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Biografia de Marcelino Antônio Dutra

Dependências do Quartel da Polícia Militar

Marcelino Antônio Dutra (Desterro, atual Florianópolis, 19 de julho de 1809 – Desterro, 13 de julho de 1869). Professor, promotor público, poeta, jornalista polemista e político brasileiro.

Filho de Alferes Manoel Garcia Dutra e de Joaquina Maria da Conceição. Avós paternos: Manoel Dutra Fialho, natural da Ilha do Pico – freguesia de São Mateus, e Joana Maria de Freitas, natural da Ilha da Madeira – freguesia de São Vicente; avós maternos: Francisco Antônio Correia e Francisca Rosa Joaquina, ambos naturais da Ilha do Faial, ele da freguesia da Feteira e ela da freguesia de Nossa Senhora do Rosário.

Casou-se com Florinda Cândida de Freitas a 16 de agosto de 1840, após dedicar-lhe férvidos versos, da união nasceram dois filhos, Ovídio Antônio Dutra (1943 – 1877) funcionário público e político e Marcelino Antônio Dutra Filho. Marcelino deixou também dois filhos fora do casamento: Juvêncio e Antônio Reis Dutra (1835 – 1911). Ambos poetas.

Autodidata, ao concluir os estudos primários exerceu o cargo de Escrivão do Juizado de Paz de sua terra natal. Foi nomeado mestre-escola a 12 de setembro de 1832, na “Escola Modelo”, criada no Desterro pela Lei n. 136, de 14/4/1840, conforme assinalou o Presidente da Província na Fala inaugural dos trabalhos da Assembleia Legislativa em 1944; e, em reconhecimento dos seus méritos, o Marechal Antero Ferreira de Brito transferiu-o para a “Primeira Escola Pública” da Capital, com o ordenado anual de Rs. 600$000, duplo do que percebia no Ribeirão. De 1837 a 1838 voltou ao cargo de Escrivão.

Filiado ao Partido Liberal, apelidado em Desterro “Partido dos Judeus”, chefiado por Jerônimo Coelho. Foi deputado à Assembleia Legislativa Provincial na 5ª Legislatura (1844-45), na 6ª Legislatura (1846-47), na 9ª Legislatura (1852-53) foi suplente convocado a Deputado Provincial. Voltou a ser Deputado Provincial na 10º Legislatura (1854-55) e 11ª Legislatura (1856-57). Em 1856 foi 1º Secretário da Assembleia Legislativa e em 1857 assumiu a Presidência da Assembleia Provincial. Deputado Provincial à 13ª Legislatura (1860-61) ocupou a Vice-Presidência da Assembleia em 1860-61, e Deputado Provincial à 14ª Legislatura (1862-63), foi Presidente da Assembleia em 1862. Como Suplente convocado, foi Deputado Provincial à 16ª Legislatura (1866-67). Concomitantemente foi Promotor Público de São José (1853), Vereador da Câmara do Desterro (1856), Promotor Público da Capital (1858-68) e Procurador Fiscal da Diretoria da Fazenda Provincial (1868).

Foi o primeiro a reconhecer, de público, o talento poético de Luís Delfino, que juvenilmente versejava sob o influxo do lirismo romântico então dominante.

Em 1860 presidiu a Sociedade Recreio Carnavalesco e foi diretor do Club Catarinense, em 8 de setembro de 1862 foi aclamado presidente de uma sociedade literário fundada nas dependências da Assembleia Provincial.

Jornalista, suas obras literárias estão dispostas nos jornais da época, exceção de seu poema mais conhecido denominado Assembleia das Aves, editado em 1847, no Rio de Janeiro, e reimpressa em 2ª edição em 1921, em Florianópolis, por iniciativa da Sociedade Catarinense de Letras. Este poema está relacionado à campanha política de 1847, nas quais ridicularizava os políticos do Partido Conservador, que no Desterro era apelidado (Partido Cristão) e que representava a burguesia comercial local e os clérigos, sendo seu líder Arcipreste Paiva. Para entender melhor o poemeto timbre de Marcelino, Cisne era Jerônimo Coelho, Quero-Quero Arcipreste Joaquim Gomes de Oliveira e Paiva e Aves deputados e políticos.

Marcelino era figura pitoresca, costumava chegar de canoa ao trapiche que dava acesso ao mercado público municipal, trazendo hortaliças diversas que cultivava no Ribeirão da Ilha. Ali descarregava a canoa, e rumava para a Assembleia onde se tornava ardoroso combatente. Procurou desenvolver a cultura de algodão no Ribeirão, chegando alcançar, em 1867, uma medalha de prata na Exposição Nacional.

Os adversários o apelidaram “Poeta do Brejo”. Foram famosas as suas poesias satíricas publicadas nos jornais da cidade e suas polêmicas com o Arcipreste Paiva. Como escritor e poeta usou diversos pseudônimos: Inhato-Mirim, Gil Fabiano, Poeta do Brejo (ou P. do B.) além da sigla M.A.D.

Aos que tentaram ridicularizá-lo a resposta vinha de forma definitiva: “É porque tudo deve ter seu préstimo, quis Deus que aos tolos, não prestando para amigos, nos fossem úteis como adversários.”

Marcelino Antônio Dutra é patrono da cadeira 34 da Academia Catarinense de Letras.

Administrador do primeiro cemitério público de Florianópolis, situado na cabeceira da Ponte Hercílio Luz, ao lado do primeiro cemitério alemão, criou vários epitáfios, dentre eles seu próprio:

Aqui jaz
Marcelino Antônio Dutra
Que mil e poucos registrou
E que, no final
Também entrou.
Afinal, não foi enterrado lá, e sim na sua terra natal, o distrito de Ribeirão da Ilha.

Bibliografia

CABRAL, Oswaldo Rodrigues. Breve notícia sobre o poder legislativo de Santa Catarina: suas legislaturas e seus legisladores: de 1835 a 1974. Florianópolis: Lunardelli, (1975). 99p.
CABRAL, Oswaldo Rodrigues. A história da política em Santa Catarina durante o Império/ Org. Sara Regina Poyares dos Reis. Florianópolis: Ed. Da UFSC, 2004. V. 4
DUTRA, Marcelino Antônio. Assembleia das Aves e outros poemas/ org. e atual. Ortográfica Lauro Junkes. Florianópolis: Nova Letra; Academia Catarinense de letras; Associação Catarinense de imprensa, 2006. 124p.
FLORES, Altino. Sondagens literárias. Florianópolis: EDEME, 1973. 82p.

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