a vítima. Não vou falar muito porque preciso esperar o meu advogado fazer as ações. Mas diria o seguinte: hoje é comigo, amanhã pode ser com um de vocês. E tenho certeza de que eles não terão dó nem piedade. Por isso, aqueles que estão correndo de assinar uma CPI, não esqueçam que pimenta no olho dos outros é refresco. Não estou aqui pedindo para ninguém assinar, cada um deve fazer o que bem entender. Eu sou responsável pelo meu mandato, cada um é responsável pelo seu, mas diria o seguinte: tiraram-me da Presidência, mas não me tiraram da Tribuna!
Você, deputado Jailson Lima, terá um parceiro aqui a partir de hoje, livre, leve e solto para falar aquilo que eu bem entender, da forma que penso. Agora, mais do que nunca, com coragem, porque um homem público quando passa pelo que estou passando, por uma execração em praça pública, condenando-me antes mesmo de ser apreciada a denúncia pelo Tribunal de Justiça, depois de passar por tudo isso, meu caro deputado Aldo Schneider, a gente não tem mais medo de nada. Sempre fui um homem de coragem, de fé, e desafio o Ministério Público a provar muitas coisas que estão dizendo.
Eu já falei aos órgãos da imprensa, não preciso repetir, srs. deputados, quem dos senhores sobreviveria há 16 meses de grampo? É uma pergunta que deixo. Considero-me um homem feliz pois por 16 meses escutaram tudo o que eu falava publicamente e na minha intimidade, e sair dessa forma que estou. Estou aqui de cabeça erguida e tranquila. O sr. Lio Marin achou que ia me enfiar dentro de um quarto, que eu ficar em casa, enganou-se. E quero dizer que, se quiseram mandar um recado para esta Assembleia, pegaram a pessoa errada. Não sou frouxo, não tenho medo deles.
(Palmas das galerias)
Gostaria de dizer, ainda, que vamos enfrentar o que vier, seja na Presidência desta Casa ou aqui, desta tribuna. Tiraram-me a Presidência, mas desta tribuna, que o povo me deu, eles não vão me tirar. É uma pena que a todos os casos não seja dada a mesma rapidez que foi dada ao meu.
Lembro-me de um dos episódios que aconteceram, deputado Padre Pedro Baldissera, como operações do Gaeco, desses homens que se dizem os donos da moralidade pública, inclusive, de algumas que rodearam a minha região, inclusive de uma chamada Bola de Neve, que envolveu um monte de prefeitos, funcionários públicos e até o irmão do seu Lio, e para a qual não foi dada a mesma celeridade na divulgação. A imprensa queria fazer de conta que não se tratava do irmão do procurador. Não divulgaram nada. Ficou tudo escondidinho.
E a investigação Fundo do Poço rodeou lá por Anita Garibaldi, mas não chegou. Foi tudo ao redor. Não sei se é coincidência. Quem sou eu para falar? Mas as más línguas falam. E se é para condenar os outros pelo achismo, pela suposição, então nós também podemos começar a fazer.
Muito obrigado pela atenção, srs. deputados, vim aqui para dizer que estou de peito aberto, de cabeça erguida, não devo nada e se devesse não seria louco de ter assumido essa cadeira expondo os meus colegas e o meu partido. Vai custar um pouco para sair, mas tenho certeza de que vou sair muito melhor do que entrei.
Muito obrigado!
(Palmas)
(SEM REVISÃO DO ORADOR)