Pronunciamento

Marcos Vieira - 012ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 04/03/2015
O SR. DEPUTADO MARCOS VIEIRA - Sr. presidente, sras. deputadas e sr. deputados, telespectadores da TVAL, ouvintes da Rádio Alesc Digital, pessoas que visitam esta Casa no dia de hoje.
Não poderia deixar, sr. presidente, de retornar a esta tribuna para continuar tratando de um assunto que ainda é recorrente por parte da imprensa nacional e internacional e que se refere à situação em que nos encontramos atualmente.
Quero iniciar minha fala dizendo a v.exas. que, ao ler um jornal de importância extraordinária em Santa Catarina, fiquei estarrecido. Por isso fiz questão de trazer essa matéria e apresentar aos nobres colegas o que está estampado na capa desse jornal. As manchetes são as seguintes: "Luz aumenta 34% em média nas residências". "Prateleiras vazias". "Cresce a tensão nas estradas". "Confira as rodovias bloqueadas".
Se colocarmos as nossas cabeças a funcionar e a puxarmos as imagens que vemos quase que diariamente nas televisões do Brasil inteiro, com certeza absoluta são imagens que as grandes televisões mostram como cenas que ocorrem na Venezuela. Assim, esta capa de jornal poderia ser do Diário Venezuelano. Mas não é, deputado Antônio Aguiar! Trata-se das manchetes de capa do Diário Catarinense! O que se via na televisão sobre a Venezuela, agora está-se vendo com relação ao Brasil.
Sr. presidente, fiz um levantamento daquilo que temos de semelhante à Venezuela. O Brasil e a Venezuela vêm tendo aumentos constantes da inflação! O Brasil e a Venezuela vêm aumentando seu endividamento, sua dívida pública! O Brasil e a Venezuela têm suas empresas estatais petrolíferas com as maiores dívidas do mundo inteiro! O Brasil e a Venezuela vêm assistindo a grandes protestos de rua! O Brasil e a Venezuela têm convivido com confrontos com a polícia! A população brasileira, assim como a venezuelana, vem sofrendo com a falta de produtos nos supermercados! O Brasil e a Venezuela têm aumento de preços generalizados! Além disso, os presidentes dos dois países, Nicolás Maduro e Dilma Rousseff, vivem à sombra dos seus antecessores e, o que é pior, os dois têm uma simpatia muito grande e ajudam constantemente Cuba. Tanto é verdade o que estou dizendo que recentemente Cuba inaugurou um dos mais modernos portos do mundo com um custo de R$ 800 milhões, pagos, pasmem, pelo BNDES!
Os tarifaços aplicados contra a população brasileira após a eleição presidencial estão custando caro para o bolso do trabalhador, as mentiras pregadas durante o último pleito caíram rapidamente por terra. Em dezembro tivemos 12% de aumento da energia residencial; em março, mais 34% e, segundo dizem, em junho serão mais 10%! No que se refere à energia para a indústria e para o comércio, em dezembro do ano passado o aumento foi de 6% de aumento; este mês, de 43,6% e ainda pode vir outro tarifaço!
Com relação aos encargos sobre a folha de pagamento, alardeou-se por este Brasil afora que o governo federal havia reduzido a alíquota para 1% a fim de desonerar a indústria, pretendendo com isso incrementar ou manter o nível de emprego. Estimulou-se a fabricação da chamada linha branca. A população brasileira acorreu ao comércio para comprar geladeira, fogão, televisão, ar-condicionado... E o que fez o governo federal? O ministro da Fazenda, Joaquim Levi, ainda nesta semana disse o seguinte: "Você aplicou um negócio que era muito grosseiro. O problema é que essa brincadeira nos custa 25 bilhões por ano" [sic]. A presidente Dilma, por seu turno, de imediato desautorizou o seu ministro, dizendo o seguinte: "Eu acredito que a desoneração da folha ela foi importantíssima. Acho que o ministro foi infeliz no uso do adjetivo" [sic].
Mas, pasmem novamente, catarinenses, na sexta-feira passada, sorrateiramente, a presidente assinou uma medida provisória aumentando o imposto sobre a folha em 150%. Não sou eu que estou dizendo, quem disse foi o próprio presidente do Senado, que devolveu a MP por considerá-la inconstitucional.
O jornal Folha de S.Paulo estampou a seguinte manchete: "Dilma sobe tributo em 150%, e empresas preveem demissões". E é verdade! As empresas preveem demissões, elas, inclusive, já estão ocorrendo! O maior problema para um trabalhador brasileiro hoje, deputado Ismael dos Santos, é o medo de perder o emprego. Não é nem de conseguir um emprego melhor ou um emprego para alguém da família. O seu medo é de perder o seu emprego.
Em meio à maior crise brasileira dos últimos tempos, com protestos, bloqueios de rodovias e insatisfações para todos os lados, o governo da presidente Dilma Rousseff resolveu aumentar o imposto sobre a folha de pagamento, acertando em cheio os empregos que já estão na pior e a renda do nosso trabalhador. As montadoras de veículos já fecharam 12 mil vagas no Brasil. O setor têxtil, deputado Leonel Pavan, já fechou 112 mil vagas no país. A construção civil eliminou nada mais nada menos do que 34 mil vagas.
Hoje, quando participava da reunião da comissão de Finanças e Tributação, o deputado Darci de Matos alertou que a Embraco, a poderosa Embraco, de Joinville, líder mundial na fabricação de compressores para geladeiras - o que para nós, catarinenses, é um orgulho muito grande, pois de quatro geladeiras vendidas no mundo inteiro, uma tem motor fabricado em Santa Catarina -, está dando férias para seus empregados.
O deputado Kennedy Nunes, também de Joinville, informou que a Schultz está amargando um prejuízo de R$ 18 milhões/dia. O deputado José Milton Scheffer, do sul catarinense, comentou o problema da pirataria, pois ontem uma emissora de televisão transmitiu, em nível nacional, reportagem mostrando que o lucro com o contrabando de cigarro no Brasil já é maior do que aquele decorrente do tráfico de drogas! Aonde chegamos! É mais lucrativo trazer cigarro do Paraguai e vender no Brasil do traficar drogas.
Vejam o combustível: subiu quase 30%. Os caminhoneiros não aguentam mais! O IOF, Imposto sobre Operações Financeiras, subiu de 1,5% para 3%, aumentando o custo do financiamento em mais de 10%.
Deputado Patrício Destro, deputado Natalino Lázare, o brasileiro que comprou a casa própria com financiamento está devolvendo seu imóvel. Mais de quatro mil imóveis são devolvidos aos bancos por mês, porque os mutuários não têm mais condições de pagar os financiamentos contraídos. Sem falar da alíquota de reajuste do imposto de renda a ser devolvido, que não foi aumentada, e do endividamento do governo federal e das empresas privadas no Brasil. O endividamento externo das empresas privadas brasileiras dobrou em cinco anos.
O prefeito de uma das maiores cidades de Santa Catarina me ligou e disse, deputado Dr. Vicente Caropreso, que o Fundo de Participação dos Municípios, o FPM, baixou, no mês de janeiro, mais de 25%, em fevereiro, mais de 8%. Aonde vamos parar com tudo isso?
Ao povo brasileiro só resta dizer que a carga está pesada demais, pesada demais!
Muito obrigado.
(SEM REVISÃO DO ORADOR)